A governança é o primeiro dos parâmetros para qualquer empresa. Foi exatamente a boa governança que nos levou a incorporação dos temas sociais e ambientais na estratégia dos negócios, e nos trouxe ao ESG. E não pensem que foi uma incorporação gratuita sem embasamento e pesquisa.
Em meio a uma crise climática e social global que enfrentamos, as empresas ficaram muito expostas as demandas relacionadas ao seu impacto social e ambiental. E foi nesse cenário que surge (e se fortalece) o ESG com a proposta de atendimento as demandas de todas as partes interessadas como forma de mitigar riscos e assegurar a perenidade dos negócios.
Nesse exato ponto da “perenidade dos negócios” acontece uma convergência natural e orgânica entre a boa governança e o ESG. Sabemos que uma boa governança corporativa dá o suporte necessário para que as empresas alcancem o equilíbrio entre negócios e reputação, incluindo a sustentabilidade e a criação de valor no longo prazo.
Os líderes empresariais, antes mesmo do ESG, sempre tiveram consciência dos impactos que a empresa gera em seus stakeholders e se capacitam para responder as demandas resultantes desses impactos. Sabem que assim agindo sempre estarão preparados para enfrentar os desafios que o futuro pode trazer (visão de longo prazo) alinhados organicamente com as premissas do ESG.
Mas quais são os pilares da boa governança que organicamente deu força e tração ao ESG?
Segundo Susana Serra CEO da BH Compliance, uma empresa de consultoria americana, são cinco pilares que sustentam uma boa governança: Eficácia do Conselho; Compensações e Remunerações; Gestão de riscos e crises; Relacionamento com stakeholders; Ética e Transparência.
E quais os pontos sensíveis que os conselhos e a alta administração devem se concentrar?
Ela vai além no detalhamento apontando tendências em 7 campos que os conselhos e a alta administração devem se concentrar para entregar um bom resultado. São eles:
1. Independência
Talvez seja esse ponto o mais importante de todos, a independência do conselho de administração para a obtenção da boa governança. A independência ajuda a prevenir conflitos de interesses e promove a imparcialidade na tomada de decisões. Mas, é muito importante realizar avaliações periódicas desta independência para corrigir possíveis desvios que possa comprometê-la.
2. Diversidade, Equidade e Inclusão
Que a diversidade contribui para inovação, criatividade e flexibilidade todo mundo já sabe. Mas estudos recentes vão além. Por exemplo, um estudo do Credit Suisse Research Institute identificou uma correlação entre o aumento da diversidade de gênero nos conselhos e melhores retornos financeiros. Da mesma forma, pesquisa da McKinsey descobriu que empresas com equipes diversas superam seus concorrentes.
3. Avaliação de desempenho
As avaliações de desempenho do conselho são uma oportunidade para melhorar a eficácia e fortalecer a governança corporativa. A auto avaliação é a forma mais comum estabelecida pelos conselhos, no entanto, as empresas podem contratar avaliação externa de terceira parte para favorecer a confiança dos stakeholders.
4. Remuneração Executiva
As remunerações e benefícios dos CEOs e dos quadros superiores estão chamando a atenção, principalmente quando atrelados a objetivos que estão sob maior escrutínio dos stakeholders que questionam a forma como são avaliados. Ou seja, pensam que não basta a sua mera concretização a curto prazo, mas também a forma como esses objetivos foram alcançados. Sugerem um sistema de remuneração que incentive o bom desempenho em termos de produtividade (curto prazo) e ética (longo prazo).
5. Governança das Partes Interessadas
Um bom relacionamento com as partes interessadas (clientes, colaboradores, fornecedores, comunidades, acionistas, entre outros) é fundamental para determinar o sucesso do negócio. A gestão das partes interessadas deve sempre considerar o impacto das decisões estratégicas de curto e longo prazo sobre estes grupos com interesses e contribuições distintas, o que exige muita escuta e supervisão.
6. Cibersegurança
Os ataques cibernéticos podem causar grandes perdas financeiras, danos à reputação, exposição de informações privadas da organização seus colaboradores e até clientes. É imperativo uma cultura de prevenção e constante atualização a medida que a tecnologia avança. Este é um ponto sensível que demanda vigilância diante do risco que representa.
7. Regulação (e reputação) em Sustentabilidade
As crescentes exigências dos reguladores, investidores e consumidores terão impacto nos resultados financeiros das empresas que não se comprometem com os critérios ESG. As empresas devem priorizar esta questão a fim de mitigar riscos e posicionar-se em termos de sustentabilidade num mundo em rápida mudança. Os conselhos de administração devem focar em agendas claras e resultados comprovados tendo a consciência de que ações sustentáveis vão muito além do marketing.
Estes sete campos que impactam o desempenho das organizações devem estar no radar dos conselhos e da alta administração para a entrega de um bom trabalho de governança que garanta resiliência e perenidade ao negócio. E o ESG pode ser uma espécie de framework nessa jornada de transição que redesenha a forma como fazemos negócios e vivemos em sociedade.
Fontes:
- https://www.forbes.com/sites/forbesbusinesscouncil/2023/09/01/seven-areas-for-boards-to-focus-on-to-improve-corporate-governance/?sh=1066e75e66da
- https://blog.pipe.social/lideranca-descomplicando-o-c-level/
- https://www.securitymagazine.com/articles/95141-corporate-boards-are-better-at-cybersecurity-but-still-need-improvement
Sobre BISA Certifica:
Benchmarking Inteligência Sustentável – BISA é resultado do aprimoramento do Programa Benchmarking Brasil que ganhou inteligência para otimizar os recursos técnicos gerenciais de avaliação, certificação e comparabilidade das melhores práticas de sustentabilidade. Com o incremento das novas tecnologias somado a um colegiado de especialistas de vários países, BISA ganha robustez na gestão das boas práticas e passa a fornecer um conjunto de serviços e dados para que as organizações possam conduzir seus negócios em alinhamento com as agendas ESG (Environmental, Social, and Governance) e SDG (Sustainable Development Goals). Saiba mais em www.bisacertifica.com.br