No encerramento da semana, sexta última, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu que a taxa Selic ainda vai subir (completando, assim, a décima alta sequencial), possivelmente mais um ponto, na reunião de maio, indo a 12,75% a.a. Homem elegante, bem nascido e bem formado, o economista reconhece que os mais pobres é que pagarão a conta a duras penas, já que os mais abastados sabem se defender sempre. Novidade zero, em um país de tanta desigualdade social, mas este é o “remédio” que ele enxerga para enfrentar o dragão inflacionário.

A inflação acumulada, que passa dos 10% atualmente, estourando a meta do governo (de 5,25%), deve recuar alguns pontos. Mais que torcida, esta é uma necessidade para que a economia melhore os seus sinais vitais. No Relatório Trimestral de Inflação, o BC recalculou a projeção, saindo de 4,7% para 7,1%. Um salto significativo, mas com o qual o mercado concorda de uma forma geral. O JPMorgan, por exemplo, deu isto por escrito e aposta também nos 7,1% para o fechamento deste ano. O fato é que até dezembro certamente já teremos atravessado uma tempestade inflacionária, com toda sorte de aumentos.

A depender da oscilação do preço do barril do petróleo (com terríveis soluços em função da guerra na Ucrânia, nas quatro últimas semanas), a inflação pode fechar a 6,3% diz, em uma visão otimista, o BC. Mas… se a maionese azedar, os 7,1% serão facilmente ultrapassados. Por ora não dá para saber, apenas estimar. Aliás, quem acompanha mercado e está no Clube Acionista (https://clube.acionista.com.br/feed) tem muito mais facilidade de fazer o seu hedge, é óbvio, mas não custa lembrar.

Como diz o ditado, “o importante é sempre achar um culpado” para aquilo que não está dando certo. Aproveito o gatilho, vou lembrar a fala de Mário Henrique Simonsen (“queridinho do mercado”), então ministro da Fazenda, que precisava justificar a alta inflacionária (índice de 4% só em março do longínquo 1977) e lascou a culpa no chuchu, sim na leguminosa mesmo que dá aos montes em qualquer cerca – por vezes até pulando a mesma, de tanta vontade em proliferar. Os mais novinhos vão recorrer ao google, mas “a inflação do chuchu” ficou no anedotário, especialmente depois que um jornalista contestou Simonsen, dizendo: “Ministro, essa não é a inflação do chuchu, é inflação pra chuchu!”. E o ano de 1977 terminou com 38,78%.

ELEITORAL

A julgar pelos nomes ora apresentados, e frequentemente submetidos a pesquisas, dos 10 possíveis candidatos a presidente, pelo menos 6 vão pontuar menos que o 7% de inflação…

QUEROSENE

A alta dos combustíveis provoca uma tempestade de aumentos, de fato. Desnecessário enumerar aqui as tarifas, produtos e serviços uma vez que a sua quase totalidade está sob esta tempestade, muitas vezes com trovoadas.

O QAV, popularmente conhecido por querosene de aviação, é um desses. O produto está hoje na maior cotação, nos últimos quatro anos, representando atualmente 50% dos custos de um voo. Se comparado aos preços médios de 2019, o aumento é de 90%.     

METANO

Por meio de portaria do ministério do Meio Ambiente, o governo anunciou nesta última semana a criação do “crédito de metano”.  Embora não detalhe como irá funcionar, a nova “moeda verde” estará inserida no futuro mercado de carbono. A conferir.

CAMPAINHA

Empresa criada a partir da combinação dos ativos de energia da Votorantim S/A e da Canada Pension Plan Investment Board, a Auren Energia S/A vai iniciar a negociação de ações nesta segunda, 28. O tradicional toque da campainha acontecerá no plenário da B3, às 9h45.

A nova companhia (AURE3) substituirá a Cesp (CESP6), após a reorganização societária.

HIDROGÊNIO VERDE

O Rio Grande do Sul vai ganhar um projeto de Hidrogênio Verde. Para tanto, o governo local e a Enerfín do Brasil assinaram memorando. Trata-se do segundo “acordo verde” em curto espaço de tempo, uma vez que os gaúchos já tinham celebrado acordo em dezembro último com a White Martins. Ambos têm foco no Porto do Rio Grande.

Sobre a Enerfim, trata-se de companhia do grupo espanhol   Elecnor/Enerfín que já opera o Complexo Eólico de Osório. Cabe destacar que o estado assumiu o compromisso de neutralizar suas emissões de carbono em 50% até 2030.

TERMINAIS

Romeu Zema trocou o legítimo pão de queijo por um inesquecível café espresso paulistano na última semana, ao bater o martelo, na B3, para os leilões dos Terminais Rodoviário e Metropolitanos.

A proposta vencedora de R$ 20 milhões foi feita pelo Consórcio Terminais BH, representado pela corretora Mundivest, o que representou ágio de 1.829,05% sobre o valor da outorga proposto no edital de leilão. Serão investidos um total de R$ 122 milhões ao longo de toda a concessão, sendo R$ 51 milhões nos 36 primeiros meses.

“Eu posso dizer que o leilão foi um sucesso, quase 20 vezes o valor inicial, um ágio de 1900% e isso significa um avanço para Minas Gerais. Nós vamos ter os usuários mais satisfeitos, já que a empresa irá investir mais de R$ 120 milhões não só no terminal rodoviário de Belo Horizonte, como nos demais que entraram nas estações”, disse o governador de Minas Gerais.

PORTOS

A Suzano inaugurou o novo berço construído no Porto do Itaqui, Maranhão. O berço é estratégico para a continuidade do escoamento da celulose produzida na Unidade Imperatriz, transportada até Itaqui por meio de uma malha ferroviária com 670 km de extensão.

O projeto prevê, além da construção deste berço já finalizado, um armazém (em fase de obra), que representam conjuntamente um investimento de R$ 390,2 milhões. Em leilão realizado em 2018, a Suzano assegurou o direito de investir e explorar o local por 25 anos, prorrogáveis até o limite de 70 anos.

DIVERSIFICAÇÃO

Cabe lembrar que, além do terminal no litoral maranhense, a Suzano escoa sua produção para o mercado externo a partir do Porto de Santos (SP) e de Portocel (ES), porto administrado em parceria entre a companhia e a Cenibra. Ao todo, a companhia exporta para mais de 100 países.

MAR

Anote: entre os dias 31 de maio e 5 de junho próximo acontece a Marina Week. Para quem ainda não conhece, trata-se da Semana do Mar, promovida pela Cátedra Unesco para Sustentabilidade dos Oceanos, em parceria com a Universidade de São Paulo, e a Scientific American Brasil, com apoio da Marinha do Brasil.

Entre os painéis definidos, participantes poderão assistir (presencialmente, no Memorial da América Latina, em São Paulo) a “Mudanças climáticas”, “Conservação da biodiversidade”, “Poluição marinha” e “Comunicação para a sociedade”, “Economia Azul: Conceito e Desenvolvimento Internacional”, “Perspectivas e Potencialidades da Economia Azul no Brasil”, “Conhecimento, Ordenamento e Vigilância do Espaço Marítimo Brasileiro”, “Cases de Sucesso”. Inscrições pelo link  http://marinaweek.com.br/ 

CLIMA

A Securities and Exchange Commision (SEC), “xerife do mercado” de valores mobiliários nos Estados Unidos, lançou proposta de padronização de reportes das companhias abertas sobre as suas operações relativas ao clima.  

O documento explicita que todas as companhias listadas em bolsa, nos Estados Unidos (brasileiras que operam por lá, inclusive), deverão informar as emissões anuais; consumo de energia; e aquelas com valor maior que US$ 700 MM precisarão reportar as emissões de sua cadeia de suprimentos.

FOZ

A B3 realizou leilão, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), por intermédio do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), para a concessão do Parque Nacional do Iguaçu, localizado em Foz do Iguaçu (PR). O certame foi vencido pelo consórcio Novo PNI, representado pela corretora Nova Futura, tendo o valor da proposta de R$ 375 milhões, representando ágio de 349,45%.

A concessão, que tem prazo de 30 anos, prevê investimentos de R$ 500 milhões em infraestrutura, que acarretará em melhorias para o público, conservação da biodiversidade e desenvolvido das cidades vizinhas.

IBGC

O Instituo Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) tem novos conselheiros, para o mandato 2022/24. Eleição ocorreu na última sexta-feira, durante AGO. São eles: Alberto Messano, Cristina Lucia Duarte Pinho, Deborah Patricia Wright, Eduardo Shakir Carone, Gabriela Baumgart, João Laudo de Camargo, Leonardo P. Gomes Pereira, Leonardo Wengrover e Sergio Ephim Mindlin.

A escolha para presidente do Conselho de Administração será feita pelo voto da maioria dos integrantes do próprio órgão colegiado, durante a primeira reunião subsequente à Assembleia Geral Ordinária.

ESPANHA

Cássio Namur, sócio da Tortoro, Madureira & Ragazzi Advogados, foi nomeado líder do Comitê Jurídico da Câmara Espanhola no Brasil.

Advogado experiente, Namur tem longa atuação junto ao mercado de capitais.  

FORMARE

A Iochpe-Maxion venceu o Prêmio “BNDES – Todos pela Sustentabilidade” na categoria Apoio à Educação, com o Projeto Formare.

A premiação reconheceu o impacto social do Formare, operado pela Iochpe-Maxion, que conta com sete unidades dentro das fábricas da empresa nos municípios de Cruzeiro, Limeira e Hortolândia (SP), Contagem e Sete Lagoas, em MG, além dos estados de Chihuahua e San Luis Potosí, no México.

METAVERSO

Diretoria de Sustentabilidade do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas convida os leitores da coluna Via Sustentável, em caráter free, a assistir palestra sobre “O Metaverso na Dinâmica Empresarial”, com o palestrante, darwinista digital, Carlos Piazza.  Será no dia 31 próximo, às 9h, pelo link https://Inkd.in/d7kgZVFE. Ao professor Luiz Fernando Bueno, titular no Ciesp, o nosso abraço e votos de sucesso.

 
METAVERSO 2

É sobre metaverso também o tema da jornalista Anatricia Borges, destacado em Plurale (site parceiro do Acionista). Depois de assistir ao painel da futuróloga, Amy Webb, CEO do Future Today Institute, na SXSW 2022, e seu conceito de Re-percepção, ela faz um link com o conceito ESG.

Vale a pena  conferir em Será que o ESG já exige re-percepção? • notícias • plurale em site: ação, cidadania, ambiente.

Publicidade

Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte