O Instituto Patrícia Galvão, em parceria com o Instituto Locomotiva e apoio da Laudes Foundation, mapeou as percepções da população brasileira sobre situações de violência e assédio no ambiente de trabalho. O levantamento resultou na pesquisa “Percepções sobre violência e assédio contra mulheres no trabalho”.
Foram feitas 1.500 entrevistas com mulheres e homens com 18 anos ou mais, de todo o Brasil, resultando em dados alarmantes com relação à violência de gênero no universo corporativo. Confira:
- Para 92% dos entrevistados, as mulheres sofrem mais situações de constrangimento e assédio no trabalho do que os homens;
- 76% das profissionais ouvidas já sofreram assédio no trabalho;
- 40% das mulheres tiveram seus trabalhos supervisionados excessivamente, enquanto apenas 16% dos homens afirmaram ter passado por esse tipo de situação;
- 40% das entrevistadas já foram xingadas ou ouviram gritos no ambiente de trabalho;
- 39% delas já receberam convites para sair ou insinuações constrangedoras de pessoas do sexo oposto;
- 36% das mulheres dizem já ter sofrido preconceito ou abuso no trabalho por serem mulheres, contra 15% dos homens na mesma situação;
- 36% das participantes da pesquisa afirmaram que foram elogiadas por pessoas do sexo oposto, de forma constrangedora, por seus atributos físicos.
“Vivemos em uma sociedade machista, o que significa que há uma compreensão dentro do nosso imaginário social de que os homens estão em posição de superioridade em relação às mulheres, então eles têm acesso a cargos de maior poder e remuneração, enquanto as mulheres ficam em cargos de apoio e são vistas como pessoas que estão a serviço dos homens, muitas vezes até como objetos sexuais”, explica Adriane Reis, coordenadora nacional de Promoção da Igualdade e Eliminação da Discriminação no Trabalho – Coodigualdade, do Ministério Público do Trabalho de São Paulo, em entrevista para o portal G1.
“Por isso acontecer dentro da nossa sociedade, há a repetição dessa prática dentro das empresas. Muitas vezes a gestão é tão autoritária e abusiva que você observa práticas de assédio moral em todo o conjunto de trabalhadores, mas ainda assim a mulher fica em situação pior porque há, no imaginário social, essa naturalização de que ela faz um trabalho inferior”, complementa.
A Diretora de Pesquisa do Instituto Locomotiva, Maíra Saruê Machado, também comenta os resultados, e aponta que muitas das situações vividas pelas mulheres são ainda naturalizadas.
“Essas situações são tratadas como situações cotidianas, de pouca importância. É preciso falar sobre assédio no trabalho de forma ampla, inclusive nas empresas, coibindo essas situações e dando a devida relevância institucional ao tema, hoje tratado no âmbito individual, trazendo ainda mais sofrimento para as mulheres vítimas”.
Confira mais informações e outros dados da pesquisa “Percepções sobre violência e assédio contra mulheres no trabalho” em http://glo.bo/3oXbNyT.
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