O setor brasileiro de serviços permaneceu preso numa profunda recessão em julho, já que a pandemia do coronavírus de 2019 (COVID-19) continuou a pesar fortemente na demanda e na atividade do mercado, segundo dados do Markit Economics. Os volumes de novos trabalhos e de atividade de negócios caíram acentuadamente, com a carência de negócios levando as empresas a reduzirem novamente o número de funcionários ao longo do mês.

O clima de negócios difícil também levou a uma pressão contínua sobre a lucratividade. Ao mesmo tempo em que os provedores de serviços continuaram a reduzir os seus preços cobrados, as despesas operacionais cresceram acentuadamente.

O índice básico do relatório, o Índice de Atividade de Negócios do setor de Serviços – IHS Markit para o Brasil, se fortaleceu em julho registrando 42,5, acima do valor de 35,9 observado em junho. Apesar de o índice ter atingido um recorde de alta de cinco meses; e ter obtido a melhor leitura na sequência atual de contração, o grau de queda da atividade foi, mais uma vez, considerável.

A COVID-19 foi novamente o fator crucial pesando sobre a atividade, com algumas empresas relatando que suas unidades permaneceram fechadas, e que a demanda do mercado continuou a ser negativamente afetada pela pandemia. Houve relatos de que os clientes se mostraram hesitantes em se comprometer com novos contratos devido à incerteza generalizada e aos desafios de condução dos negócios. De um modo geral, o volume de novos trabalhos diminuiu pelo quinto mês consecutivo e, apesar de ter se atenuado e atingido o seu ponto mais fraco nessa sequência, a taxa de contração foi, mais uma vez, considerável. Fatores semelhantes tiveram impacto no comércio para exportação, que caiu pelo sétimo período consecutivo da pesquisa, e em maior proporção do que em junho.

A ausência prolongada de novos negócios recebidos pelos provedores de serviços significou que os níveis de trabalhos pendentes foram novamente reduzidos, com a taxa de contração se acelerando e atingindo o seu ponto mais acentuado registrado pela pesquisa desde novembro passado. A ausência de qualquer pressão sobre a capacidade; aliada à tendência negativa no volume de novos trabalhos, levou as empresas a reduzirem ainda mais os seus níveis de funcionários em julho. Embora tenha diminuído em relação a junho, o grau de redução de empregos foi, mais uma vez, considerável.

Segundo os entrevistados, questões de custos continuaram a ser um fator por trás da queda do número de funcionários. Os dados mais recentes mostraram que os preços de insumos continuaram a crescer; e em um grau muito maior do que o recorde de baixa para a pesquisa registrado em junho. A inflação foi impulsionada por custos mais elevados de combustíveis e pelo impacto inflacionário geral das taxas de câmbio desfavoráveis. Os equipamentos de proteção pessoal (EPP), como luvas e desinfetantes, foram também citados como um fator inflacionário.

Contudo, os acréscimos de custos não foram repassados aos clientes, com os preços cobrados sendo novamente reduzidos. Os entrevistados relataram que o clima difícil de negócios e a necessidade de apoiar as vendas levaram à quarta queda mensal consecutiva nos preços cobrados.

Por fim, as expectativas continuaram a se fortalecer em julho. Embora tenha permanecido bem abaixo da sua tendência a longo prazo, o sentimento positivo atingiu o seu ponto mais alto em cinco meses. As empresas indicaram que esperam que os volumes de novos negócios aumentem acentuadamente em sintonia com uma retomada da atividade do mercado, mas somente quando a pandemia COVID-19 estiver sob controle.

Índice consolidado

O Índice Consolidado de dados de Produção manteve a sua recente tendência ascendente em julho; embora tenha permanecido abaixo da marca de 50,0, indicativa de ausência de mudanças, indicando outro mês de queda na atividade do setor privado. O índice registrou 47,3, acima do valor de 40,5 observado em junho, a melhor leitura desde fevereiro.

Houve desfechos contrastantes no setor privado como um todo. Ao mesmo tempo em que o crescimento da produção se fortaleceu entre os fabricantes, atingindo um novo recorde de alta para a pesquisa, o setor de serviços permaneceu profundamente dentro do território de contração.

Também foi registrada uma tendência semelhante para o volume de novos negócios. O crescimento forte e acelerado do setor industrial foi mais do que contrabalançado por mais um mês de queda de vendas para os provedores de serviços.

Apesar disso, ambos os setores desfrutaram de um aumento no grau de otimismo; com o sentimento positivo do mercado melhorando, de um modo geral, e atingindo o seu nível mais elevado em cinco meses. Contudo, as perdas de empregos continuaram a aumentar. O nível de empregos no setor privado diminuiu pelo quinto mês consecutivo, apesar de um retorno à expansão no número de funcionários do setor industrial.

Por fim, a inflação dos custos de insumos se acelerou e atingiu o seu ponto mais elevado desde março; ao passo que os preços cobrados ficaram quase inalterados. Mais uma vez, foram observadas tendências divergentes entre fabricantes e provedores de serviços. Enquanto os produtores de mercadorias registaram um aumento recorde nos preços cobrados, as empresas de serviços continuaram a oferecer descontos.

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