(*) Liedi Bernucci

O desafio está posto e há disposição de sobra para enfrentá-lo. Contando um corpo técnico altamente qualificado e recursos laboratoriais modernos, o IPT pode atender das mais simples às mais complexas demandas da sociedade em suas áreas de competência técnica. Está apto a aprimorar tecnologias que impactam processos, empresas e o dia a dia das pessoas com foco permanente na sustentabilidade. Sociedade e meio ambiente não podem ser dissociados.

Tecnologia e inovação conectam-se. Historicamente, o IPT cumpre um papel extraordinário na área tecnológica, de modo abrangente, prestando serviços tradicionais. Mas, sempre que possível, inovando em processos e mirando ideias disruptivas. Conhecimento não tem limites e é indispensável para apoiar, da melhor forma, os setores público e privado a partir de uma governança ética, transparente e sempre aberta ao diálogo.

Em 2021 um passo importante rumo ao futuro foi dado pelo IPT, juntamente com a startup E4CB, conectando tecnologia, inovação e sustentabilidade. Foi criado conjuntamente o pioneiro Centro Brasileiro de Inovação em Economia Circular (CBIEC). O que se convencionou chamar, mundo a fora, de economia verde tem tudo a ver com a circularidade. O conceito de economia circular apresenta-se como alternativa ao modelo econômico linear que se baseia na extração, transformação, uso e descarte de materiais que aproxima o planeta do limite. Diferentes escolas de desenvolvimento sustentável como economia ecológica, economia verde, ecologia industrial, economias de ciclos e de performance, entre outras, alicerçam a circularidade. Nas palavras da direção do CBIEC, este é um caminho sem volta para conectar empresas e gestores nacionais a um movimento socioambiental ascendente e global.

Nesta rota de sustentabilidade, a parceria entre a Riachuelo e o IPT é emblemática e sinaliza um trabalho muito promissor pela ótica da economia circular. A meta é eliminar o descarte na produção têxtil, transformando as sobras em um novo fio para confeccionar roupas. O projeto conta com um investimento inicial da ordem de dois milhões de reais, terá por objetivo prospectar e desenvolver processos de reciclagem de resíduos têxteis procedentes de aparas de confecção e de seus artigos no pós-uso. A ideia é reinserir essas matérias-primas na cadeia têxtil. Serão investigadas diferentes rotas tecnológicas tais como mecânicas, químicas e biotecnológicas, a depender das características demandadas pelas estratégias da economia circular. Vale a mesma lógica para o desenvolvimento de diferentes materiais, de acordo com os processos desenvolvidos.

(*) Liedi Bernucci é doutora pela Escola Politécnica da USP, onde também é professora titular. Atuou na chefia de departamento e foi a primeira diretora da instituição, membro do Conselho Superior da Fapesp e atual diretora-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).

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