Juros na China e arcabouço fiscal no Brasil são alguns dos temas de maior destaque nesta segunda-feira, 21/08/2023
Mercados globais
As bolsas globais amanhecem em alta hoje, depois que o Banco Popular da China (PBoC, o banco central chinês) anunciou um corte de 0,10 p.p. em sua taxa básica de juros de um ano, de 3,55% para 3,45%, mas mantendo a taxa de 5 anos inalterada em 4,20%. A medida desapontou a maioria dos analistas de mercado, que esperavam um corte de 0,15 p.p. na taxa de 1 ano. Ainda assim, os mercados globais de commodities e ações estão se recuperando um pouco em resposta à ação do PBoC.
Nos Estados Unidos, os futuros negociam em alta nesta segunda-feira (S&P 500: 0,5%; Nasdaq 100: 0,6%), se recuperando de uma semana de perdas. Nos próximos dias, é esperado o balanço da maior beneficiária do rali de inteligência artificial do primeiro semestre, Nvidia. Também nesta semana ocorre o Simpósio de Jackson Hole, do qual devem sair novas sinalizações sobre a política monetária americana. O evento começa na quinta feira (24), e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, faz um discurso na sexta-feira (25).
Na China, os mercados fecharam em queda (HSI: -1,8%; CSI 300: -1,4%) devido à decepção com o nível de estímulos anunciado. O mercado se preocupa com o risco crescente de contaminação da crise do setor imobiliário para o restante da economia. O PBoC discute possíveis medidas para o setor financeiro. Confira mais detalhes no Top 5 temas globais da semana.
Na Europa, os mercados operam em alta (Stoxx 600: 0,8%), após dados inflação ao produtor na Alemanha virem abaixo do esperado. A inflação ficou em -1,1% em julho, uma deflação mais intensa do que o esperado, de 0,2%. Na comparação anual, a deflação atingiu 6,0%. É um sinal adicional de que as pressões inflacionárias estão recuando e a atividade econômica está enfraquecendo na maior economia da Europa.
Brasil
Depois de 13 sessões seguidas no negativo, o Ibovespa marcou o primeiro pregão de alta na sexta-feira (18), mas ainda fechando a semana em queda de 2,3%, aos 115.409 pontos. No mês, o índice brasileiro já acumula queda de 5,4%. As quedas nessa primeira metade de agosto foram catalisadas por um fluxo negativo de investidores estrangeiros. Até o dia 15, saíram R$ 5,8 bilhões de capital estrangeiro da Bolsa no mês, segundo dados da B3. Esse saldo negativo acontece em meio a um aumento de sentimento de aversão ao risco globalmente, com temores em relação à economia chinesa e a subida nas taxas das Treasuries.
Já o dólar fechou a semana em alta de 1,3% em relação ao Real, em R$ 4,97/US$. E na Renda Fixa, a curva de juros futuros encerrou a semana em alta nos vértices intermediários e longos, ganhando novamente inclinação. O cenário externo roubou a cena, com um sentimento de maior aversão a risco globalmente, impulsionada por: (i) preocupações advindas da China, dado o desempenho ainda fraco da economia chinesa e eventos no setor imobiliário (Evergrande); e (ii) possível impacto da desvalorização cambial na dinâmica de afrouxamento da política monetária doméstica, oriundo do elevado patamar de juros nos Estados Unidos, devido ao menor diferencial entre as taxas local e americana. No comparativo semanal, DI Jan/24 passou de 12,426% para 12,435%; DI Jan/25 saiu de 10,326% para 10,535%; DI Jan/27 passou de 9,99% para 10,34%; e DI Jan/31 subiu de 10,848% para 11,16%.
Na agenda doméstica, a Câmara dos Deputados deve retomar as discussões sobre o arcabouço fiscal. O presidente Artur Lira disse que, se houver acordo, o projeto poderá ser votado já na próxima terça-feira (22). Outro destaque esta semana é a inflação medida pelo IPCA-15, programada para ser publicada na sexta-feira (25).