Um dos setores mais afetados pela pandemia do novo coronavírus, o varejo tem precisado se redescobrir para manter os negócios.
Empresas de capital aberto que atuam nas vendas de produtos para pessoas físicas vêm ampliando seus canais de comércio eletrônico e reduzindo gastos com operações físicas para enfrentar a crise – e muitas têm merecido recomendação de analistas de mercado.
O Índice de Consumo da B3 (Icon), que reúne as ações de varejistas como Marisa, Vulcabras, Viavarejo, Americanas, Renner e Magazine Luiza, chegou a desabar dos 5.471 pontos no início do ano para 3.385 em março (queda de 38%), quando os efeitos da pandemia já eram antecipados pelo mercado. Desde abril, o setor tenta recuperar a forma e já encosta novamente nos 5 mil pontos.
A incerteza de investidores está diretamente conectada às baixas vendas. Com lojas fechadas e clientes pouco afeitos a tomar crédito e consumir em um cenário econômico nebuloso, o setor teve um prejuízo líquido de 562 milhões no primeiro semestre, conforme levantamento da Economatica.
Algumas companhias, no entanto, têm conseguido marcar território no mercado e apresentar bons resultados nos balanços. Estas se mantém no radar de analistas tanto para curto prazo, com a reabertura gradativa do comércio, quanto para horizontes mais longos, quando se espera que a vida volte ao normal.
Veja três varejistas que são elogiadas por especialistas e podem render bons lucros aos investidores.
C&A Modas (CEAB3): A ação do comércio de vestuário subiu 19,1% em agosto, mesmo diante de um prejuízo líquido de R$ 247,4 milhões no 2T20. Mario Roberto Mariante, analista CNPI da Planner, avalia que o papel tem potencial para se valorizar tanto no curto prazo, com eventual retomada gradual da economia e a reabertura dos shopping centers, o que permitiria um início de recuperação do ritmo dos negócios, quanto em tempo mais longo.
“O estrago da pandemia sobre a grande maioria das empresas já era esperado. Portanto, estamos olhando para o potencial das empresas num horizonte de médio prazo, e neste caso, acreditamos que a ação poderá estar em outro patamar de preço nos próximos meses”, afirma.
Via Varejo (VVAR3): A empresa registrou lucro líquido de R$ 65 milhões no 2T20, revertendo parcialmente o prejuízo de R$ 162 milhões registrados no mesmo período de 2019. A receita líquida atingiu R$ 5,2 bilhões, sendo que 66% veio da operação on-line.
Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o resultado mostra que a companhia tem conseguido navegar com sabedoria no novo contexto econômico e ainda aproveita um cenário adverso para enxugar gastos.
“A Via Varejo tem boa parte do lucro no comércio físico, mas por conta da pandemia teve que ficar com lojas fechadas durante o começo do segundo trimestre. Com isso, a empresa mudou quase que completamente, se tornando extremamente diversificada em razão de investimentos na integração do seu e-commerce”, avalia.
Magazine Luiza (MGLU3): Mesmo com os impactos da pandemia no varejo físico, a Magalu conseguir se manter resiliente, principalmente, pela forte exposição ao e-commerce, avalia parte do mercado. A política de aquisições, a diversificação de produtos e as parcerias com vendedores terceirizados têm ajudado a empresa a aumentar o potencial nos seus resultados futuros, de acordo com relatório da Toro Investimentos.
“A Magalu deve ser vista não somente como uma empresa de varejo, mas sim de tecnologia omnicanal (de comunicação e relacionamento com clientes). Entendemos que MGLU3 se mantém firme numa tendência de alta no médio prazo”, sugere a Toro.