A vida é cheia de surpresas e imprevistos. A perda inesperada do emprego, uma doença na família, dentre outras eventualidades podem levar muitas pessoas ao sombrio mundo das dívidas ou a perda de bens que levou anos para conquistar. Qualquer um de nós está sujeito a algo que fuja ao nosso controle, o que muda é a maneira como cada um se prepara para lidar com essas mudanças de planos.
E é aí que entra a reserva estratégica. O objetivo desta reserva é ser um recurso que esteja disponível a qualquer momento em caso de situações inesperadas.
Todas as pessoas devem e precisam ter a reserva estratégica, ou reserva de emergência, como muito se fala por aí. Como não podemos evitar o acaso, podemos tentar diminuir os danos caso aconteçam. Como por exemplo recorrer a empréstimos bancários com altas taxas, entrar no cheque especial ou mergulhar em dívidas no cartão de crédito.
A reserva estratégica deve corresponder ao período de seis meses a um ano de despesas essenciais de uma pessoa. No entanto, cada um tem suas próprias necessidades essenciais e por isso a quantidade de meses e o valor pode variar para cada um. As despesas essenciais são contas residenciais, alimentação, transporte, saúde e lazer. Por isso uma recomendação de que se faça um levantamento detalhado das necessidades mensais para calcular quanto seria o valor ideal desta reserva.
Um exemplo simples: Lucas possui despesas essências mensais no valor de R$ 1.800,00. Para que ele tenha uma reserva estratégica que garanta a manutenção das suas despesas nos próximos seis meses ele precisará ter guardado um valor de R$ 10.800,00.
Então onde investir essa reserva?
Por se tratar de um recurso para urgências, esse investimento não pode estar sujeito a surpresas negativas de rentabilidade e de prazo para resgate. As principais características de uma aplicação adequada para a reserva estratégica são: segurança, liquidez e baixa volatilidade. Em outras palavras: baixo risco, poder resgatar a qualquer momento e sem/ou baixa oscilação de taxas.
Como sugestão de melhor investimento para suprir essas necessidades está o Tesouro Selic. Vamos conhecer um pouco mais sobre ele:
Segurança – Quem emite os títulos do Tesouro é o Governo Federal. Ou seja, o risco do investidor não receber o seu dinheiro aplicado é o risco do país quebrar.
Liquidez – Os recursos do Tesouro Direto estão disponíveis para saque diariamente, caindo na conta no dia seguinte. E a rentabilidade é diária.
Baixa volatilidade – O tesouro Selic rende 100% da taxa básica de juros do Brasil (Selic). Não corre o risco de mercado, que é da aplicação está valendo menos do que o esperado. É importante ter em mente que a finalidade desta aplicação não é alta rentabilidade, mas sim de proteger o patrimônio.
Para poder aplicar no Tesouro Selic basta procurar uma corretora que não cobre taxa de corretagem ou algum banco que está oferecendo o mesmo benefício da isenção.
Existem outras opções de investimentos que não abordamos aqui. Contudo, deixar o valor aplicado na poupança não é recomendado. A poupança rende hoje 70% da Selic mais TR. E a sua rentabilidade só entra uma vez por mês na data de aniversário. Caso haja a necessidade de resgatar antes da data, perderá todo o rendimento do período.
Agora que você já sabe o que é a reserva estratégica e já tem opção de onde investir, é hora de começar a poupar! Não é necessário ter todo o montante em mãos para começar a aplicá-lo. Pois ao fazer isso você está deixando de ganhar a rentabilidade diária do investimento. O ideal é fazer aplicações mensais dentro do seu orçamento, já separando o valor da reserva estratégica até atingir o montante almejado.
Depois da reserva criada e ter alcançado o valor desejado, ela deverá permanecer aplicada e sem retiradas, a não ser em casos de imprevistos.
A hora de começar é agora!
Juliana Barbosa é Economista e Educadora Financeira. Especialista em Finanças Empresariais, Gestão Bancária e Gestão Empresarial. Membro da Abefin – Associação Brasileira de Educadores Financeiros. Sócia da Cifrão Educação Financeira.