Motivos é que não faltam. Mas o principal é que ele é um dos investidores mais bem informados do planeta.

Ele fundou a BlackRock  (uma pequena empresa de fundos de investimentos criada em 1988 em Manhattan com 8 pessoas), e em pouco mais de 3 décadas, a transformou na maior gestora de ativos do mundo, com US$ 10 trilhões em AUM (Ativos Sob Gestão).

Ele também foi um dos pais da titularização no mercado financeiro, que permitiu aos bancos conceder empréstimos à habitação por 30 anos, incentivando a aquisição da casa própria à classe trabalhadora americana.

Foi pioneiro e defensor do investimento ESG colocando a sigla ESG no centro das atenções e das polêmicas, fazendo com que ele próprio deixasse de usar por considera-la politizada demais. Ultimamente prefere usar “Investimento de Transição” com foco na transição energética para externalizar suas posições sobre riscos.   

Fink ficou famoso pelas suas tradicionais cartas anuais aos clientes, analisando cenários e apontando tendências. Elas são aguardadas com bastante ansiedade não apenas pelo mercado financeiro, mas por toda comunidade corporativa. A mais recente foi publicada em 26 de março de 2024 com reflexões e provocações importantes, das quais vamos destacar alguns dos seus principais pontos que foram igualmente colocados sob o enfoque de riscos, e também como janelas de oportunidades. .  

Mas antes dos destaques temos que lembrar que ele ganha dinheiro fazendo com que as pessoas coloquem o seu dinheiro na BlackRock, então é sempre bom avaliar suas considerações sob essa perspectiva também.

Na carta ele faz forte defesa do mercado financeiro (o que não surpreende), e se diz otimista para os próximos 10 anos destacando os avanços na tecnologia, inteligência artificial, e os robustos balanços empresariais que tornam os mercados hiper eficientes protegendo investidores contra roubos e fraudes. Mas faz um alerta de que é preciso que mais pessoas ampliem seus conhecimentos sobre mercado de investimentos para se beneficiarem sem cair em armadilhas. Ele diz textualmente “Se mais pessoas pudessem investir no mercado de capitais, isso criaria um ciclo econômico virtuoso, alimentando o crescimento de empresas e países, o que, por sua vez, geraria riqueza para milhões de pessoas a mais”.

Fonte: População em idade ativa (15-64 anos): ONU “tendência média”10

Na carta de 2024, Larry Fink destacou dois dos maiores desafios econômicos desse século que na sua visão, o mercado de capitais pode ajudar na solução, e também expressou uma importante preocupação:

1) O primeiro desafio trata do envelhecimento da população e da necessidade de lhes proporcionar segurança financeira. As pessoas estão vivendo mais e vão precisar de mais dinheiro. Dá um puxão de orelha, quando diz: “Gastamos tanto tempo com saúde que não dedicamos tempo suficiente à educação financeira”. Mas também faz mea-culpa quando se dirige aos jovens dizendo: “Os jovens acreditam que a minha geração – os Baby Boomers – se concentrou no seu próprio bem-estar financeiro em detrimento de quem vem a seguir. E no caso da aposentadoria, eles estão certos”.  Conclui defendendo o mercado de capitais que pode ajudar nesse desafio – desde que governos e empresas ajudem as pessoas a investir. E as pessoas comuns desenvolvam mais conhecimento sobre o mercado de capitais

2) O segundo desafio teve como foco a infraestrutura perguntando: Como vamos construir a quantidade massiva de infra estrutura que o mundo precisa? Fink ressalta “Nos meus quase 50 anos de finanças, nunca vi tanta demanda por infraestrutura de energia. Muitos países têm objetivos duplos: querem fazer a transição para fontes de energia de baixo carbono e, ao mesmo tempo, alcançar a segurança energética”. Neste ponto ele defende o poder do mercado de capitais para ajudar países a cumprir suas metas energéticas, as nações investirem mais, e as cidades construírem infraestruturas de resiliência aos riscos climáticos.

3) Ele também fala da sua preocupação com falta de esperança quando cita o seu país: “A falta de esperança me preocupa como CEO. Isso me preocupa como avô. Mas, acima de tudo, isso me preocupa como americano. Sem esperança, corremos o risco de nos tornarmos apenas mais um lugar onde as pessoas olham para a estrutura de incentivos diante delas e decidem que a escolha segura é a única escolha. Corremos o risco de nos tornarmos um país onde as pessoas guardam seu dinheiro debaixo do colchão e seus sonhos engarrafados em seu quarto”

No final, o CEO da BlackRock, Larry Fink deixa uma mensagem de ânimo dizendo que todas as histórias de superação (inclusive a dele), foram e serão possíveis de realização pelo poder do mercado de capitais e das pessoas que têm confiança suficiente para investir nelas. Ficam as reflexões com a dica de leitura na íntegra da carta 2024 do mais bem informado investidor desse planeta.

Fontes:

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