Dividendos são as quantias pagas para os acionistas de uma empresa que apresentou lucro líquido no final de um determinado período. Esse dinheiro envole uma parte (ou todo) desses ganhos. Assim, perceba que uma empresa tem diferentes formas de distribuir esses ganhos para os acionistas:

Dinheiro, ações, JCP (Juros Sobre Capital Próprio), bonificações, cancelamento de ações ou até mesmo a recompra delas no mercado.

No caso dos dividendos, a empresa define, aprova em assembleia, determina uma data para o pagamento e deposita. Assim, o valor destinando para distribuição entra na conta da corretora utilizado pelo investidor. A partir disso, ele é totalmente seu, afinal, depois que o dinheiro pinga na sua conta você pode fazer o que desejar (reinvestir, buscar outra oportunidade, sacar, etc). Ajudando muito a atingir sua independência financeira.

Por isso, muitos investidores aportam seu dinheiro em empresas que são conhecidas por serem boas pagadoras de dividendos. Assim, montando uma carteira robusta neste sentido, principalmente para o longo prazo. Alguns setores são conhecidos justamente por isso: energia elétrica, saneamento e telecomunicações, que possuem uma grande previsibilidade de resultados.

Dividendos: o que é?

Dividendos é parte do lucro de uma empresa. Se você comprou uma ação, é como se tivesse comprado uma pequena parte daquela companhia. Você se tornou sócio de quem também tem ações daquela empresa – seja o seu primo ou Jorge Paulo Lemann, no caso da Ambev. E, como sócio, você recebe merecidamente a sua parte do resultado da empresa.

No Brasil, isso é um direito. As empresas não podem distribuir dividendos somente para certos investidores, precisam distribuir para todos. Além disso, há um mínimo de 25% de lucro que tem que, necessariamente, ser repassado ao acionista.

Muitas empresas utilizam de uma política definida (e generosa) de dividendos justamente para atrair investidores. Nem sempre isso é positivo, a Oi (OIBR3) chegou a se endividar para distribuir proventos para seus acionistas e manter a política de dividendos. Acabou pedindo recuperação judicial.

Para onde vai o resto do dinheiro?

Se uma empresa está distribuindo apenas 25% do seu lucro (o mínimo exigido), é justo você se perguntar:

Para onde vai o resto do dinheiro?

Esse dinheiro vira caixa para a empresa fazer o que quiser. Ou seja, reinvestir, pagar dívidas, financiar uma expansão ou até mesmo gerar valor para o acionista através de outros meios, como recompra de ações.

As empresas que são famosas pela política generosa de dividendos geralmente são aquelas que possuem maior previsibilidade de resultados e que sofrem menos com os ciclos econômicos. Se a economia do Brasil vai mal, as pessoas vão continuar usando energia elétrica, internet e vão continuar precisando de encanamento. Sob esse ponto de vista, geralmente o consumo discricionário, como empresas de varejo entram em risco.

Nem toda empresa na B3 pagou dividendos nos últimos anos, afinal, tem muita companhia que teve prejuízos neste período. Aliás mesmo se tiverem voltado a lucrar, ainda estão “compensando” as perdas. Dessa forma, saiba que os dividendos nem sempre possuem uma periodicidade definida, principalmente caso os negócios tenham uma alteração significativa.

Outros tipos de proventos

Um ponto importante é que dividendos não são a única forma de retornar dinheiro aos acionistas. As empresas possuem diversas ferramentas para fazê-lo. Vamos conhecer cada um dos tipos diferentes de proventos que existem no ambiente de bolsa brasileiro:

Dividendos

Dividendos envolve o valor pago em dinheiro, isento de impostos. Uma empresa define o quanto vai pagar e divide pela quantidade de ações existentes.

Por exemplo, empresa FLP vai pagar R$ 1 bilhão e possui 2 bilhões de ações em circulação – isso representa R$ 0,50 por cada ação. Caso tenha 10 ações, você receberá R$ 5,00. Com 100 ações, reberá R$50.

Importante notar! Enquanto você está recebendo o valor na conta, no mercado financeiro o valor é descontado do preço da ação. Isso mesmo, as ações que estão sendo negociadas a R$10, após a data de corte definida em assembleia (conhecida como data “Ex dividendo”) entrarão no mercado aberto cotadas a R$9,50.

Juros sobre capital próprio

O JCP, usualmente chamado, é muito similar aos dividendos. Na prática, para o investidor é igual, pois receberá o dinheiro no mesmo fluxo citado acima.

A diferença está na tributação: enquanto os dividendos são isentos de Imposto de Renda de Pessoa Física (afinal, a empresa já pagou o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e a CSLL, que é a Contribuição Social sobre Lucro Líquido), os juros sobre capital próprio são lançados como despesa pelas empresas e, por isso, são taxados em 15% na fonte.

Bonificação

Outro tipo comum de proventos é o pagamento em outras ações, isto é, uma empresa pode entregar mais de suas ações para os investidores. Portanto, uma bonificação de 5% seria o equivalente a entregar 5 papéis para cada 100 ações que o investidor possui. Se ele tem 200 ações, vai receber 10 ações. Caso tenha 1000, vai receber 50.

Programa de Recompra de Ações e Cancelamento

Mais uma forma de ajudar o investidor é através de programas de recompras de ações. A empresa pode ir ao mercado e recomprar suas ações para mantê-las em tesouraria ou cancelá-las. Um programa robusto de recompra de ações ajuda a mantê-las em um patamar mais elevado e segurar o preço dos papéis. É também uma sinalização de confiança nas próprias ações.

Ao cancelar as ações, a empresa diminui a base de acionistas, o que aumenta tanto o valor imediato dessas ações quanto diminui a quantidade de ações que vão receber dividendos. Portanto, cada ação leva um pouco a mais do bolo. Se uma empresa tem 20 ações, vale R$ 100 e cancela dez, o valor de mercado vai continuar sendo de R$ 100, mas agora distribuída em dez ações. Já se cada uma valia R$ 5 antes, agora cada uma vai ter que valer R$ 10, preço ajustado na bolsa.

Direito de subscrição

E, por fim, também considerado como provento está o direito de subscrição. Trata-se da prioridade dos atuais acionistas em comprar mais ações em caso de nova emissão e, com isso, manutenção de suas fatias na empresa.

Dividend Yield

Um ponto muito importante para você entender em relação aos dividendos é compreender se uma empresa é uma boa pagadora ou não. Para isso, usamos o “Dividend Yield”, que é um cálculo para saber quanto uma empresa paga relativamente ao preço da ação. Dessa forma, você descobre quanto os dividendos anuais representam em relação ao valor da ação.

Então supondo que a empresa FLP pague R$ 5 de dividendos durante um ano, e sua ação está cotada em R$ 100, o Dividend Yield é de 5%. Se a ação valesse R$ 200, o DY dela seria de 2,5% e se o preço fosse de R$ 50, o dividendo seria de 10%. Há empresas na B3 que chegam a ter 10%, 12%, 15% de DY em determinados anos. Por isso, em diversos canais são comparadas com a própria renda fixa.

Em geral, principalmente as empresas do setor elétrico e saneamento são aquelas em destaques. Pois são modelos de negócios que apresentam resultados bem previsíveis.

Mas atenção:

Um DY alto pode ser um perigo, já que pode estar neste patamar por conta do preço deprimido da ação, sinal de problemas com a empresa. Por isso, sempre verifique caso a caso para não entrar em furada.

Como construir uma carteira de dividendos

Agora que você sabe o que é dividendo, vamos para a parte prática de como fazer uma carteira de dividendos que vai te proporcionar uma renda passiva interessante. A começar pelo óbvio: uma carteira de dividendos não pode ter uma única ação, mas uma série de empresas que são tidas como boas pagadoras. Nunca é sábio deixar todos os ovos em uma única cesta.

Então é necessário ter diversas ações que paguem dividendos, levando em consideração o DY, a previsibilidade de resultados e as perspectivas para as empresas. Evite as companhias que estão em crise, foque naquelas que possuem um fluxo de caixa muito previsível e baixas necessidades de investimento.

Fique também atento ao ritmo de pagamento de dividendos. Bancos pagam JCP mensal, embora os valores sejam muito baixos, é sempre importante considerar. Outras grandes empresas conhecidas pela distribuição de dividendos pagam trimestralmente. Dessa forma, geralmente, anunciando dividendos depois da divulgação de resultados trimestrais.

Assim, para ajudar você a encontrar boas oportunidades saiba que muitas casas de análise divulgam carteiras recomendadas com esse intuito. No Clube Acionista você pode encontrar a grande maioria sem precisar sair por aí pesquisando no site de cada uma (veja).

Como dividendos são pagos?

Você é acionista de uma empresa que paga dividendos, mas como você recebe estes valores? Primeiro, você precisa checar se você era acionista na data definida como corte para quem recebe os dividendos ou não, data com e data ex.

Vamos supor que a empresa FLP vá pagar dividendos dia 21 de maio de 2022. Ela vai comunicar ao mercado com alguma antecedência e avisar qual é a “data ex”: a base acionária que receberá tal valor será a do dia 10 de maio.

Portanto, para fazer jus aos dividendos, você precisaria ser acionista (comprar a ação ou tê-la em sua carteira) um dia útil antes do dia 10, não dia 21. Se você comprar as ações dia 10 – que é a data ex -, não receberá nada. Aliás, se na data ex você vender a ação, ainda assim terá o direito de receber o dividendo, pois você virou a data de corte como acionista da empresa. A propósito, o ajuste no preço da ação ocorre na data ex.

Ou seja, se as ações estão cotadas a R$ 9 dia 10 e o dividendo anunciado for de R$ 1 por ação, no dia seguinte esses papéis vão estar cotados em R$ 8 antes do leilão de abertura sem que isso seja considerado uma queda no preço.

Se você fosse acionista no dia 10, a empresa pagará os investimentos dia 21 através da sua corretora. Assim, o dinheiro vai cair na sua conta e vai virar saldo. Muitos investidores tentam “aproveitar” os dividendos das empresas, ficando de olho nos anúncios e na agenda de dividendos para saber quando é a data ex (ou até quando comprar). Assim, garantindo o rendimento isento de imposto e se desfazendo da ação na sequência.

Reinvestir dividendos é importante

Se você está pensando em uma estratégia de investimento de longo prazo, tem que entender que reinvestir seus dividendos é de extrema importância. Se o preço é ajustado com cada pagamento, não reinvestir o que você recebe equivale a “drenar a rentabilidade” da ação ao longo do tempo e os ganhos só vão crescer na mesma proporção dos resultados da empresa (ou pior, vão cair, se ela estiver ganhando menos dinheiro).

Mas se você usa os dividendos para reaplicar as ações, você vai multiplicando o que você ganha com o tempo. Dessa forma, acumulando mais e mais ações e os seus rendimentos passam a seguir a lógica dos juros compostos. Sem isso, são juros simples, como se fossem um aluguel.

Voltamos ao exemplo da empresa FLP. A ação vale R$ 100 e paga um dividendo de R$ 10 por papel, o que é um retorno de 10%. Você tem 100 ações e, portanto, recebe R$ 1.000 naquele ano. Assim decide usar esses R$ 1.000 para comprar mais ações da FLP, desconsiderando as variações do preço de mercado e o preço de ajuste e compra mais 10 ações. Você passa a ter 110 ações no segundo ano e, agora, recebe R$ 1.100, 11% sobre seu investimento inicial. Usando esse dinheiro para comprar mais 11 ações e no terceiro ano, já tem 121 ações, recebendo R$ 1.210, que representa 12% sobre o investimento inicial. E assim vai!

Neste exemplo, em sete anos você já dobrou a posição de ações e recebe o dobro do que recebeu no primeiro ano. Portanto, permitindo comprar ainda mais ações e acelerar os ganhos. Imagine a diferença que isso faz no longo prazo. Ao reinvestir os dividendos você garante um ganho crescente ao longo dos anos, e sua posição é sempre maior que um ano antes.

Impostos e custos

Por fim, é importante notar algumas coisas a respeito de dividendos e outros proventos: impostos. Como falamos anteriormente, a boa notícia é que hoje eles são isentos de Imposto de Renda, e o valor que cai na sua conta é integralmente seu – afinal, a empresa já pagou imposto de renda de pessoa jurídica.

A má notícia é que isso deve mudar em breve, já está em discussão uma reforma tributária que vai adicionar impostos sobre dividendos. Isso significa uma mordida em tudo que você for receber das empresas que você é sócio! Já há um imposto de 15% sobre JCP, então isso não deve mudar. A ver, enquanto isso, aproveite!!! Entre no Clube Acionista agora e comece a investir com foco em dividendos!