O cenário global está cada vez mais volátil. Como exemplo recente tivemos a queda das bolsas nessa semana (05/08) em países de vários continentes, incluindo o Brasil. Os riscos e as incertezas geopolíticas globais representam desafios que demandam cautela as empresas e seus investidores

As relações comerciais de longo prazo estão sujeitas as dinâmicas da geopolítica com incertezas que podem impactar negócios e seus projetos, incluindo os investimentos ESG. Com base nesse horizonte, especialistas fazem previsões para o segundo semestre desse ano com dicas e recomendações que merecem nossa atenção

Estudos já mostraram que aumento dos riscos geopolíticos globais afetam negativamente o valor e o desempenho financeiro das empresas por vários fatores: instabilidade e interrupções nas cadeias de suprimentos, financiamento elevados, sanções econômicas, entre outros. São riscos que afetam a reputação e as operações das empresas. Como exemplo, uma guerra geoeconômica pode interromper os fluxos de comércio e de investimentos, causar insegurança jurídica e principalmente dilemas éticos para as organizações que porventura estejam operando em locais ou regiões próximas a esses eventos.    

E dentro do contexto atual que nos encontramos com todas essas incertezas geopolíticas, as gestoras de ativos optam por realizar pesquisas que possam ajudar no entendimento e na preparação frente aos riscos que possam surgir desse horizonte.

A Natixis Investment Managers é uma dessas gestoras com sede em Paris e Boston, e também a segunda maior gestora de ativos francês. Ela realizou uma pesquisa com 30 estrategistas de mercado sobre riscos macros e oportunidades de mercado para o segundo semestre de 2024. Portanto é uma pesquisa fresquinha que acaba de sair do forno para nosso conhecimento e análise.

Dentre os apontamentos apresentados, dois deles chamaram a atenção. Um pela unanimidade, e outro por ser apontado por mais da metade dos pesquisados.

  • O primeiro: todos, sem exceção, acreditam que a política continuará a desempenhar um papel decisivo no mercado de riscos e oportunidades de investimentos.
  • E o segundo apontamento, mais da metade dos pesquisados ​​acredita que os investidores impulsionarão cada vez a demanda por fundos sustentáveis ​​nos próximos dois a cinco anos.

A pesquisa apontou que “Com o investimento sustentável no centro do acalorado debate político, 57% dos estrategistas acreditam que as regulamentações relacionadas a esses investimentos ficarão mais fortes”. A pesquisa ainda trouxe outros pontos interessantes:

  • 60% dos entrevistados acreditam que o investimento de impacto continuará em expansão
  • 67% apontaram que a maior área de oportunidade estará nos relatórios de dados, com a previsão de que nos próximos 5 anos haverá uma fusão entre provedores de pontuação ESG.
  • Houve divisão no quesito impulsionadores da mudança com 43% apontando ser fruto do engajamento, e outros 43% apontando ser resultado da ascensão de líderes.
  • Para esses estrategistas, a eleição dos EUA (o maior PIB do mundo), as incertezas da geopolítica global, e os gastos dos consumidores são os principais fatores observados para impacto dos riscos macros e oportunidades deste segundo semestre de 2024.

Ainda dentro do contexto dos riscos da geopolítica para as organizações e para o ESG, a Diretora de Conteúdo ESG da Thomson Reuters Institute, Natalie Runyon, em artigo publicado nessa semana (06/08) apontou 3 pontos relevantes a ser observado pelos profissionais que trabalham com risco e conformidade ESG:

  • 1) Informe-se sobre riscos geopolíticos;
  • 2) Prepare-se para mudanças regulatórias e incertezas;  
  • 3) Incorpore riscos geopolíticos no planejamento de sustentabilidade.

E para encerrar as previsões dos especialistas destaco a afirmação de Stuart Kirk, ex-jornalista do Financial Times e head de Investimentos Responsáveis do HSBC sobre a parte de riscos materiais se padronizar com os critérios ESG nas avaliações, quando diz “Riscos climáticos, por exemplo, já estão afetando o valor de empresas não só no ramo de energia, mas de agronegócio e transportes”. Com base nessas previsões, podemos concluir que para os investidores de longo prazo investir em energia renovável por exemplo, fará todo sentido pela janela de oportunidade que se vislumbra no horizonte.  

Mas o que importa e a lição que fica, é que todas as ações ESG (se padronizadas aos riscos e/ou ao propósito da organização – ou não) devem ser adaptadas as circunstâncias locais e especificas de cada negócio, e sempre em consulta com as partes interessadas e especialistas de cada assunto que se confirme relevante diante do cenário que se apresentar no momento.

 Fontes:

Sobre BISA Certifica:

Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br