Em 2020, o Brasil perdeu 15 posições no Doing Business, passando a ocupar a 124ª posição no ranking, que tem 190 países. Na definição do seu criador, o Doing Business é uma das principais publicações do Banco Mundial, realizadas com base em estudo anual, medindo como as leis e regulamentações promovem ou restringem as atividades empresariais. Este apresenta indicadores quantitativos sobre a regulamentação dos negócios e a proteção dos direitos de propriedade, que podem ser comparados através de 190 economias – do Afeganistão ao Zimbábue – e ao longo do tempo. Ainda dentro do mesmo campo, “as economias com alta pontuação no Doing Business tendem a possuir níveis mais altos de empreendedorismo e menos índice de corrupção”.
Isto posto, vamos ao voto plural (aprovado dia 26 último, por meio da Lei 14.195/21) que deverá criar condições para a elevação do país no Doing Bussiness. De acordo com a diretora de Emissores da B3, Flavia Mouta, o espaço para coexistência de estruturas distintas de governança “é sinal de maturidade do mercado brasileiro”. E completa: “Podemos abrir espaço para empresas que querem uma estrutura de governança que dê um papel especial ao dono ou fundador e isso será avaliado no processo de precificação da companhia. Assim podemos ter estruturas de controle e governança diferentes, as quais serão analisadas e avaliadas pelos investidores”.
Já adotado nos Estados Unidos, França, Itália e Suécia, entre outros, o voto plural vem sendo discutido no Brasil há algum tempo. Mais recentemente foi objeto de amplo debate no IMK, Iniciativa do Mercado de Capitais, liderada pelo governo central, com participação de áreas técnicas do Ministério da Economia, agentes e entidades do mercado de capitais.
A Bolsa de Valores brasileira certamente não cita o episódio da abertura de capital da XP na Nasdaq, nos Estados Unidos, mas revela, em nota emitida à imprensa, que a criação de classes especiais de ações poderá impactar positivamente a abertura de capital das empresas no país.
APOIO
Em artigo veiculado na edição de dezembro último da Revista RI (publicação parceira do Portal Acionista), a advogada Nair Saldanha, presidente da Comissão Jurídica, e Eduardo Lucano, presidente executivo da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), destacam que nos Estados Unidos, “onde é comum o voto plural, empresas como Google, LinkedIn, Facebook e Snapchat adotam duas classes de ações, em que o voto dos fundadores vale até 150 vezes o dos novos investidores. A lógica deste modelo é baseada no princípio de que o acionista fundador possui competência diferenciada de gestão por ser o maior interessado e o mais comprometido com o sucesso de longo prazo da companhia”.
E destacam, no mesmo texto: “As mudanças, em nossa visão, contribuem para a internacionalização do nosso mercado de forma a elevar a oferta de ativos para os investidores locais e eliminar uma barreira à listagem de empresas locais no mercado norte-americano, ampliando a necessidade de modernização da legislação societária brasileira”.
IPO
Já são 45 os IPO´s neste ano, na B3. O mais recente é o do Grupo Vittia (VITT3), empresa brasileira de biotecnologia (defensivos biológicos e inoculantes) e nutrição especial de plantas de diversas culturas agrícolas.
É o agronegócio aumentando presença na B3.
IBOVESPA
A B3 divulgou prévia do índice Ibovespa B3 que vai vigorar de 6 de setembro a 30 de dezembro deste ano, com base no fechamento do pregão de 1º de setembro de 2021. Esta prévia registra a entrada da Alpargatas PN (ALPA4), Banco Inter PN (BIDI4), Banco Pan PN (BPAN4), Meliuz ON (CASH3), Rede D’Or ON (RDOR3), Dexco ON (DXCO3) e Petz ON (PETZ3), totalizando 91 ativos de 84 empresas.
PESADOS
Os cinco ativos mais pesados no Ibovespa atual são Vale ON (14,222%), Itaú Unibanco PN (6,319%), Petrobras PN (5,255%), Bradesco PN (4,611%) e Petrobras ON (4,049%).
ITR
Nunca é demais lembrar que as informações trimestrais passam a ser elaboradas no formato online via sistema Empresas.Net o que deverá facilitar o envio destas informações para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
PRIVATIZAÇÂO
A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) deu a largada em seu processo de privatização. O governador Eduardo Leite enviou PL à Assembleia Legislativa e foi aprovado. O toque da campainha ainda precisa esperar alguns procedimentos – passando pelo Tribunal de Contas do Estado e pela CVM, entre estes –, o que deverá acontecer somente em fevereiro de 2022.
A Corsan atende a 61% do estado (abrangendo população de 6 milhões de gaúchos, de 307 municípios) e no ano passado faturou R$ 480 MM.
TESOURARIA
A Itaúsa soltou comunicado, no fechamento da semana, dia 3, informando sobre negociações das próprias ações para Tesouraria. No texto, comunica aos agentes do mercado de capitais que em agosto/2021 adquiriu 1.750.000 ações preferenciais de emissão própria, aos preços de R$ 11,11 (mínimo), R$ 11,34 (médio) e R$ 11,50 (máximo) por ação.
MINÉRIOS
Se comparado agosto último com o mesmo mês do ano passado, as exportações de minério de ferro cresceram, em volume, 11,7%, totalizando 34,8 MM de toneladas.
Com os preços em alta no mercado internacional, o minério brasileiro faturou 5,69 bilhões de dólares em agosto, contra 2,38 BI do mesmo período de 2020. Dados foram disponibilizados pela Secretaria de Comércio Exterior.
PORTO
O Porto catarinense de São Francisco do Sul teve movimento de cargas 19,4% maior no primeiro semestre, comparado a igual período do ano passado. Madeira, celulose e ferro fundido foram os principais produtos, em meio ao volume de 7,2 milhões de toneladas.
PIB
A SulAmérica Investimentos estima pequena desaceleração no 4º TRIM e mantém projeção de crescimento de 5,2% do PIB para este ano.
Incertezas políticas e econômicas reduzem a expectativa para o ano que vem. Previsão é de + 1,8% em 2022.
AQUISIÇÃO
Em Fato Relevante, a SulAmérica anunciou proposta pela aquisição do controle da HB Saúde. A oferta é de R$ 485 milhões.
O Grupo HB tem carteira de 129 mil pessoas em planos de saúde e 25 mil beneficiários de planos odontológicos.
AMIANTO
A Eternit, empresa em recuperação judicial, divulgou Fato Relevante após o fechamento da semana, anunciando suspensão de liminar e de sentença de Ação Civil Pública, pelo STJ.
A companhia, que produz crisotila (amianto), retomaria suas atividades no sábado último, no estado de Goiás.
LOUCA
O Ministério da Agricultura confirmou, no sábado (3), a ocorrência de dois casos considerados atípicos da chamada “doença da vaca louca”. Com isso ficam suspensas as exportações de carne bovina para a China.
14 ANOS
A Revista Plurale e o site www.plurale.com.br completam 14 anos de existência. Na visão da jornalista Sonia Araripe, diretora e criadora das publicações, o melhor de Plurale é “contar e compartilhar as histórias de transformação – sejam de pessoas, ONGs ou empresas. No fundo, somos contadores de histórias. E temos procurado inspirar outras boas histórias”.
Para Sonia & Equipe o nosso abraço, recheado de carinho e respeito pelo trabalho.
GREEN BOND
A Iguá passa a integrar a Green Bond Transparency Plataform. Lançada em abril pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a plataforma acolhe a Iguá como primeira companhia da área de saneamento.
Investidores, e interessados em geral, podem acompanhar melhor os principais dados e indicadores de desempenho dos projetos financiados via títulos verdes na América Latina e Caribe.
CARBONO
Novidade no ar. O voo G3 1862, que decolou de Recife às 13h40 do dia 1º de setembro, e pousou no arquipélago de Fernando de Noronha às 15h55, não foi apenas mais um voo operado com êxito pela GOL. Foi o primeiro voo carbono neutro do Brasil. Desde então todos os voos da companhia de ida e volta para a ilha, a partir de Recife, têm emissão neutra de carbono, uma iniciativa em linha com as práticas ambientais vigentes em Fernando de Noronha.
Essa atitude inédita no Brasil nasce de uma parceria entre a GOL e a MOSS, uma das maiores plataformas ambientais de créditos de carbono do mundo. Funciona desta forma: a MOSS doa a todos os clientes da companhia e moradores da ilha que voam na rota Recife-Fernando de Noronha-Recife a compensação da pegada carbônica de suas viagens, neutralizando as emissões totais de carbono nos dois trechos. Assim, a pegada deixada nas duas viagens é automaticamente “apagada”, sem custo extra aos passageiros.
PROPÓSITO
Com o objetivo de dimensionar o valor, o impacto e a percepção do propósito corporativo e seu nível de influência sobre o comportamento das pessoas, seja para consumir, recomendar ou trabalhar numa empresa, a InPress Porter Novelli acaba de lançar o PPI Brasil 2021 ® (Purpose Premium Index), em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD).
Do total de entrevistados, cerca de 90% confiam mais em uma empresa com propósito, 88% preferem comprar marcas que defendem algo maior do que seus produtos e serviços e 76% dizem perceber quando uma empresa age de forma contrária aos seus valores. Além disso, autenticidade, ética, tratamento aos funcionários e proteção ao meio ambiente são os fatores ligados ao propósito que mais pesam na hora de escolher uma marca.
ENCONTRO
Tudo pronto para o 22º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, que este ano acontecerá no formato online, dias 27, 28 e 29 deste mês.
Promovido pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) em conjunto com o Instituo Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), o evento tem apoio do Portal Acionista, na divulgação.
TEMAS
Por decisão de sua Comissão Organizadora, foram eleitos como temas principais do Encontro: ESG – Desafios da Companhia; Responsabilidade ambiental, social e governança no RI; Transformação digital e comunicação financeira; Como tornar o relacionamento das empresas mais efetivo; Alterações na ICVM 480; Cases.
Para participar acesse: https://encontroderi.com.br/inscricoes/
ARTIGO
ODS e ESG andando sempre juntos
(*) Marcus Nakagawa
Estes dois acrônimos são o que todos os investidores, empresários, empreendedores e executivos deveriam pensar o tempo todo. Sabemos que a visão financeira e a busca pelo lucro e crescimento eterno é o que domina o pensamento linear e cartesiano tradicional. Mas, em um mundo da indústria 4.0, impressão de casas em 3D, inteligência artificial, exoesqueletos, carros voadores, drones entregadores, enfim, também temos que inovar e ampliar a forma simplista de pensar. Quem sabe não pensarmos em 4D?
Os ODS, para quem não conhece, são os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, que possuem 169 metas. Em 2015, os 193 Estados-Membros da ONU se reuniram e definiram quais eram os maiores problemas e desafios do mundo. Nestes ODS estão englobados objetivos não só ambientais, como a maioria das pessoas associam a sustentabilidade ao meio ambiente. Também entram as questões sociais, econômicas e parcerias. Por exemplo, tem o ODS número 8 que está ligado ao trabalho decente e ao crescimento econômico; e o número 9, à indústria, inovação e infraestrutura. E para cada um destes ODS é feito um recorte com as suas metas e desenvolvimento. Conheça mais em https://brasil.un.org/pt-br/sdgs
Muitos acham que os ODS são só para as questões governamentais ou do coletivo, porém, várias empresas também estão no processo de realizar esses objetivos por meio dos seus produtos, serviços, processos, projetos e atividades. Essas empresas entenderam que nesse novo processo de ganha-ganha, quando é realizada uma ação para melhoria da meta do desenvolvimento sustentável, todos ganham. Lá no Fórum Econômico Mundial do ano passado, até chamaram esse pensamento da economia dos stakeholders, ou seja, que as empresas deveriam trabalhar não só para ter o lucro do acionista e para atender as demandas dos clientes e consumidores, mas também para entregar valor aos outros públicos de relacionamento, como os fornecedores, os empregados, a comunidade no entorno, o governo, a sociedade, entre outros.
E desde o Fórum Econômico Mundial a questão do ESG (acrônimo para Enviromental, Social e Governance, em português Ambiental, Social e Governança) ficou mais forte. Tanto que, segundo a Bloomberg, o montante de recursos mundial, que está ligado de alguma forma a esta temática, representou cerca de US$ 38 trilhões em 2020 e, em 2025, deve chegar a US$ 53 trilhões, o que equivale a um terço dos ativos de investimentos.
Para apresentar as atividades ligadas ao ESG nas organizações, a pesquisa da AMCHAM de 2021, com 178 lideranças de empresas no Brasil, 95% dos entrevistados afirmaram que as suas empresas possuem engajamento no ESG, sendo que 37% destes têm um engajamento em planejamento ativo e estão mapeando os pontos a serem desenvolvidos; 31% dizem já ter um engajamento integral e integrado ao negócio, colocando a sustentabilidade na gestão estratégica; 26% vêm construindo este engajamento adotando práticas para minimizar seus impactos socioambientais; e 89% dos entrevistados colocaram que já possuem algum nível de investimento direcionado para esse objetivo.
O crescimento do interesse pela temática não é só das gigantescas empresas ou dos investidores, mas também das startups, segundo a ACE Cortex, área de inovação da ACE Startups, já são mais de 340 startups que se dedicam ao meio ambiente, questões sociais ou em melhorias de governança em empresas de grande porte, ou seja, o desenvolvimento de um mercado de produtos e serviços, se aprimorando para atender às demandas específicas de cada um dos indicadores do ESG das empresas.
Por outro lado, no acrônimo ODS, tivemos um retrocesso acelerado no país, segundo a 5ª edição do Relatório Luz da Sociedade Civil de 2021. Este documento é desenvolvido por um Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030, que reúne 57 organizações não governamentais, movimentos sociais, fóruns, redes, universidades, fundações e federações brasileiras. Este diagnóstico foi atestado por 106 especialistas em diversas áreas dos 17 ODS e as suas metas, colocando que “a destruição de direitos sociais, ambientais e econômicos, além de direitos civis e políticos, arduamente construídos nas últimas décadas, fica patente nas 92 metas (54,4%) em retrocesso; 27 (16%) estagnadas; 21 (12,4%) ameaçadas; 13 (7,7%) em progresso insuficiente; e 15 (8,9%) que não dispõem de informação. Este ano não há uma meta sequer com avanço satisfatório”.
Assim entendemos que precisamos juntar e fazer com que os acrônimos andem em conjunto. Não só empresarialmente, mas para todos os stakeholders, pois no final do dia ou do ano estamos todos no mesmo “barco” ou no mesmo planeta com as mesmas demandas, desafios e problemas.
(*) Marcus Nakagawa é professor e coordenador do CEDS/ESPM. É também palestrante e idealizador da Abraps e do “Dias Mais Sustentáveis”.