Diferentemente de outros países capitalistas, nos quais deve ser um tédio ser morador ou investidor, o Brasil promete novas emoções na semana que ora se inicia. Embates entre os poderes Executivo e Judiciário continuam e a tendência, em ano eleitoral, não é de arrefecimento. O processo eleitoral começa a borbulhar pra valer, com o presidente da República já tendo ameaçado não aceitar o resultado das urnas, se este lhe for desfavorável, e nos últimos dias fomos pegos de surpresa com o brutal assassinato do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira, com alta repercussão nacional e internacional.

Antes assistimos à mobilização dos governadores para a questão do teto de cobrança (17%) e congelamento do ICMS, tendo no centro das atenções a Petrobras. A propósito, o governo que aceitou generosamente a montanha de dinheiro originada nos dividendos da petroleira em 2019, 2020 e 2021 – bem como os polpudos impostos decorrentes da operação –, cismou com o lucro de R$ 48,5 BI (referente ao primeiro trimestre do ano) anunciado em maio. Já em campanha à reeleição, o chefe do Executivo considerou – agora – um acinte o volume de dinheiro destinado aos acionistas, enquanto o povo (ah, o povo!) paga valores crescentes nas bombas de combustíveis.

Como acionista majoritária, a União poderá destinar “a parte do leão” (dos dividendos) para um Fundo de Estabilização (que já teve o nome de Conta de Equalização, em discussão anterior), amortecendo a disparada dos preços, que segue uma tabela internacional. Mas há resistências, no governo e no próprio Congresso, a esta proposta defendida pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG, presidente da Câmara Alta). Já o deputado Arthur Lira (PP-AL, presidente da Câmara dos Deputados), fiel escudeiro do senhor capitão, promete protocolar pedido de CPI (na segunda, 20) para investigar a formação de preços da Petrobras, como se diretoria e presidência da companhia fossem estranhos ao Planalto. “Não há essa dicotomia”, enfatiza Pacheco no jogo do estica e puxa.

Em razão das explícitas ameaças de intervenção do governo no dia a dia da companhia, as ações da Petrobras despencaram 10% durante o último pregão, mas fecharam com queda de 7%. Isto arrastou o Ibovespa pra baixo, com perda de 2,9% e caindo abaixo com 100 mil pontos (99.824, mais exatamente) no fechamento da semana. Com esse “rabo de arraia” da sexta última, o principal índice da B3 acumula queda de 5,3% na semana e de -10,29% no mês.

Mas isto ainda não é tudo. O “petroimbróglio” certamente protagonizará novos episódios na semana. Como é conhecida a insatisfação da equipe econômica com a proposta do Fundo, cuja discussão avançou na última sexta-feira, não se espante se o “Posto Ipiranga” perder a bandeira nos próximos dias.

RECESSÃO?

O barril de petróleo, que superou a barreira dos US$ 120 neste ano (em 30 de maio último), fechou em queda na sexta passada, com os contratos futuros negociados a US$ 113,12. A notícia mexeu com o mercado e as ações da 3R Petroleum, por exemplo, caíram 9,38%, enquanto as da PetroRio perderam 8% de valor.

A Petrobras, que teve um tombo de 7%, poderá cair ainda mais, avaliam dois analistas de investimentos ouvidos pela coluna, em razão da ameaça de “intervenção” do acionista majoritário (leia-se governo Bolsonaro, representando a União neste momento). A propósito, a maior companhia brasileira listada na Bolsa já perdeu quase R$ 100 milhões em valor de mercado desde o dia 23 último, quando o governo anunciou a iminente saída de José Mauro Coelho da presidência, calcula a Economática/TC (parceira do Portal Acionista).

O recuo no preço do barril de petróleo deve-se a uma desconfiança de recessão mundial, ora precificada.      

OFERTA

No último pregão da semana que passou, a PetroReconcavo – operadora independente de petróleo e gás –, celebrou oferta subsequente de ações, na B3, com direito a toque de campainha. Foram 44 milhões de novas ações da companhia, com oferta restrita, no 12º follow-on realizado na Bolsa brasileira este ano.

“Estamos bastante animados com o levantamento de R$ 1,03 BI em oferta de ações, que nos possibilita investir os recursos no financiamento de potenciais aquisições futuras e seguir com o nosso plano de expansão”, comemorou Rafael Cunha, CFO da PetroReconcavo.

SANEAMENTO

Manda quem pode, obedece quem tem juízo – reza o dito popular. A atual direção da Copasa (CSMG3) tem mostrado uma certa resistência à abertura do setor de saneamento nas Geraes, desagradando o governador liberal Romeu Zema (Novo), de olho na reeleição.

Resultado: na última sexta, 17, o Conselho de Administração da companhia se reuniu para guilhotinar o CEO Carlos Eduardo Tavares de Castro e iniciar, oficialmente, a busca por um sucessor. O advogado Pedro Eustáquio Scapolatempore, conhecedor da área, aparece como o virtual indicado.

PORTOS

O Complexo Industrial Portuário de Suape sediou, na sexta, 17, reunião técnica de fomento a novos negócios em operações de movimentação de grãos. O encontro foi provocado pelo consórcio SUA Granéis (formado pelas empresas Agemar, Loxus e Marlog). Desde março deste ano o grupo tornou-se arrendatário do Terminal de Granéis Sólidos de Suape (TGSS) e vai explorar o equipamento por um período de 25 anos. Locallizado na retroárea do Cais 5, em um espaço de 72 mil m2, recebe investimentos de R$ 59,8 milhões.

O encontro teve o objetivo de avaliar a possibilidade de atração de novas cargas, como milho e soja, que seriam escoadas pelo atracadouro pernambucano.  

TECNO

Os bancos brasileiros investirão R$ 35,5 BI em tecnologia, neste ano, valor 18% maior em relação a 2021. Este é o orçamento identificado em pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em parceria com a Deloitte.

Ao todo foram envolvidas 17 instituições que, juntas, representam 82% dos ativos bancários do país. Os principais investimentos estão contidos em temas como segurança cibernética, inteligência artificial e open finance.

CERTIFICAÇÃO

A Minerva Foods, líder em exportação de carne bovina para a América do Sul, anuncia a renovação do certificado BRCGS (Brand Reputation Through Compliance), com Grade AA, pelo segundo ano consecutivo, de sua unidade de Janaúba (MG). Esta certificação é atestada pela QIMA/WQS e tem validade até junho/2023.

A BRCGS é um protocolo projetado para harmonizar os padrões de segurança dos alimentos em toda a cadeia de fornecimento. Entre outros critérios, avalia o compromisso da alta administração e o desenvolvimento de uma cultura de segurança do produto.

VENTURE CAPITAL

A Suzano, maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo e uma das maiores produtoras de papéis da América Latina, anuncia a criação da Suzano Ventures, o Corporate Venture Capital da companhia que terá US$ 70 milhões em recursos disponíveis para serem investidos em startups. Com isto, a companhia pretende acelerar o processo de Inovação aberta e se tornar uma plataforma global no estímulo ao empreendedorismo em torno de soluções para a bioeconomia com base na floresta plantada.

A prioridade, em um primeiro estágio, será dada a startups e/ou empresas com inovações em negócios a partir de novas tecnologias e aplicações de biomassa celulósica, soluções que fomentem o uso de embalagens celulósicas, além de agtechs que acelerem a produtividade agroflorestal e a captura, mensuração e gestão do sequestro de carbono.

DIVERSIDADE

A Ventiur, aceleradora e investidora de negócios, anuncia um reforço de peso para o Conselho de Administração. Com experiência de três décadas no mercado financeiro, no qual exerceu cargos de liderança em multinacionais como Citibank e Deutsche Bank, Maria Cristina (Kika) Ricciardichega para contribuir com o projeto de expansão nacional da Ventiur.

Com vivência em organizações ligadas à inovação e ao empreendedorismo, ela participou recentemente com este colunista de uma live sobre a representatividades das mulheres em Conselho de Administração.

Kika Ricciardi é a primeira mulher e segundo membro independente do Conselho da Ventiur, juntamente com Moyses Simantob. Os outros conselheiros são os sócio-investidores Carlos Klein, Djulion Kolberg, Marco Defferrari, Robinson Klein e Rodrigo Stefanini.

INCLUSÃO

A Cummins Brasil foi reconhecida como uma das melhores empresas para profissionais LGBTI+ trabalharem no Brasil, por meio de pesquisa inédita realizada pelo Instituto Mais Diversidade (organização sem fins lucrativos para promoção do trabalho digno e a geração de renda para todas as pessoas LGBTI+), em parceria com a Human Rights Campaign Foundation (HRC) e o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+. 

Em sua primeira edição, o ranking contou com uma análise abrangente sobre a adoção de políticas inclusivas relacionadas aos colaboradores por empresas de diversos setores. A metodologia da HRC com a Mais Diversidade avaliou as práticas em cinco pilares fundamentais para a inclusão LGBTI+: Políticas e documentos institucionais de não-discriminação; Governança em Diversidade e Inclusão; Educação para a diversidade LGBTI+; Compromissos Públicos e Monitoramento da inclusão LGBTI+.

ENCONTRO RI

Lembrete: o 23º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais acontecerá nos dias 27 e 28 próximos. Acesse programação e inscrição pelo link https://encontroderi.com.br/

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Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte