Elas já tiveram destaque nas últimas semanas aqui no Acionista, em vista das divulgações do 1T24 e também por serem da seleção Best in Class, pois atendem aos principais critérios de sustentabilidade da B3. Mesmo com os desafios de seus respectivos setores, têm bom potencial de retorno das suas ações.
Uma das principais redes de varejo do país. Magazine Luiza (MGLU3), chamada carinhosamente de Magalu, surpreendeu com os resultados do primeiro trimestre do ano. A empresa consolidou um lucro líquido contábil de R$ 28 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 391 milhões apresentado no mesmo período de 2023.
Já a B3 (B3SA3) não apresentou avanços nos seus números, mas também não perdeu a solidez. A receita bruta ainda segue afetada negativamente pelo segmento de listados, especialmente devido à queda de 2,8% t/t e 6,4% a/a no volume financeiro médio diário (ADTV) da bolsa totalizando R$ 23,6 bilhões no 1T24.
Por fim a Hypera (HYPE3), maior farmacêutica do país que vem enfrentando algumas crises pontuais no setor de saúde, mas que apresentou um lucro líquido de R$ 392 milhões no 1T.
“Oi, eu sou a Magalu”
Para o time do BB Investimentos, a Magazine Luiza reportou resultados positivos no 1T24, com aumento de margem bruta e margem Ebitda, além de apresentar resultado líquido positivo, revertendo prejuízos apresentados nos últimos anos, mesmo em um trimestre sazonalmente mais fraco.
“A empresa mostrou crescimento de vendas mesmas lojas físicas acima da inflação e geração de caixa relevante. Apesar de um incremento tímido de receita e da retração nas vendas do canal 1P (on-line com estoque próprio), a companhia está seguindo sua estratégia de foco em rentabilidade e apresentando resultados aderentes”, comentam os analistas do BB.
Outra boa notícia, que justifica o potencial da empresa foi o pagamento antecipado de dívidas de curto prazo entre os meses de janeiro e abril e isso sinaliza que o futuro será de bons ventos, considerando a melhoria da estrutura de capital.
Lojas fechadas
Em decorrência das enchentes no Rio Grande do Sul, a empresa informou que possui seis lojas fechadas atualmente. Mas não deu maiores informações acerca dos impactos financeiros em seus próximos resultados.
Ações
As ações MGLU3 apresentam queda superior a 20% desde o início do ano, seguindo o mesmo movimento que outros papéis mais cíclicos do Ibovespa, que foram afetados pela abertura da curva de juros doméstica. No entanto, para os analistas do BB, a Magalu tem apresentado bons números e uma estratégia consistente com foco no aumento de lucratividade e margens, não apenas de vendas. “Nesse contexto, mantemos nosso preço-alvo para o final de 2024 em R$ 3,68 e a recomendação de compra.”
E-commerce e lojas físicas
O time da Genial dá um voto de confiança no crescimento do e-commerce da Magalu. “Negociando a 28,0x P/E 24E e 15,0x P/E 25E, não é um valuation “barato”, mas pode trazer um bom potencial de risco e retorno à carteira (em doses comedidas). Estamos movendo Magazine Luiza para compra, com preço-alvo 12M inalterado, em R$ 2,60”
Destaque
As lojas físicas, para os analistas da Genial, são o destaque da Magalu no 1T24. Isso porque, segundo eles, com a Americanas (AMER3) em recuperação judicial e o Grupo Casas Bahia (BHIA3) em processo de equalização de dívidas e despesas, “Magalu tinha em mãos uma tempestade perfeita para abocar ainda mais market share em lojas físicas ao longo dos próximos trimestres”.
O número veio exatamente em linha com a estimativa da Genial, com um GMV de R$ 4,5 bilhões (+8,0% a/a; -0,9% vs. Est. Genial) e uma forte recuperação de Same Store Sales, em 9,0% a/a (-10bps vs. Est. Genial).
Números
- Lucro bruto:
- Ebitda ajustado: R$ 688 milhões
- Lucro líquido contábil: R$ 28 milhões
B3 sem grandes surpresas
O BB Investimentos justifica o “sem grandes surpresas” dizendo que a continuidade do ciclo de cortes nas taxas de juros doméstica no primeiro trimestre “não foi suficiente para retomada de apetite ao risco dos investidores, que acompanharam dados de inflação e mercado de trabalho mais resilientes na economia americana, resultando no adiamento da decisão pelo corte de juros por lá”.
Entretanto, os analistas do BB acreditam em uma retomada gradativa do volume de transações no segmento listado, sem grandes alavancas no curto prazo. “Nossa recomendação se baseia na estrutura de fontes de receitas diversificada da B3, que novamente se mostrou relevante para minimizar o impacto na queda de receita do seu principal segmento. Assim, acreditando em um cenário mais favorável para retomada do volume de negócios e continuidade de evolução dos demais segmentos, reiteramos recomendação de compra para B3SA3, com preço-alvo de R$ 14,60 para o final de 2024.”
Para a Genial, as perspectivas estão menos animadoras para o ano de 2024, entretanto seu analistas consideram que as ações da B3 já refletem essas expectativas, negociando a um múltiplo P/L de 14,0x para 2024, enquanto os pares internacionais são negociados em torno de 20x P/L para o mesmo período.
“Acreditamos que o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos pode ser um catalisador positivo para as ações da B3. Portanto, reiteramos nossa recomendação de comprar, com um preço-alvo de R$ 13,80.
Números
- Receita total: R$ 2,47 bilhões
- Lucro líquido recorrente: R$ 1,13 bilhão
- Volume médio diário negociado (ADTV) em ações: R$ 23,6 bilhões
- Despesas: R$ 927 milhões, alta de 8,8% em relação ao 1T23
- Proventos: distribuições no trimestre totalizaram R$ 528,6 milhões, sendo R$ 236,1 milhões em recompras de ações e R$ 292,5 em juros sobre capital próprio, pagos em abril.
Hypera investindo em expansão
A Hypera (HYPE3) ainda não colhe louros, mas está investindo tanto em novos negócios como na consolidação da marca. A empresa possui um portfólio de mais de 300 marcas e 20 Power Brands (marcas com mais de R$ 100 milhões de sell-out).
Através da Hynova, seu centro de pesquisa próprio, desenvolveu e lançou mais de 400 novos produtos desde 2018 (mais de 100 apenas em 2022) e possui 450 novos produtos no pipeline para lançamento nos próximos anos. Além disso, Hypera também possui um pipeline de investimento em startups, com 5 adquiridas e 3 desenvolvidas dentro de casa, conforme relatório do Inter, que destaca o foco da empresa na consolidação da marca, “uma vez que os gastos com marketing representam a principal despesa da companhia”.
Expansão
A Hypera entrou no mercado institucional (venda direta para hospitais) recentemente. Este segmento que movimenta R$ 59 bilhões por ano e tem crescimento superior ao mercado farmacêutico total. A novata pretende ser relevante nos canais público (35%) e privado (65%).
“A empresa estima que o mercado endereçável gire em torno de R$ 15 bi e planeja um portfólio composto por mais de 70 produtos que deve agregar R$ 1,4 bi em vendas até 2028, representando 10-15% do seu faturamento total. A Hypera tem vivido um bom momento operacional, apresentando forte crescimento orgânico com ganho de market share por vários trimestres consecutivos’, comentam os analistas do Inter.
Atenção
O alto nível de dívida é um ponto a se considerar. Conforme a empresa, um dos maiores focos para os próximos trimestres é a desalavancagem, “para que em seguida possam retomar o crescimento inorgânico via aquisições.”
Números
- Lucro líquido: R$ 392 milhões
- Receita líquida: R$ 1,827 bilhão
- Ebitda: R$ 647,8 milhões
Para o Inter, o resultado da Hypera tem sido impulsionado pelos ganhos de sinergia dos portfólios de medicamentos adquiridos da Takeda e da Sanofi, além da aquisição da família Buscopan e da Bioage.
“Este processo de captura de sinergias está sendo feito através da unificação das equipes de venda e marketing, aumento do canal de distribuição e, principalmente, da internalização da produção. Essas aquisições, além de contribuírem para o crescimento do topline, também estão impactando positivamente as margens, tendo em vista que operam com margens maiores que a controladora.”
Caixa operacional
Segundo a Nord, a forte geração de caixa operacional da companhia foi positivamente impactada pela redução dos estoques e ajustes na concessão de crédito a fornecedores. “A companhia adotou uma estratégia vencedora em reduzir os estoques internos de matérias-primas e produtos acabados, o que gerou um ótimo resultado no 1T24.” A Hypera encerrou o trimestre a 2,5x dívida líquida/Ebitda, reduzindo gradativamente, o que é bastante positivo.