O comunicado do Copom trouxe elementos mais duros do que nossa expectativa, mas o tom geral foi no sentido de abrir espaço para flexibilização nas próximas reuniões.

No parágrafo inicial, destacaram o ambiente inflacionário global e a retomada de ciclos de elevação em algumas economias.

Pontuaram que o crescimento acima do esperado no primeiro trimestre teve como fator principal a força de agropecuária, mas as projeções apresentadas (5,0% para 2023 e 3,4% para 2024) pelas nossas contas incorporaram um significativo fechamento do hiato do produto.

Sobre a queda das expectativas no período entre reuniões, não houve um adjetivo classificando a queda como significativa, e em parágrafo seguinte destacaram que estamos diante de um ambiente de expectativas de inflação desancoradas.

O balanço de riscos seguiu equilibrado, com citação sobre risco “residual” no fiscal, do lado altista para a inflação, e de que por mais que commodities em reais possam ainda exercer papel desinflacionário, parte importante desse movimento já foi verificado.

Mantiveram as expressões de cautela e parcimônia, em linha com a nossa expectativa. A frase sobre a estratégia de manutenção da taxa de juros por período prolongado passou de “será capaz” para “tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação”. Essa alteração confere que uma etapa foi cumprida, mas ainda há uma dependência dos dados para que se veja espaço para corte de juros.

O parágrafo final deu as condições para os passos futuros da política monetária, ao invés de pontuar a situação para “flexibilização”, como no comunicado da reunião anterior ao início dos cortes em 2016. De maneira geral, as condições passam por tudo o que o BC costuma olhar em todas as reuniões do Copom: dinâmica inflacionária, expectativas de inflação, projeções e inflação e hiato, e balanço de riscos.

A comunicação é compatível com flexibilização em agosto, mas o BC optou por assegurar graus de liberdade e não se comprometeu com queda de juros iminente. Para o corte em agosto, teremos de ter a confirmação da meta de inflação em 3,0% na reunião do CMN e a continuidade de bons resultados na inflação corrente e na pesquisa semanal do Focus. Esperamos que as condições permitam, ao fim, um corte de 0,25% em agosto.

Débora Nogueira
Economista-chefe da Tenax Capital

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