Propor melhorias na cadeia de forma a impactar positivamente as comunidades de trabalhadores, as empresas e a sociedade como um todo, desde a coleta devida dos materiais, passando pelo descarte adequado até a reutilização ou reciclagem. 

A prática, acima descrita, aparentemente óbvia para quem convive com sustentabilidade, mas de difícil implementação em sua totalidade, inspirou o Instituto Alpha Lumen a promover o 1º Torneio Brasileiro de Sustentabilidade, como nos conta o parceiro Plurale em site. O evento, que tem inscrições até o próximo dia 9 (www.alphalumen.org.br), está aberto a estudantes, do 3º ano Fundamental aos universitários, de países de língua portuguesa. Haverá certificados e premiação em troféus e tablets aos participantes, que estarão divididos em cinco grupos.

Em um mundo permeado pelas teorias, esta iniciativa incentivando pessoas a “botar a mão na massa” é de se louvar. Tanto mais que o instituto, criado por uma educadora, resolveu dar a oportunidade – ao mesmo tempo em que incentiva, promove, desafia – aos jovens, contemplando desde aqueles em meio à segunda infância aos que se iniciam na vida adulta. Do ponto de vista social, ambiental e econômico, ações como esta nos levam, a passos largos, para um futuro que preza os jovens e seu potencial criativo. Ainda que sejam queimadas nossas ricas fauna e flora, pela geração atual, o futuro se apresenta com novo alento. Parabéns ao Alpha Lumen pela proposta e a Plurale por divulgar a inspiradora ação.

IPO

Mais uma companhia realizou sua abertura de capital, no último dia 30. A Boa Vista, atuando na área de informações de crédito, realizou a cerimônia virtual com o toque da campainha na B3.

Registrada com o ticker BOAS3, captou R$ 2,17 BI e passa a ser a 154ª empresa listada no Novo Mercado, segmento com os mais elevados padrões de governança corporativa.

TERMÔMETRO

 “Fique sempre atento à movimentação das indústrias gráficas e de papel, pois quando esses setores retomam o ritmo, produzindo mais embalagens, é um sinal claro que a economia começará a crescer”.  O ensinamento era sempre lembrado pelo empresário Alfried Plöger (que nos deixou em abril último). Ele que foi presidente da Abigraf, a Associação Brasileira das Indústrias Gráficas e da Abrasca, Associação Brasileira das Companhias Abertas, tinha uma boa visão sobre cenários.

SUBINDO

A Associação Brasileira de Papel Ondulado (ABPO) divulgou boletim, no dia 1º, dando conta do recorde mensal no mês de agosto último. Foram expedidas 346 mil toneladas, nesse período, o que representa crescimento de 8,1% na comparação anual e de + 3,2% se comparado a julho deste ano. 

Apesar deste ano atípico, a produção de caixas, chapas e acessórios de papelão ondulado acumula alta de 3,7% (jan-ago), com a produção de 2,44 milhões de toneladas. Taí um bom termômetro para sabermos o que vem pela frente.

TÍTULOS VERDES

O BID (Inter-American Development Bank) e o BID Invest, em parceria com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), realizam três eventos online, na Semana do Investidor. O primeiro acontecerá nesta 2ª, dia 5, pela manhã, tratando de “Tendências do mercado global de títulos verdes e oportunidades”.

Moderação será de Morgan Doyle, representante do BID no Brasil. Serão debatedores: Ann-Charlotte Eliasson, Nasdaq; Anthony Miller, Sustainable Stock Exchange Network; Gilson Finkelsztain, CEO da B3; Juca Andrade, Vice-Presidente da B3; Henrique Machado, diretor da CVM; José Alexandre Vasco, CVM; Laetitia Hamon, Luxemburg Stock Exchange; Marcelo Barbosa, presidente da CVM; Maria Netto, especialista Líder em Mercados Financeiros do BID; e Odivan Carlos Cargni, Irani Papel e Embalagem.

Inscrições, gratuitas, pelo link  https://events.iadb.org/calendar/event/22625?lang=pt

INFRA

Em continuidade à Semana do Investidor (veja nota anterior), no dia 7 próximo (quarta-feira), a temática será “Oportunidades para ampliar o mercado de títulos temáticos para promover investimentos em infraestrutura no Brasil”.

Já no dia 9 (sexta-feira), encerramento, o evento abordará o tema “Padrões e boas práticas para integração de sustentabilidade em investimentos”.   

Para inscrições, acesse o link do BID: https://events.iadb.org/calendar/event/22625?lang=pt

CAMINHÕES

A EDP, um das maiores companhias privadas do setor elétrico (participando do ISE, na B3, há 14 anos), aposta firme na transição da frota de veículos a combustível para elétricos. Em parceria com a Jac Motors (fabricante chinesa, com operação no Brasil via SHC) testa o modelo iEV1200T, primeiro caminhão elétrico a rodar no país. Animada, a EDP já estima ter 100% da frota com os modelos elétricos, a partir de 2030.

Utilizado nas cidades de Mogi da Cruzes, S. José dos Campos e Guarulhos, interior paulista, o modelo proporcionou custo cinco vezes menor por km rodado e na manutenção a economia prevista é de 70%, avalia a companhia, após realizar os testes no mês de setembro último. E acrescenta: “Um caminhão emite cerca de 2.800 kg de CO2 por km rodado, enquanto o elétrico não gera emissões”.

CARBONO

Para o diplomata e ex-ministro Rubens Ricupero, não há justificativa para que um país como o Brasil não aproveite todo o seu potencial verde. “Os governos precisam trabalhar juntos e têm um papel estratégico nisso. Se quisermos, realmente, chegar a uma economia de carbono zero, a primeira coisa a se fazer é precificar o carbono”.

A declaração foi feita durante o evento “Conexão Pelo Clima ON”, edição online, no final de setembro, promovido pelo Instituto O Mundo Que Queremos, CDP Latin America e Climate Ventures.

MUNICíPIOS

Promovido pela Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (AEASP) o evento “Excelência dos Municípios no Desenvolvimento Agroambiental” rendeu mais de seis horas de conteúdo, com 20 palestrantes. Ocorrido em formato híbrido –presencialmente em São José do Rio Preto (SP) e online –, no dia 29 último, visou incentivar o desenvolvimento de programas voltados à produção e o abastecimento local de alimentos, exploração de oportunidades turísticas, incentivo a iniciativas de reciclagem com o fomento de cooperativas e aproveitamento do lixo orgânico, arborização urbana e melhoramento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das cidades.

“A produção de alimentos, fibras e energia precisa ser feita em harmonia com o meio ambiente a fim de melhorar a qualidade de vida por meio do aumento do IDH, trazendo uma perspectiva de sustentabilidade a longo prazo para as pessoas que vivem nas cidades e no campo”, afirmou o presidente da AEASP, João Sereno Lammel. Para o reitor da Universidade Brasil, Felipe Sartori Sigolo, é o momento de se fortalecer o municipalismo. “Temos que dar toda a força aos municípios, focar menos Brasília e mais no Brasil, principalmente com a tecnologia que temos hoje que permite levar polos de educação para todo o país”.

DEBÊNTURES

O Conselho de Administração do IRB-Brasil Resseguros aprovou a primeira emissão de debêntures simples, não conversíveis em ação, para distribuição pública, com esforços restritos. Serão emitidas até 900 mil debêntures, em 15 de outubro, com valor nominal unitário de R$ 1.000,00. Outras informações no próprio site da companhia, ou da CVM.

NOTA

Aproveitando os ares da emissão de debêntures, o IRB comunicou que, em relatório, a agência de classificação de riscos Standar&Poor´s divulgou nota atribuindo o rating de crédito de emissor de “brAAA” na escala Nacional Brasil, com perspectiva estável.

COMUNIDADE

“Lives” com a comunidade. Esta é a forma que a Unipar – empresa produtora de cloro, soda e PVC, listada em Bolsa – encontrou para melhorar a comunicação com seus stakeholders.

Nas próximas semanas membros do Conselho Comunitário Consultivo de Cubatão e de Santo André (SP), além de Bahia Blanca (Argentina), debaterão sobre o dia a dia da companhia, campanhas educativas, saúde mental, saneamento e treinamento. Convidados serão especialistas no tema, mais funcionários das unidades específicas.

ARTIGO

“É ESG, estúpido!”

(*) Por Roberto Gonzalez e Bruno Starnini Jr.

Na campanha presidencial norte-americana de 1992, James Carville, marqueteiro do então desconhecido governador de Arkansas, Bill Clinton criou a icônica frase “É a economia, estúpido!” O ‘slogan’, que adornava o Q.G. de campanha de Clinton, captou o espírito do tempo e resumiu o fator primordial para a vitória sobre George Bush ‘pai’ naquele ano e favorito absoluto. Carville espertamente concluiu que os eleitores estavam mais preocupados com a crise econômica que com o triunfo do oponente na Guerra do Golfo.

Pois é, 28 anos se passaram e a frase continua forte, como um mantra, pelo menos para os atuais ocupantes do Governo de um certo país-continente, oitava maior economia do Mundo e lar da mais diversa biodiversidade que, há alguns meses, assiste a chocantes imagens de animais mortos carbonizados, biomas e florestas ardendo e populações ribeirinhas, indígenas ou colonos desabrigados ou remanejados. As ações de combate à catástrofe ainda são tímidas. Só que, sem Biomas, talvez não haverá economia…

Enquanto o Pantanal queima e a Amazônia registra índices de degradação cada vez maiores, o Mundo (e o ‘mercado’) continua girando e o Brasil sofre a ameaça de virar um pária na economia mundial. Os fundos de investimentos e os bancos brasileiros já emitiram alertas que o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul – tão comemorado pelo governo – naufrague. Carta assinada pelos embaixadores de oito países europeus – Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Holanda, Noruega, Dinamarca e Bélgica – manda um recado: o Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança.

À pressão internacional se juntou o manifesto de mais de duzentas organizações, entre ONGs, empresas de agronegócio, indústria e do setor financeiro, que deixaram o Governo em situação (ainda mais) constrangedora, uma vez que entre esses signatários constam apoiadores da candidatura que deu a vitória à chapa Bolsonaro-Mourão, em 2018. A cobrança é por medidas para reduzir o desmatamento na Amazônia. “Não somente pelo avanço das perdas socioambientais envolvidas, mas também pela ameaça que a destruição florestal na região impõe às questões econômicas nacionais. Há uma clara e crescente preocupação de diversos setores da sociedade nacional e internacional com o avanço do desmatamento”, cobra o documento assinado pela chamada Coalizão Brasil Clima, Bosques e Agricultura. O grupo colocou lado a lado ONGs como a WWF, as indústrias JBS, Marfrig, além de Basf e Bayer.

A pressão, ao que parece, não mudou a resposta do Governo Bolsonaro: Basicamente, negacionista. O Gabinete nega que os incêndios sejam um problema grande, nega a gravidade da devastação e se dirige ao público (leia-se aí, população, comunidade internacional e ao ‘mercado’) com justificativas que não têm substância científica; somente ideológica.

As entidades do Mercado de Capitais brasileiro receosas do que pode acontecer com o fluxo de recursos internacionais ao nosso pais, também se mexem e tomam atitudes para ficar longe da política suicida do atual governo federal.

O atual Gabinete Brasileiro ainda vive o auge da Guerra Fria, esquece que a queda do Muro de Berlim e a Globalização impuseram ao Mundo (e as relações entre os países) novas maneiras de se relacionar e uma preocupação crescente com as questões de preservação do Meio Ambiente. Defende um conceito de “soberania” que deve ter impacto durante uma conversa descontraída no Clube Militar, mas que há mais de duas décadas (pelo menos) deixou de existir. E assim vai o Brasil, “descendo a ladeira”…

Em breve, conheceremos o que irá comandar a economia do Brasil nos próximos anos. Novamente – e como sempre – os aspectos econômicos serão relevantes. Só que, a partir de agora, as questões (e os dilemas) referentes à Governança Ambiental, Social e Corporativa serão fundamentais. Resta saber o quão “engajados com a causa” todos nós (e especialmente os governantes) estamos.

(*) Roberto Gonzalez é professor, membro de vários Conselhos Administrativos de companhias brasileiras, colaborador do CDP Latin America e diretor da iBluezone Governança Corportiva;  Bruno Starnini Jr.  é jornalista, especializado em telejornalismo e sustentabilidade.

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