Ontem a Bovespa passou boa parte do dia no campo positivo e dólar em forte queda até que surgiram notícias que o teto de gastos seria furado na PEC Emergencial. Aí, houve inversão de tendência, a Bovespa fechou em leve queda (-0,14% e índice em 113.589 pontos) e dólar encolhendo perdas para fechar em R$ 5,11, após bater em R$ 5,06.
Problemas também com os acordos do Brexit ainda sem solução e as incertezas geradas pela covid-19, deixaram o mercado americano com comportamento misto. Hoje, os mercados da Ásia terminaram o dia com quedas, a Europa começou no campo negativo e aprofundando perdas e futuros do mercado americano também com quedas. Aqui, não deveríamos perder o patamar de 110 mil pontos já conquistado e ficamos na dependência da continuidade de fluxo de investidores estrangeiros na Bovespa.
Durante a madrugada, no Japão, tivemos a divulgação do PIB do terceiro trimestre em alta de 5,3% e taxa anualizada de 22,9%, mas insuficiente para trazer o Nikkei para o campo positivo. Lá, o governo prepara o terceiro orçamento extra para recuperar a economia e combater a covid-19, no montante de US$ 190 bilhões. Na África do Sul, o PIB do terceiro trimestre anualizado expandiu 66,1% e na zona do euro o PIB do terceiro trimestre cresceu 12,5%, mas na comparação anual encolheu 4,3%.
Na Alemanha, o índice ZEW de expectativas econômicas surpreendeu positivamente com 58 pontos, quando o previsto era que ficasse em 36 pontos. Já a futura secretária do Tesouro, Janet Yellen, diz querer restaurar a prosperidade do povo americano e visa a estabilidade financeira.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,33%, com o barril cotado a US$ 45,61. O euro era transacionado em alta para US$ 1,211 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,93%. O ouro tinha alta e a prata em queda nas negociações da Comex e commodities agrícolas com quedas na Bolsa de Chicago.
No cenário doméstico, o ministro Paulo Guedes conversou com senadores e diz que não haverá flexibilização do teto de gastos. Marcos Bittar, relator da PEC, chegou a divulgar nota reafirmando isso. Já Ricardo Barros, indica que o governo começará o ano de 2021 com a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) aprovada, o que seria bem positivo, principalmente se não houver meta flexível de déficit primário e outras coisas do gênero. O senado também reservou a data de 10/12 para votar a PEC emergencial e 16/12 para a LDO.
Na agenda do dia, teremos a divulgação da inflação oficial de novembro pelo IBGE, que pode ter desacelerado para 0,78%, segundo a mediana das previsões. Teremos também o IPC-S da primeira quadrissemana de dezembro pela FGV e início da reunião do Copom, onde o consenso é de manutenção da Selic em 2%, mas provavelmente ressaltando incertezas e eventualmente retirando o forward guide. Nos EUA, saem dados da produtividade do trabalho, e durante a noite, a China anuncia a inflação pelo CPI (consumidor) e PPI (atacado) de novembro.
Expectativa para o dia, se houver fluxo, a Bovespa pode reagir, mas fica complicado com petróleo e comportamento das Bolsas no exterior, dólar ainda fraco e juros com viés de queda por conta do IPCA.
Bom dia e bons negócios!
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado