Tal como acontece todos os meses, esta semana fiz uma viagem pelos mercados mundiais, para tentar enxergar oportunidades. Sempre há uma ou outra novidade.

Comecemos pelo dólar, que está caindo frente a outras moedas fortes, principalmente o euro e o franco suíço.

A explicação para esse movimento é óbvia. Enquanto Jerome Powell, chairman do Federal Reserve Bank (FED – Banco da Reserva Federal dos Estados Unidos), hesita entre os medos de inflação, recessão e quebradeira de bancos, no outro lado do Atlântico Norte, Christine Lagarde, sua equivalente no BCE (Banco Central Europeu), vem aumentando a taxa básica de juros sem dó nem piedade, temendo, com razão, uma alta ainda maior da inflação nos países do Velho Continente.

Como o franco suíço é mais ou menos atrelado ao euro, o acompanha na alta.

Outro mercado que está se sobressaindo é o de metais preciosos. Cotado acima dos dois mil dólares pela primeira vez na história, o preço do ouro está se beneficiando do cenário de taxas de juros negativas em grande parte do mundo.

A prata acompanha o ouro, embora, ao contrário deste, ainda esteja longe de sua máxima histórica, alcançada em 2011.

É bom lembrar que o ouro é a commodity antidólar.

Cotado a US$ 2.879,00 por tonelada métrica na ICE (Intercontinental Exchange), em Nova York, o cacau está testando as máximas de 2020. As razões para isso são aumento de consumo concomitante com queda na produção.

É bom lembrar que o cacau é uma commodity de ciclos prolongados, tanto nas lavouras como nos preços futuros, já que uma coisa tem a ver com a outra. Uma vez plantado, o cacaueiro demora até três anos para dar os primeiros frutos.

Não é como a soja, por exemplo, cuja cultura é anual, e até bianual (como acontece no Brasil, já que temos as safrinhas), onde um bull market pode (e costuma) ser seguido de um bear market no ano seguinte.

Em minha opinião, a grande estrela do show das commodities é o mercado de açúcar, no momento cotado, na ICE, em Nova York, a 24 centavos de dólar a libra-peso.

A razão para isso são as secas e ondas de calor, sem precedentes, que assolaram os canaviais da Índia nos últimos tempos (consequência inequívoca do aquecimento global), concomitantes com o aumento de consumo na própria Índia, aumento esse que tende a continuar nos próximos anos, e até mesmo décadas, já que o país, que agora se tornou o mais populoso do mundo, tem um espaço enorme para crescer economicamente.

Vale lembrar que a Índia é o segundo maior produtor mundial de açúcar, perdendo apenas para o Brasil.

Bull markets de açúcar acontecem de tempos em tempos, sendo os dois maiores os de 1974 e 1980. No primeiro, a libra-peso, cotada na então CSCE (Coffee, Sugar & Cocoa Exchange), em Nova York, bateu 51 centavos de dólar. Em 1980, o preço se elevou a 39 centavos.

Se corrigirmos esses valores pelos índices de inflação americana, uma equivalência hoje ao bull market de 1974, seria de US$ 3,12. Já o de 1980, representaria US$ 1,43.

Só para adoçar a boca do caro amigo leitor, se esses preços se repetirem, e considerada a correção monetária dos períodos, cada contrato de açúcar renderá 305 mil, setecentos e sessenta dólares (base 1974) ou 133 mil, duzentos e oitenta dólares (base 1980).

Considerando-se os consumos indiano e chinês, e as ondas de calor provocadas pelo aquecimento global, esses cenários grandiosos (para os touros do mercado de açúcar, é claro) são perfeitamente factíveis.

Na ICE, a margem inicial do contrato é de US$ 3.010,00. Imaginem um ganho, por contrato, de 10.058%. Pois é disso que estou falando.

Para quem acha muito complicado abrir uma conta na ICE, em Nova York, sugiro ao menos adquirir, na B3, ações de empresas brasileiras produtoras de açúcar e etanol.

Em 1974, a Copersucar tornou-se a maior empresa do Brasil, se dando ao luxo de patrocinar sozinha a transmissão pela TV da Copa do Mundo da Alemanha, realizada naquele ano.

Como se não bastasse, a empresa montou uma equipe de Fórmula 1. Os mais antigos devem se lembrar do carro prateado da Copersucar, pilotado por Wilson Fittipaldi e, mais tarde, pelo irmão Emerson e pelo finlandês Keke Rosberg.

Last but not least, outro mercado que está oferecendo uma boa oportunidade é o de dólar futuro na B3. Isso porque é bem possível que o nível de R$ 5,00, que até bem pouco tempo era suporte, está dando pinta de se transformar em resistência.

A diferença de taxas de juros reais do Brasil para os Estados Unidos chega a ser indecente (com minhas vênias ao Campos Neto).

Portanto sugiro venda a descoberto de contratos cheios ou minicontratos de dólar toda vez que a moeda americana se aproximar dos cinco reais.

Esses rallies de short covering não só são possíveis como prováveis. Basta o Lula fazer uma asneira, como mandar o Fernando Haddad e a Simone Tebet, que juntos fazem maioria no Conselho Monetário Nacional, alterarem as metas de inflação, justamente agora que esta ficou (mesmo que temporariamente) dentro da banda fixada anteriormente.

Um ótimo fim de semana para todos,

Ivan Sant’Anna

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