Fundos que investem em ações de desenvolvedoras de games, ou em companhias que comprovadamente respeitam o meio ambiente ou ainda em organizações que garantem acesso de minorias aos cargos de gestão. Critérios pouco ortodoxos na composição de fundos de ações têm trazido fama à Warren – uma das principais fintechs de investimentos do Brasil – e lucros generosos aos investidores.

Carro-chefe da empresa, o Warren Green, lançado em 2019 com foco em empresas socialmente e ambientalmente responsáveis, se valorizou mais de 40% no ano passado. Nesta entrevista exclusiva, Igor Cavaca (foto), Gestor de Investimentos da Warren, defende que o futuro dos investimentos está nas empresas responsáveis e avalia que tanto organizações quando investidores já perceberam que apenas gerar lucro já não serve mais como critério de alocação.

Por que a preferência da Warren de segmentar ao máximo seus fundos?
A proposta de fazer fundos temáticos é alinhar investimentos com os princípios das empresas, buscando mudar o mundo a partir das estruturas de produção. Criamos o Green e o Equals porque são princípios que a gente acredita e entende que o investidor também possa acreditar. Além disso, esses fundos possibilitam maior diversificação e estão abertos a um público mais amplo, em razão do investimento inicial baixo (a partir de R$ 1).

O investidor já procura os fundos verdes porque enxerga neles mais potencial de lucro, ou realmente é uma escolha ideológica?
Acho que as duas coisas. As pessoas começaram a se preocupar muito com a interação das empresas com o meio onde operam, como elas usam o ambiente e entregam resultado. Então, investem em empresas que geram mais do que o financeiro. Isso acabou levando o mercado a avaliar estas empresas de forma mais cara. Como reduzem de forma substancial os riscos, elas passam a ser avaliadas em valores mais altos que a média do mercado. Por isso que esses papéis começaram a ter uma valorização maior a partir de 2020.

E como vai o Warren Green nestes primeiros movimentos?
O Green já é o nosso carro-chefe, conseguimos performance muito interessante ano passado, ficando entre os três melhores do Brasil (ano passado o fundo se valorizou 41%,ante 3,17% do Ibovespa). Hoje, o patrimônio líquido passa de R$ 54 milhões, com 17 mil investidores.

Ainda é difícil encontrar empresas alinhadas ao ESG e com bom potencial de lucro?
O mundo já vem discutindo o ESG (siglas para se referir a questões Ambiental, Social e de Governança) há algum tempo, desde os anos 90, mas no Brasil é mais incipiente. Em 2020, começou a se ver mais empresas se alinhando ao ESG. Isso ocorreu muito em face da pandemia, em que as organizações e a sociedade começam a sinalizar a busca com ambiente governamental mais estruturado, com governança corporativa mais forte e respeito a aspectos ligados ao meio ambiente. No mundo todo o ESG passou a ser mais discutido e surgiram novos fundos.

Hoje como é composto o Green?
O Green tem composição de 70% de ações do mercado brasileiro, 10% BDRs e 20% diretamente lá fora. Fizemos construção da carteira em um filtro negativo, porque acreditamos que aquelas empresas que cumprem os requisitos são as principais empresas do futuro.

O senhor pode mencionar algumas empresas que estão na carteira?
No Brasil, temos parcela dos principais bancos (Banco do Brasil, Santander, Itaú e Bradesco) e CMIG. E no mercado internacional investimos em Apple, JP Morgan e Microsoft. Tínhamos uma exposição grande de Tesla até ano passado, mas reduzimos por acharmos que o retorno/risco não estava mais tão interessante.

O fundo Equals, focado em igualdade de gênero nas empresas, também percebe esta preocupação dos investidores em se identificarem com a causa?
É bem claro a preferência das mulheres neste tipo de investimento, em uma sociedade cada vez mais discutindo a igualdade de oportunidades nas companhias e o respeito aos gêneros. Aproximadamente 65% dos investidores do Equals são mulheres, bem mais alto que a média de mercado dos fundos de investimentos no Brasil, que fica em 40%.

Qual o critério para uma empresa estar no Equals?
Partimos do Índice de Igualdade de Gênero da Bloomberg, que mapeia se há programa nas empresas para levar mulheres a cargos executivos ou se o processo de contratação de pessoas leva em conta minorias, por exemplo. Lançamos o fundo no ano passado. (em um ano, a rentabilidade do Warren Equals passa de 31%, ante 29% do Ibovespa).

E como é composto o Equals?
Fazemos composição por mercado brasileiro e internacional, 70% Brasil e 30% estrangeiro. Alguns exemplos de ações que temos são MRV, Ambev, Magazine Luiza, Arezzo, Santander e Vivara.

É difícil encontrar empresas que preencham esses requisitos?
O IG da Bloomberg tem 381 empresas no mundo, são 40 países e 11 setores. No Brasil, são por volta de 40 empresas. Vimos um movimento interessante em 2020, com muitas companhias no Brasil adotando estes critérios e se posicionando pela igualdade. Vemos grande potencial neste movimento daqui para a frente.

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