Pense em um país que tem um clima privilegiado e produz duas safras anuais de grãos, contra apenas uma da concorrência. Pense que neste lugar estão aproximadamente 13% de toda água potável do mundo e cujo agronegócio – que participa com 26,6% do PIB nacional, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP – representa 36% de todo o comércio internacional de grãos. Acomode-se (mas não demais!), você está no Brasil. E com tanta exuberância, o que falta ainda?

– No Brasil faltam investimentos. A pontuação é de Gustavo Marder, diretor de Relações com Investidores da Rumo, expressa durante Encontro Setorial Apimec sobre Logística e Sustentabilidade. Por isso a companhia, que investiu R$ 20 bilhões até o ano passado, em ferrovias, deverá investir outros R$ 20 BI, mirando o Centro-Oeste (Goiás e Tocantins).  A Rumo, que tem 14.000 km de malha ferroviária e que também atua no negócio armazenagem, entende que o Brasil oferece muitas oportunidades de crescimento.

Depois de citar operações em equity e mercado de dívida, junto ao mercado de capitais brasileiro, Marder fincou bandeira no quesito sustentabilidade – não sem antes dar uma cutucada no colega da JSL, junto no mesmo painel – destacando que o transporte ferroviário emite seis vezes menos carbono que o rodoviário.

Siga alguns tópicos, do mesmo evento, realizado no dia 25, no formato híbrido: presencial (no Rio de Janeiro) e online.

CONCENTRAÇÃO

Segundo Marco Saravelle, consultor de investimentos convidado a mediar o evento da Associação dos Profissionais de Investimentos e Analistas do Mercado de Capitais-Apimec (acima descrito), 75% do transporte ferroviário no país é de minério de ferro. Há uma exagerada concentração nisso, reconhece ele.

Para o Relações com Investidores da Rumo, as ferrovias servem à economia e não se pode escolher as cargas. “Em nosso caso, o mix de produtos é de 2/3 de grãos”.

RODOVIÁRIO

Guilherme Sampaio, RI da JSL, destacou os 65 anos da companhia e a idade da frota de caminhões próprios: 3 anos. Isto, segundo ele, permite rodar com menos acidentes e menos emissão de gases que a maioria dos transportadores, já que a frota nacional tem 20 anos de idade (em média).

AÉREO

A Gol hoje está entre as 20 menos poluidoras do setor, no mundo, contou Mário Liao, diretor financeiro da companhia aérea brasileira. De acordo com ele, a frota de 137 aeronaves emite 3,5 milhões de toneladas/ano de gases do efeito estufa. Comparando-se com os modelos mais antigos (de 10 e 20 anos atrás), os novos aviões emitem 15% menos. O setor aéreo se comprometeu com a emissão zero, até 2050.

MARÍTIMO

A eloquente Sandra Calcado, head de Estratégia e RI da Login, cuja empresa opera com 11 embarcações (sendo 7 próprias), defendeu a cabotagem (veja artigo em nossa coluna anterior, sobre a BR do Mar) e lembrou que o país oferece muitos recursos para a navegação, com os 8.000 km de costa e a concentração de 80% da população em um raio de 200 km dessa costa.

Mostrando uma de suas vantagens competitivas, a executiva disse que tem custo entre 10% e 40% menor que o transporte rodoviário e que a cabotagem pode crescer, rapidamente, até cinco vezes no Brasil.

NOVOS TEMPOS

A Natura & Co (novo nome da companhia que agrega as marcas Natura, Aesop, The Body Shop e Avon) cresceu baseada no trabalho das consultoras. Depois abriu lojas próprias, foi pra dentro de centros comerciais e o resto é história.

Hoje, com o uso do e-commerce e especialmente depois da pandemia, a companhia, paradoxalmente à sua origem, já tem 25% de vendas online. E isto pode crescer, comenta Leonardo Romano, diretor de Supply Chain e Inovação Logística da companhia, que já realiza 50% do volume de suas entregas em dois dias. A Natura tem seis fábricas e 22 Centros de Distribuição nas Américas (sendo metade disso no Brasil). Com as fusões e incorporações, é a quarta internacionalmente maior no ramo de beleza.

DIVERSIDADE

Há três anos, as pessoas negras representavam cerca de 10% da força de trabalho na B3 e hoje representam quase 20%, afirmou o presidente Gilson Finkelsztain, durante evento em que se discutiu o combate ao racismo estrutural.

ÁSIA

A B3 acaba de inaugurar escritório em Singapura, ampliando presença na Ásia e Oceania. A Bolsa brasileira tem em operação escritórios em Chicago, nos Estados Unidos; em Londres, Inglaterra; e em Xangai, na China.

SEGUROS

Com inserção no mercado nacional, e de olho na expansão latino-americana, o grupo Generali, de gestão de ativos e seguros, foi confirmado no Índice Dow Jones de Sustentabilidade Mundial (DJSI) e no Índice Dow Jones de Sustentabilidade Europeia (DJSI Europa), fortalecendo sua posição em termos de desempenho de sustentabilidade ao se classificar entre as cinco maiores empresas globais do setor de seguros.

FOME

A VLI, companhia de soluções logísticas que opera terminais, ferrovias e portos, concluiu no dia 24 último a distribuição de 30 mil cestas básicas a municípios de oito estados brasileiros (MG, SP, RJ, GO, BA, MA, TO e SE) por meio de instituições localizadas próximas às operações da empresa.

A ação é parte do segundo ciclo da ajuda humanitária, anunciado no primeiro semestre deste ano, com o objetivo de contribuir com o combate à fome em função da pandemia, que ainda atinge milhares de brasileiros.

INTEGRIDADE

A Petrobras está com inscrições abertas para o evento Diálogos Petrobras – Integridade e ESG. Serão mais de 30 convidados, como Andrea Schwarz, Rachel Maia, Bernardinho e Geraldo Rufino.

Neste evento, online e gratuito, de três dias (6, 7 e 8 de dezembro), o diálogo abordará temas dentro do espectro da sustentabilidade, como inclusão, diversidade, governança e responsabilidade social e ambiental.

Inscrições: https://dialogospetrobras.com.br/

SEMANA RI

O Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) realizará a Semana do RI, entre 29/11 e 03/12. O evento acontece on-line e vai debater os seguintes temas do dia a dia do profissional de Relações com Investidores: “Como obter votos de acionistas brasileiros e estrangeiros em Assembleias Gerais”; “Além do buy side e sell side”; “RI + Robôs – Qual a importância do digital em Relações com Investidores?”; “A utilização de redes sociais pelos investidores de varejo nos EUA e Brasil”; e “Desafios e oportunidades na estruturação da área de RI”.

Sempre às 17 h, para participar entre no link https://www.semanadori.com.br/ 

O Portal Acionista é parceiro de divulgação neste evento.

RELATÓRIO

No 23º ano da premiação, a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) anunciará os vencedores do Prêmio Relatório Anual, no dia 2 próximo.As companhias premiadas (categorias Companhia Aberta, Companhia Fechada, Organizações Não-Empresariais, e Destaques), tradicionalmente, são divulgadas no próprio dia.

O evento permanece 100% online. Criado em 1999, tem como objetivo incentivar a elaboração de relatórios corporativos com maior clareza, transparência, quantidade e, sobretudo, a qualidade das informações, bem como o caráter inovador, tanto na apresentação expositiva quanto no projeto gráfico. 

O Portal Acionista é parceiro de divulgação neste evento. Inscrições, gratuitas, pelo link https://online.premioabrasca.com.br/

ARTIGO

E o ESG como vai?

(*) Por Jéssica Costa e Priscila Saad

Temos abordado recentemente em nossos artigos temas relacionados à Eficiência, Transformação Digital, Anywhere Channel, entre outros. Muito focados na revisão de modelos operacionais e de negócios, com o objetivo de contribuir na reflexão e apoio a gestores de empresas de quaisquer portes, nossos conteúdos compartilharam insights de como “colocar a mão na massa” e sairmos melhores e maiores deste contexto crítico sem precedentes na história recente.

É claro que a rentabilidade e a lucratividade em nossas operações é pauta vital e de sobrevivência, sem a qual não temos agenda disponível para trilharmos outros desafios não menos importantes. É com este intuito que abordamos no nosso Papo Jedi desta semana o ESG – Environmental, Social and Governance. E o seu? Como vai?

Basta observar os movimentos nas mídias sociais, nos jornais impressos, nos webinares e demais meios de comunicação, para entendermos que os temas estão indo além dos temas tradicionais. O farol anda se voltando com força para as práticas de sustentabilidade e suas derivadas. Muito além do viés ambiental, debatemos a sustentabilidade do negócio de forma mais ampla. Destacam-se aqui as práticas de ESG e as Empresas B (B Companies) que fortalecem os compromissos de longo prazo com fornecedores, clientes e demais elos da cadeia. O sucesso das empresas será medido pelo impacto que causam em pessoas, na natureza e na sociedade.

O intenso destaque à importância das melhores práticas relacionadas ao meio-ambiente, às ações sociais e à governança tem aumentado progressivamente. Clientes e consumidores, independentemente em que pedaço da cadeia de consumo ele se encontra, estão valorizando com maior intensidade e se conscientizando sobre as posturas e ações empresariais e de seus representantes. Desta forma, o espaço para atuação das empresas que miram tão somente a sustentabilidade financeira de seu negócio está ficando diminuto.

O conceito de Sustentabilidade não é novo. Suas discussões tiveram início em 1972, em uma Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente. Desde então, este tema só vem ganhando maior abrangência e mais força não somente nos órgãos regulamentadores, mas também no mercado financeiro. Prova disso é que temos, inclusive, índices específicos nas Bolsas de Valores, critérios para aprovação de crédito no mercado, que prezam por estes aspectos.

As práticas de ESG contam com ações voltadas para o meio ambiente, sustentabilidade econômico-financeira, responsabilidade social e governança corporativa, esta última, baseada, e não somente, na lei da FCPA – Foreign Corrupt Practices Act, estabelecida nos anos 70, mas que explodiu nos anos 2000 com escândalos midiáticos de empresas multinacionais renomadas.

E onde toda essa história começa nas organizações? Pelo assertivo e profundo mapeamento e conhecimento dos processos, identificação franca de nossas fragilidades e oportunidades internas, construção e apropriação da matriz de riscos e o estabelecimento de estratégias e planos de ação de curtíssimo a longo prazo, garantindo a melhoria contínua.

O que queremos ressaltar hoje é que, mesmo para temas de alta complexidade e abrangência como o ESG, tudo começa no básico, em olhar para dentro de nossas organizações, de forma honesta e transparente, desafiando o próprio modelo, o mindset e times. Sonhar alto e traçar um caminho orientado para o cumprimento destes objetivos é responsabilidade de todos nós. Acreditamos que melhor que crescer, é crescer de forma sustentável, ética, pensando e agindo para o coletivo.

(*) Por Jéssica Costa, Sócia e Head de Projetos de Eficiência Operacional, e Priscila Saad, Consultora em Supply Chain da AGR Consultores.

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