O Brasil ainda faz a travessia das práticas ESG (Environmental, Social and Governance) ou EESG (Economic, Environmental, Social and Governance) como também se diz. Algumas companhias já recebem investimentos internos e externos, mas existe um enorme espaço a ser conquistado, para se buscar uma fatia mais suculenta no bolo de dinheiro que saltou de US$ 300 BI para US$ 800 BI.

Confira o resumo da edição de hoje

É consenso entre especialistas de mercado que o Dow Jones Sustainability Index poderia ter mais empresas verde-amarelas. Em busca do tempo perdido, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estuda novas metodologias de transparência, junto ao LAB (Laboratório de Inovação Financeira, que tem apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento), e já sabe que concorre com o Chile e o México na América Latina.

“Existe um ESG Rating e se as empresas quiserem emitir lá fora precisam se adequar ao que os investidores internacionais pedem”, exclamou Maria Netto, do BID, no painel que tratou do tema durante o Encontro Abrasca de Direito das Companhias Abertas. Paula Kovarsky, head de RI da Cosan, chamou a atenção para o detalhamento do que pedem os acionistas.

O MIT, nos Estados Unidos, fez trabalho estatístico sobre consultorias; a CVM anima-se com as mudanças a serem vistas, em breve, da Instrução 480; e o LAB acaba de enviar à parceira CVM uma proposta estruturada sobre índices, metodologias e transparência. A IOSCO (Organization of Securities Commissions) vai orientar os reguladores sobre o assunto também. Enfim, parece mesmo que só estamos no meio da travessia.

NOTA

A Marfrig parece ter feito a lição de casa direitinho e, assim, ganhou nota melhor. A Moody`s, agência de rating, atribuiu-lhe nota “Ba3” (anterior era “B1), destacando o “forte desempenho operacional e melhoria nas métricas de crédito nos últimos dois anos”, bem como sua “liquidez e perspectivas positivas”.

TAXAÇÃO

Empresas multinacionais de tecnologia deverão ter nova taxação, em nível global. Pelo menos é esta a proposta da OCDE-Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e que vem ganhando força.

A Associação Brasileira das Companhias Abertas se debruça no assunto para elaborar roteiro de perguntas à OCDE e tem, por óbvio, a preocupação de evitar mais custos para as companhias.  Em janeiro próximo a instituição internacional deverá abrir audiência pública.

ORDINÁRIAS

A Telefónica Brasil (VIVT3) concluiu a conversão de suas ações preferenciais (negociadas com ticker VIVT4) em ordinárias. Foram convertidas pouco mais de um bilhão de preferencias, à base de uma por uma.

Segundo a companhia, objetivo é prestigiar o acionista e elevar o nível de governança.

DEBUTANTE

O XVII Seminário Internacional CPC – Normas Contábeis, que teve apoio de divulgação do Portal Acionista, comemorou os 15 anos de fundação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis e suas conquistas.

No evento deste ano, dia 25 último, também foi feita homenagem a Alfried Plöger (morto em abril deste ano), seu coordenador de Relações Institucionais (representado a Abrasca, no Colegiado) ente 2006 e 2020.

RELATÓRIOS  

O International Integrated Reporting Council (IIRC) e o Sustainability Accounting Standards Board (SASB) anunciaram intenção de fundir operações, resultado desta a Value Reporting Foundation. A proposta é oferecer a mais abrangente estrutura para relatórios corporativos, impulsionando o desempenho de sustentabilidade. Com isso seria facilitada a vida das empresas e dos investidores, entendem as organizações.

VALOR

Sobre a fusão da IIRC e da SASB, ainda, o presidente da GRI (cofundadora do IIRC), Eric Hespenheide, declarou: “Parabenizamos o IIRC e a SASB pela decisão de unir forças e apoiar as empresas na produção de divulgações relevantes sobre a criação de valor relacionado à sustentabilidade”.  

INFRA

Três consórcios conquistaram a concessão de três lotes de rodovias no Mato Grosso, projetando investimentos de R$ 1,5 BI em 30 anos. Leilão ocorreu na B3 e os vencedores foram Via Brasil MT, Via Norte Sul e Primavera MT.

ÁGUA

Não sairá antes de 17, mas o BNDES espera que seja antes do Natal a publicação de edital de concessão dos serviços de água e esgoto da Cia. Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).

Segundo Cleverson Aroeira, da área de parcerias do banco, a Cedae será a maior concessão de infraestrutura do país, com investimentos estimados em R$ 30,6 BI.

ECOÁLCOOL

Em época de pandemia, o álcool nunca foi tão valorizado. Depois de perceber que as prateleiras de lojas, supermercados e farmácias chegaram a ficar vazias e faltou o produto no varejo, Gabriel Estevam Domingos, diretor do departamento de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) da Ambipar, desenvolveu estudos para produzir um álcool sustentável.

Observou uma problemática no porto de Santos (SP), onde os resíduos das cargas de soja, milho, trigo, arroz e outros grãos são destinados aos aterros. Daí ele pensou em utilizar o resíduo do equipamento de varrição para produzir álcool, a partir de um processo de fermentação. Deu certo o produto, batizado de “ecoálcool”, já destinado às empresas que buscam um apelo ESG.

MADEIIIRAAA…

O Brasil gera 800 mil toneladas de rejeitos ao ano, oriundos da produção de madeira na Região Norte. De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), esses resíduos (partes de troncos, rachaduras, pedaços fora de medida e laterais de toras) são queimados, emitindo razoáveis quantidades de gás carbônico.

Equipe da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP) criou um painel à base de lascas de árvores (conhecido por OSB), a exemplo do que já se faz com o pinus. Com isso, os painéis serão usados em embalagens, móveis e decorações, reduzindo drasticamente os impactos da extração.

CAFÉ

A Nespresso comemora 15 anos de seu programa “AAA de Qualidade Sustentável”, no Brasil. A marca escolheu 10, entre seus mais de 1.000 fornecedores, para receber homenagens. À mesa sentaram-se representantes de fazendas que reuniam tempo de parceria, diversidade e engajamento.

Segundo a companhia, foram realizadas mais de oito mil auditorias e pagos valores entre 30% e 40% acima do mercado, na saca de café, para valorizar o trabalho sustentável dos cafeicultores.

ARTIGO

ESG – Garantindo um novo cenário para gerações futuras

(*) William Santiago e Silva

Podemos dizer que, da mesma forma como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a onda ESG veio ajudar a humanidade no papel de ferramenta auxiliadora, no processo de transição para um novo cenário social e econômico.

Enquanto há quase pelo menos 2 décadas o Japão e a Europa já discutem e investem em ESG, o Brasil não chega a ter, sequer, índices significantes que possam afirmar que estamos alinhados com suas diretrizes.

Precisamos entender melhor o que a sigla ESG significa na prática e no que ela pode somar para o desenvolvimento da sociedade, das pessoas e do planeta.

ESG vem do inglês Environmental, Social & Governance, ou em português, ASG referindo-se à Ambiental, Social e Governança, que representa um conjunto de valores e critérios éticos que uma companhia aplica em suas operações e tem como objetivo melhorar as relações organizacionais do negócio.

Embora, no Brasil, exista uma resistência em aderir a prática sustentável e responsável, por questões políticas e até mesmo por falta de informação, ainda sim, vem-se observando o crescimento das questões ESG que impactam no processo de resultados e investimento das empresas.

O que significa que a consciência empresarial vem fortalecendo esse novo conceito para adentrar numa nova realidade.

Lembrando que com a adesão dessa nova ferramenta, estaremos alinhados a mentalidade dos investidores internacionais, que não encontrarão obstáculos para investirem no Brasil, uma vez que as empresas multinacionais já estão adeptas a toda essa contingência sustentável.

Vendo um país alinhado à ESG é garantir um novo cenário para as gerações futuras, principalmente, na área ambiental, onde as ameaças poderão no futuro, deixar de existir.

(*)  William Santiago e Silva é especialista em Relacionamento com Clientes e Head de Marketing da Ratio Inteligência em Sustentabilidade.

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