Enquanto as empresas não divulgam seus resultados do primeiro trimestre deste ano (1T24), o Acionista anda conversando com alguns especialistas para sondar o que pode vir por aí. Entre nossas fontes, fizemos uma entrevista com Nilson Lima (foto abaixo), analista quantitativo da CM Capital. Confira:

Acionista –  Considerando o cenário atual, o que esperar do 1T24?

Nilson Lima – No primeiro trimestre de 2024, o mercado de ações brasileiro enfrentou um período desafiador. Após um forte desempenho no último trimestre de 2023, as expectativas eram altas para o início do novo ano. No entanto, o mercado passou por uma correção logo no início do ano, seguida por uma fase de lateralização que persistiu ao longo de todo o trimestre.

Um dos fatores que contribuíram para esse desempenho fraco foi a mudança nas expectativas de política monetária nos Estados Unidos. Inicialmente, os investidores esperavam que o Federal Open Market Committee (FOMC) reduzisse a taxa de juros já em março. No entanto, essas expectativas foram sendo adiadas, e agora a previsão é de que os cortes de juros comecem apenas no segundo semestre do ano. Esse cenário afetou negativamente o fluxo de capital para mercados emergentes, incluindo o Brasil.

O primeiro trimestre de 2024 foi marcado por um desempenho decepcionante para o mercado de ações brasileiro, com o Ibovespa consolidando-se mais perto de seu topo histórico, mas sem conseguir romper para novas altas. Os investidores permanecem cautelosos, aguardando sinais mais claros de recuperação e atentos às mudanças nas expectativas de política monetária, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Divulgação/CM Capital

A- Há outros fatores relevantes que influenciaram?

NL – Houve um fluxo negativo de investidores estrangeiros no mercado brasileiro durante boa parte do trimestre, o que exerceu pressão adicional sobre o mercado. Os resultados fracos do quarto trimestre de 2023 de empresas importantes como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) também impactaram negativamente o Ibovespa. Essas empresas, que têm grande peso no índice, não conseguiram impulsionar o mercado com seus resultados.

Outro ponto de destaque foi a alta nas taxas de juros nos EUA, que também influenciou as taxas de juros no Brasil. Apesar da queda da taxa Selic, as taxas de juros brasileiras subiram marginalmente em 2024, devido à pressão dos juros de mercado maiores nos EUA e aos dados piores de inflação e atividade econômica no Brasil.

Em meio a esses desafios, o mercado brasileiro ficou para trás em comparação com outros mercados emergentes e desenvolvidos, que se recuperaram após correções iniciais e até atingiram novos topos. O Ibovespa, altamente concentrado em poucos ativos, foi particularmente afetado pelo desempenho negativo de empresas-chave.

A – Qual setor você acredita que apresentará melhor desempenho no 1T24?

NL- Sem dúvidas, o melhor setor foi o Industrial, impactado pelos altos retornos em Embraer (EMBR3) e Braskem (BRKM5).

A- Qual os destaques positivos e negativos no trimestre?

NL- Acredito que Embraer apresentará resultados muito positivos, porém a dupla Casas Bahia / Lojas Americanas deve continuar decepcionando os investidores.

A- Qual será a “zebra” do 1T24?

NL- BRKM5 – apesar do imbróglio e dos problemas gerados em Maceió, a empresa deve surpreender.

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