Caro Investidor!

Você investe em criptomoedas? Estava ansioso pelo resultados das eleições nos EUA? Se sua resposta foi sim para as duas perguntas, este texto é para você.

Sem dúvida que a vitória do republicano Donald Trump na corrida à Casa Branca no último dia 5 de novembro, teve efeito positivo no universo das criptomoedas. Aliás, o mercado internacional de uma forma geral esperava esse resultado. 

Segundo Valter Rabelo, head de ativos digitais da Empiricus Research, foi uma vitória monumental para o cripto em termos políticos, não só pela vitória do Trump, que é pró-cripto, mas também pela composição do Congresso Americano. Se elegeram 235 candidatos pró-cripto vs. 112 anti-cripto; e no Senado, 14 candidatos pró vs. 9 anti-cripto. 

Com Donald Trump no país da maior economia do mundo, se pode esperar, conforme Rabelo:

  • uma maior clareza quanto ao entendimento de criptoativos no âmbito regulatório. Isso será refletido em leis como a FIT-21, que traz essa clareza sobre como tratar e interpretar criptoativos no Código Penal, no Código Tributário e de diversas formas que são necessárias para que instituições entrem nesse mercado com maior peso;
  • a revogação da SAB-121, que é uma regra contábil estabelecida pela SEC, a Comissão de Valores Imobiliários americana, que impede que bancos atuem como custodiantes de cripto. No momento, só se consegue fazer custódia nos EUA por meio de corretoras. Os ETFs de Bitcoin, por exemplo, a custódia é feita com a Coinbase;
  • as promessas que o Trump realizou durante a campanha, com a demissão do Gary Gensler, que foi aí um verdadeiro carrasco de cripto durante todo esse tempo. Gensler fez várias intimações contra vários projetos e corretoras de cripto ao longo desses últimos meses;
  • a utilização do Bitcoin como reserva estratégica para o tesouro americano, além de uma aceleração do uso de blockchains como infraestrutura do mercado financeiro, com uma regulação mais clara. Isso permitirá distribuição global, execução automática de serviços financeiros, redução de custos operacionais e com disponibilidade 24 horas por dia, 7 dias por semana;
  • aprovação da lei anti-CBDC. O Trump já declarou ser contra uma moeda digital do Banco Central.

De acordo com Rodrigo Miranda, especialista em mindset financeiro e em trading de criptomoedas, a eleição de Donald Trump demonstra uma reação de cunho político e econômico, uma vez que Trump, sugere medidas que favorecem o “ouro digital” e diversas outras moedas digitais.

“O setor de criptomoedas demonstrou um sentimento otimista durante as fases pré-eleitorais e, após a confirmação de seu retorno à presidência, tanto o BTC quanto as altcoins mostraram reações favoráveis. Os ganhos já eram esperados caso o candidato republicano saísse vitorioso, e os investidores que estavam cientes desse cenário conseguiram aproveitar a valorização. Contudo, tudo aponta para que essa tendência de alta possa se intensificar ainda mais”, comenta Rodrigo.

Para se ter uma ideia, o Bitcoin registrou, no início da segunda semana de novembro, alta de 29,9% em um mês – rompendo sua máxima histórica – e, no acumulado de um ano, valorização de 123%. Tal desempenho refletiu nas altcoins como Ethereum (+29%) e Solana (+32%) com excelente alta no semanal. “O que se pode esperar de Trump e o futuro das criptomoedas nos EUA é uma farta colheita, e, aos que não plantaram ainda, corram, pois o terreno americano nunca esteve tão fértil”, destaca o especialista.

Cenário perfeito

Valter Rabelo, da Empiricus, também ressalta que é esperado uma maior utilização de stablecoins, de dólar, “como solução de pagamento nos Estados Unidos e também como algo que fortalece o dólar em si”. 

Conforme ele, as emissoras de stablecoins são um dos maiores compradores de títulos americanos, como também ajuda a dolarizar países periféricos, países da África, países que não necessariamente têm uma moeda nacional boa, ou que não seja muito inflacionária e precisam, de repente, se expor ao dólar. “Isso vai muito em benefício também a blockchains de contratos inteligentes, como Ethereum e Solana. Então, penso que é um grande momento para a cripto”, comenta.

Mercado

A volta de Trump à presidência dos EUA reacende discussões sobre as políticas econômicas e fiscais que podem afetar os mercados globais. O cenário está sendo monitorado de perto pelo mercado financeiro, especialmente o setor de criptomoedas.

Na opinião de Denise Cinelli, COO da CryptoMKT, com o retorno de Trump à presidência, a percepção de risco aumenta, especialmente em um ambiente econômico ainda fragilizado. “O Bitcoin e outras criptomoedas, já reconhecidos como ativos de refúgio, são uma alternativa sólida para investidores que buscam segurança em momentos de incerteza. Estamos observando uma tendência clara de valorização no setor cripto, com o Bitcoin liderando esse movimento”, disse.

Ela destaca que essa busca por segurança pode se expandir para outras criptomoedas, à medida que investidores diversificam suas carteiras para minimizar riscos. Segundo ela, o movimento de alta não está restrito ao Bitcoin.

 “Altcoins de projetos bem fundamentados como o Ethereum, por exemplo, também podem surfar essa onda, especialmente aquelas focadas em inovação tecnológica e soluções reais para o mercado financeiro. Isso cria oportunidades de valorização para o investidor de longo prazo.”

Com a perspectiva de políticas protecionistas e medidas de estímulo à economia interna, o dólar pode enfrentar volatilidade, incentivando ainda mais a procura por ativos alternativos. 

A COO prevê um mercado cripto em expansão, com crescente adesão institucional. “Esperamos ver uma demanda crescente por ativos digitais, tanto por parte de investidores institucionais quanto individuais. As criptomoedas já estão bem estabelecidas no cenário econômico, e com o avanço de regulamentações, o setor se torna ainda mais robusto e atrativo.”

Brasil

Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, plataforma de criptoativos, no Brasil o ecossistema cripto segue em expansão. “Estamos otimistas quando pensamos na adesão local. Afinal o país está na décima colocação em adoção de ativos digitais dentre as nações da América Latina, de acordo com o Índice Global de Criptomoedas de 2024, da plataforma de dados blockchain, Chainalysis’, comenta.

Conforme Serrano, globalmente, há também uma perspectiva positiva, “como o estudo aponta que, entre o quarto trimestre de 2023 e o primeiro trimestre de 2024, o valor total da atividade global de criptomoedas aumentou significativamente, atingindo níveis mais altos do que os de 2021, durante o período que foi de bull market”.

Neste ano,  pouco antes do halving, o Bitcoin, ultrapassou a prata em capitalização de mercado, tornando-se o oitavo ativo mais valioso, atrás do ouro e das ações de seis empresas líderes: Microsoft, Apple, NVidia, Saudi Aramco, Amazon e Alphabet (Google).

E mais, segundo dados da TradingView, em 2024, o Bitcoin cotado em dólar valorizou 65%, enquanto subiu 94,95%, quando cotado em reais.

E o futuro?

A visão pessoal de Rodrigo Batista, CEO e fundador da Digitra.com, sobre o futuro do Bitcoin e do mercado cripto em geral envolve a aproximação com o mercado financeiro tradicional. “Em 2024, vimos a entrada de ETFs lastreados em Bitcoin e, por consequência, o aumento da participação de investidores institucionais, o que dá ao ativo um caráter mais consolidado e o legitima como uma opção de investimento para proteger patrimônio”, comenta.

Para Batista, o Bitcoin talvez nunca alcance plenamente a “visão original do whitepaper como um sistema global de troca monetária. No entanto, seu papel na proteção patrimonial e como uma alternativa à centralização monetária continua a se fortalecer”.

Isso porque a adoção do Bitcoin como reserva de valor também ganhou força graças ao interesse de empresas e influenciadores de peso. “Organizações como a MicroStrategy, apoiada pela figura do Michael Saylor, contribuem para aumentar a legitimidade do Bitcoin e das criptomoedas no mercado financeiro e entre investidores de todos os perfis”, afirma.

Para Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, um cenário ideal para investidores da renda variável seria um equilíbrio econômico, com a inflação controlada e baixo risco de recessão. “Caso os dados sejam favoráveis, é provável que o otimismo impulsione o setor de criptomoedas. Por outro lado, qualquer desvio significativo nos resultados pode gerar volatilidade no curto prazo.”

Locação de criptomoedas é opção de renda passiva 

Sim, é possível a locação de criptomoedas. Marcus Vinicius Melo, CEO da Sigma Infinity explica que isso pode acontecer nas modalidades staking e crypto lending e custódia remunerada. No staking, algumas redes blockchain, como Ethereum 2.0 e Cardano, utilizam um sistema chamado Prova de Participação (Proof of Stake). “Nele, o usuário bloqueia suas criptomoedas em uma carteira específica para ajudar na validação de transações e garantir a segurança da rede, em troca de uma porcentagem sobre novos tokens gerados.”

No crypto lending, as criptomoedas são alugadas por meio de plataformas, rendendo juros sobre o valor aplicado. “A vantagem desse modelo de negócios é a geração de renda passiva, a exemplo do que ocorre em operações bancárias como a caderneta de poupança ou a conta rendeira, mas com retornos mais expressivos. Na prática, em vez de deixar as criptomoedas paradas, a aplicação gera rendimentos sem depender exclusivamente da valorização dos ativos”, afirma Marcus Vinicius.

Em caso da custódia remunerada os ativos ficam em posse da empresa especializada em operações no mercado de criptoativos e o investidor recebe um valor mensal dessa custódia.

“Vale ressaltar que, apesar dos benefícios, é preciso estar atento aos riscos. O mercado de criptomoedas é conhecido pela volatilidade, o que significa que o valor destes ativos pode oscilar bruscamente. Por isso, conhecimento e cautela são essenciais para não haver perdas financeiras. Uma recomendação essencial é estudar o mercado, bem como a solidez das criptomoedas, entre as mais de 9 mil catalogadas no mundo, antes de se fazer uma escolha”, alerta o CEO.

IA e investimentos em criptomoedas

Ela está tomando conta, não tem jeito. Outra funcionalidade da Inteligência Artificial (IA) é poder processar e analisar enormes volumes de dados em tempo real, algo que seria impossível para um ser humano fazer manualmente. Isso inclui o monitoramento de preços em várias exchanges, análise de padrões de trading e o acompanhamento de notícias e sentimento do mercado.

De acordo com Elmer Dotti, especialista de IA do Allintra, aplicativo para investimento em criptomoedas, essas informações podem ajudar os investidores a tomar decisões mais informadas e rápidas. 

“Algoritmos de aprendizado de máquina podem identificar padrões complexos nos dados históricos de preços e volume de negociações. Com base nesses padrões, a IA pode fazer previsões sobre tendências futuras do mercado, auxiliando os investidores na hora da compra e venda das suas criptomoedas”.

A IA pode ainda ajudar na identificação de potenciais oportunidades para um determinado ativo, previsões de tendências ou até estimar a volatilidade futura de uma criptomoeda. Elmer separou algumas dicas de como a IA pode auxiliar na hora dos investimentos.