Geralmente, em virada de mês, diversas casas divulgam suas atualizações e ajustes nas carteiras recomendadas em busca das melhores oportunidades do momento.

Iniciando o segundo mês do ano, observamos como os fatores destacados pelos analistas, como a vacinação em massa, estão atuando e influenciando o momento. Assim como o cenário doméstico se organiza conforme as eleições do presidente do Senado Federal e da Câmara dos Deputados e também o cenário externo, com as novas cepas do coronavírus e os lockdows.

Reunimos o pensamento de diversos analistas para você iniciar o mês entendendo a visão deles e observar onde estão os riscos e as possibilidades de ganhos.

Virada de mês

A tendência e os desafios para o Ibovespa

A perspectiva de acordo com a BB Investimentos

Segundo os analistas, a tendência para o principal índice acionário da bolsa segue indefinida, mas com maiores chances de baixa no curto prazo. Um ponto negativo foi o novo lockdown que surgiu em diversos países europeus, por conta do aumento de casos da pandemia, o que trouxe a percepção de provável crescimento global menor do que era esperado pelo mercado para 2021. Ainda sobre o Ibovespa, a BB espera que fique no alvo de 130.000 pts para o índice deste ano, com valorização de 12,98%.

De início, com relação à carteira recomendada, a estratégia deles foi de recomposição de portfólios, mas isso foi perdendo força ao longo de janeiro. Na virada de mês, as sugestões foram atualizadas e estão pautadas entre empresas que podem aproveitar a retomada do ciclo doméstico, como a Weg e entre outras.

No cenário interno, consideram como o principal fator a política fiscal, utilizada em todo o mundo para mitigar os efeitos adversos que ocorrem por conta da pandemia. Depois  das eleições para presidente do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, que ocorreram no dia primeiro e no dia 2 de fevereiro, respectivamente, o foco dos investidores deve ser para as proposições pelo Governo das reformas necessárias para debelar o déficit fiscal, e como serão feitos os seus processos. Destacam a permanência da inflação como um incômodo, e também com o PIB doméstico que deve se prejudicar novamente. O fechamento de diversos países na Europa preocupa o cenário externo, assim como as novas cepas, o que pode prejudicar novamente as economias emergentes.

A recomendação de compra para o setor financeiro

Assim como a BB, a Necton destaca a pandemia e os fechamentos de diversos países como o principal agravante do momento, tanto internamente como em outros países.

Um destaque positivo é que o mês pode ser de grandes avanços na vacinação em massa e aprovação de outras vacinas que ainda não foram autorizadas. Ressaltam os estudos que surgem sobre a vacina Johnson & Johnson. Eles acreditam que, fora a pandemia, o cenário é de resultados globais positivos, sendo o principal destaque os balanços corporativos de empresas norte-americanas.

No Brasil, espera-se uma boa amostra dos resultados vindos do setor financeiro na primeira semana do mês. Com isso, aconselharam a compra no setor financeiro por meio das recomendações do Bradesco e do Banco do Brasil.

Além das discussões sobre as eleições políticas, ressaltam a votação para o orçamento de 2021 e as conversas que ocorrem sobre o retorno do auxílio emergencial.

As oportunidades entre os segmentos dos Fundo Imobiliários

Janeiro foi um mês conturbado no cenário externo com eventos como o anúncio do acordo do Brexit e a invasão do congresso dos EUA. A nova secretária do tesouro americano, Janet Yellen, afirmou que a taxa de juros vai permanecer baixa por um bom tempo, permitindo assim que ocorra a expansão do endividamento para financiar mais gastos públicos.

A Mirae Asset destaca a China, que anunciou o seu PIB em 6,5% no quarto trimestre de 2020. Já na parte local, eles afirmam que por conta da piora da inflação apresentam-se dúvidas sobre as próximas decisões do Banco Central.

Sobre o setor imobiliário, a Mirae afirma que ele começou a se recuperar no 2S19, com a retomada de lançamentos residenciais em todo o país. Ainda aguardam um aumento de vacância ainda no curto prazo para o setor de lajes corporativas, que se deve ao aumento do home office e o impacto da crise em inquilinos. Não recomendam esse segmento de fundo em sua carteira.

Seguem otimistas com o segmento de galpões de logística, fundos de fundos, recebíveis e esperam a recuperação de shoppings.

O dividend-yield dos fundos deverá continuar superior. Eles pensam que a retomada da economia, que já está ocorrendo, beneficiará os fundos imobiliários.

A Necton diz que no mercado de fundos imobiliários, os CRIs foram destacados. O IPCA teve alta de 1,35% em dezembro, estando acima das expectativas, e o IPCA-15 de janeiro teve alta de 0,78%. Já o IPGM subiu 2,58% no primeiro mês do ano. A permanência dos índices de inflação em alta, continua a beneficiar os fundos de CRIs. Fevereiro deve contar com maior volatilidade, por isso eles optaram por não fazerem modificações em sua carteira nesta virada de mês.

O “jogo da inflação” mudou

Veja o que a JP Morgan diz sobre a relação da inflação com as empresas

A expectativa da JP Morgan é de que a inflação cresça modestamente nos próximos 12 a 18 meses, ficando abaixo de 2% nos EUA e 1% na Europa. A casa, alerta para os investidores que fiquem receosos de guardar muito dinheiro. Para eles, “jogo da inflação” mudou. Hoje o risco de que os preços não vão crescer rapidamente, ou que vão cair, é mais realístico do que a ameaça de que eles vão crescer rapidamente. O resultado disso são os bancos centrais globais tentando empurrar a inflação mais alto, ao invés de trabalhar em manter ela contida.

O número de desempregados nos EUA continua muito alto, apesar dos números de emprego terem começado a aumentar. Além disso, a economia digital não apresenta capacidade de restrições físicas para levar aos picos dos preços. As interrupções da desglobalização das cadeias de suprimentos podem colocar pressão nos preços, mas esse processo vai demorar anos e até décadas. Bancos centrais vão precisar se manter favoráveis no futuro próximo para manter as expectativas da inflação próximas das suas metas.

Aumentar modestamente a inflação poderia ser consistente junto com a melhora do cenário de crescimento global e com bancos centrais querendo alimentar modestamente para mais alta a inflação. Pensam que o investidor pode se apoiar nos “high yields” e nas ações preferidas. Podem haver oportunidades nos ativos que se dão bem quando a inflação aumenta, sendo esses: o setor imobiliário, o de infraestrutura e o de mercadorias.

Publicidade

Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte