A multinacional gaúcha Gerdau (GGBR4) melhorou seus resultados no 3T24 em relação ao anterior. Isso graças aos resultados materialmente mais fortes no Brasil, parcialmente compensados pelo desempenho mais fraco nos Estados Unidos. Apresentou um Ebitda ajustado de R$ 3,0 bilhões (alta de 9% no trimestre e retração de 10% em base anual), 7% acima do consenso.
No Brasil, a margem Ebitda atingiu 16,9%, o maior nível desde o 3T22, beneficiada por uma combinação de custos mais baixos, maiores volumes e preços mais fortes. Na América do Norte, a margem Ebitda da divisão caiu frente ao trimestre anterior (3,8 pp, para 17,4%, em linha com a nossa projeção) em função de custos mais altos e volumes ligeiramente menores, enquanto a realização de preços subiu no trimestre.
Na visão dos analistas da Ágora, apesar do Ebitda ter vindo melhor que o esperado e ter sido bem recebido pelo mercado, os investidores podem buscar mais visibilidade sobre a perspectiva de lucratividade nos Estados Unidos; e o tom da gestão sobre os retornos de caixa. “Reiteramos nossa recomendação de Compra para as ações da Gerdau (Top Pick no setor), com as ações sendo negociadas a um atraente múltiplo EV/Ebitda de 3,2x para 2025”, afirmam.
Ações da Gerdau (GGBR4)
Para a Genial, os principais gatilhos para a valorização das ações da Gerdau identificados são:
- A execução do plano de redução de custos fixos, incluindo a hibernação das usinas de Barão dos Cocais (MG) e Maracanaú (CE), com potencial de gerar um acréscimo de +R$1b no EBITDA projetado para 2025, e
- a recuperação da demanda nos EUA, estimulada pela redução das taxas de juros pelo FED, o que deve favorecer a operação na América do Norte. Com a concretização desses fatores, “acreditamos que as ações da Gerdau tendem a se aproximar de um valor mais justo ao longo de 2025”.
Os analistas da genial defendem a empresa, pois segundo eles, muitos investidores parecem não dar os devidos créditos aos esforços operacionais e ao plano de corte de custos.
“Sabemos das dificuldades implícitas ao mercado de aço no Brasil. Porém, acreditamos que existe uma melhora potencial de nível relevante de margem da ON Brasil que certamente não está precificada pelo mercado. Entendemos o ceticismo por parte dos investidores, que preferem esperar até sinalizações mais claras sobre a execução do corte de custos fazer efeito real e trazer o nível de Ebitda incremental que a companhia diz que conseguirá atingir.”
Eles avaliam que o resultado do 3T24 já mostrou uma redução substancial no COGS/t nas operações brasileiras, o que nos indica que a possibilidade é material no atingimento dos +R$1b adicionais em 2025.
“Tão logo, recomendamos a montagem de posições compradas nas ações, diante dessa assimetria de preços vs. a capacidade de execução que está se desdobrando. O valuation atrativo é ratificado por um EV/Ebitda de 3x (vs. média histórica de 5x). Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de compra, com um Target Price 12M de R$23,40, o que reflete um upside de +28,50%”.
A parte boa
Segundo os analistas do BTG Pactual, apesar das preocupações com uma desaceleração nos EUA, a Gerdau (GGBR4) apresentou resultados decentes na região, mesmo com preços menores (1% abaixo da previsão).
E mais, outro ponto positivo é que o fluxo de caixa para o acionista do trimestre ficou bem acima das expectativas, em R$ 1,2 bilhão (yield anualizado de 12,5%), com a alavancagem caindo ainda mais (agora em apenas 0,3x Div. Liquida/EBITDA).
“A empresa informou que tem sido firme na execução da recompra (~40 milhões de ações; 2% do valor de mercado), que esperamos acelerar dada a posição subalavancada da empresa. A Gerdau continua sendo nossa principal escolha no setor de mineração & siderurgia e esperamos uma reação positiva a esses números” , diz o relatório do BTG.
Os analistas também acreditam que a empresa superou claramente as expectativas em termos de rentabilidade no Brasil, com as margens Ebitda recuperando de níveis muito baixos de 8-10% para 17%.
“A realidade é que a Gerdau já está trabalhando em uma série de medidas de redução de custos (que já estão apresentando resultados significativos) para restaurar os níveis de rentabilidade. Nos EUA, os resultados permanecem em um nível elevado (embora em normalização), com spreads de metal saudáveis e uma perspectiva resiliente para demanda”, comentam os analistas
Os EUA são agora responsáveis por uma parte significativa da geração de Ebitda, e a empresa continua sendo negociada como uma empresa “puramente brasileira” (os pares dos EUA negociam a 6-8x o Ebitda, enquanto a Gerdau negocia perto de 4x) – uma diferença de múltiplo injustificada.
Eles veem, em resumo, o risco de queda de preços/piora de resultados muito limitado para as ações nos níveis atuais e esperamos uma continuidade do bom momento operacional. As ações estão sendo negociadas abaixo de 4x EBITDA 25, com yields de fluxo de caixa próximos de 9-10%.
A XP Investimentos destaca os seguintes detalhes do 3T da Gerdau:
- Um desempenho forte na divisão do Brasil, com margens de 16,9% (+8 p.p. T/T), refletindo volumes de vendas mais altos (+9% T/T), enquanto o CPV/t caiu 8% T/T;
- margens de EBITDA mais fracas na América do Norte (-4 p.p. T/T), afetadas por um menor volume de vendas (-1% T/T), preços mais baixos (-US$50/t T/T) e CPV/t estável T/T em USD; e
- dividendos de R$0,30 por ação (dividend yield anualizado de 6,6%) a serem pagos em 16 de dezembro. “Reiteramos nossa recomendação de Compra para a Gerdau”.
Entretanto, todos os olhos permanecem voltados para as margens da América do Norte (em meio a preços mais baixos e custos pressionados), que se mostraram uma surpresa positiva nos resultados (com CPV/ton em USD estável). “Dito isso, reiteramos nossa visão positiva sobre a Gerdau, com a empresa sendo negociada a um nível de avaliação assimétrico (e descontado) de ~4x EV/Ebitda para 2025E.”
Resiliência na adversidade
Para a Empiricus a Gerdau está demonstrando resiliência em um cenário adverso. Com operações robustas também na América do Norte e América Latina, a empresa diversificou sua atuação para além do setor de construção e infraestrutura, incluindo produção para veículos e energia eólica, através de seus aços especiais.
“Essa estratégia tem sido fundamental para sustentar seus resultados, especialmente com as plantas norte-americanas compensando o desempenho mais fraco no Brasil.
A operação brasileira, no entanto, tem enfrentado desafios. A desaceleração nos pedidos internos e a competição com o aço chinês, que chega ao mercado brasileiro a preços extremamente baixos, têm pressionado a margem de lucro. Mesmo assim, a Gerdau conseguiu se manter competitiva, graças à sua disciplina em gestão de custos e alocação de capital.”
Recordar é viver
A Empiricus ressalta que o grande divisor de águas para a Gerdau (GGBR4) ocorreu em 2018, quando Gustavo Werneck assumiu o cargo de CEO, marcando o fim de uma era de mais de cem anos sob o comando direto da família. “Sua liderança trouxe uma visão focada em rentabilidade e redução de dívidas, o que tem sido fundamental para manter uma empresa eficiente em um setor cada vez mais desafiadoras.”
Conforme a análise da Empiricus, essa mudança de gestão permite à Gerdau não apenas manter margens resilientes, mas também continuar gerando caixa e distribuindo dividendos generosos aos seus acionistas. “Com rendimentos próximos de 10% e recomendações previstas para os próximos anos, a companhia ainda oferece avaliação atraente, com múltiplos baixos de 4x EV/Ebitda.”
Investidor day da Gerdau (GGBR4)
O BTG Pactual participou do Investor Day da Gerdau, onde as observações iniciais do CEO Gustavo Werneck, se destacaram: “Não há balas de prata para mudar a sorte do setor no curto prazo, mas continuaremos nossa busca incansável por cada centavo”.
Conforme os analistas do BTG, a frase capta com precisão o tom do evento, destacando os desafios do excesso de capacidade no curto prazo e os riscos de importação predatória no Brasil (principalmente ligados à China). No entanto, a empresa continua focada no que pode controlar – corte de custos e ganhos de eficiência.
“Estamos animados com o progresso do programa de corte de custos da Gerdau em sua unidade brasileira, visando R$1 bilhão/ano, que já está bem encaminhado (projetamos que as margens Ebitda atinjam 15% já neste trimestre). Embora a rentabilidade nos EUA esteja passando por uma desaceleração, com as margens EBITDA devendo ficar abaixo de 20%, a administração mantém uma visão estruturalmente positiva sobre o negócio.”
No entanto, segundo o BTG, a ação não reflete totalmente sua exposição substancial à região, com seus principais pares negociando a índices de Ebitda entre 6-8x, enquanto a Gerdau negocia a apenas 4x. “A Gerdau continua sendo nossa top pick no setor de Mineração & Siderurgia, e esperamos que o retorno de caixa atinja potencialmente 9-10% até o final do ano.”
Usina de Araçariguama
Sobre o Investidor Day, a Genial também participou e no segundo dia do evento seus analistas visitaram a usina de Araçariguama (SP), que possui uma aciaria de 900Ktpa, utilizando forno elétrico a arco (EAF), através de infusão da sucata como insumo de carga metálica. A capacidade de laminação é de 550Ktpa.
A usina possui ~400 colaboradores próprios, mais 100 funcionários terceirizados, e funciona em 3 turnos de segunda a sábado e com 2 turnos aos domingos. O Shredder é o equipamento para realizar o processamento, separação e corte da sucata metálica para que a mesma possa entrar no forno da aciaria, o de Araçariguama (SP) é o segundo maior do mundo, com capacidade de processar 500Ktpa de sucata, vindas de um pátio que recebe mais de 1Mtpa do insumo reciclado de diferentes fornecedores decentralizados (ferro velho, indústria, pequenos coletores de sucata e etc).
Para o BB Investimentos, o Investidor Day deixou os analistas otimistas. “Nossa visão positiva sobre a companhia foi reforçada, já que seu foco em redução de custos e busca por maior eficiência e produtividade devem continuar se traduzindo na entrega de uma rentabilidade satisfatória diante dos desafios enfrentados pela siderurgia brasileira com a forte competição de aço importado, embora este continue sendo um importante ponto de atenção para a indústria.”
Além disso, os analistas do BB, destacam também as estratégias claras de crescimento para os próximos anos da Gerdau, visando manter sua relevância em seus mercados de atuação e no processo de descarbonização da cadeia produtiva.
“Aproveitamos a ocasião para revisarmos nosso modelo financeiro, incorporando as novas estimativas divulgadas pela empresa, bem como os resultados recentes, e apresentamos o novo preço-alvo 2025e de R$ 24,00 (antes R$ 23,00), para Gerdau (GGBR4). Além do potencial de valorização da ação, entendemos que a tese de investimento da companhia continua atrativa em uma visão de longo prazo, motivo pelo qual mantemos a recomendação de Compra.”
Saiba mais sobre os alvos conforme o consenso para a Gerdau (GGBR4) e outras empresas do setor acessando o Clube Acionista pelas Carteiras Recomendadas por aqui.