O projeto de lei que implementa a taxação de fundos no Brasil, de iniciativa do governo federal, é meramente arrecadatório e não beneficia o ambiente de negócios, afirma o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike. “A iniciativa não traz um planejamento estratégico para atrair novos investimentos para o país. O que se quer é somente satisfazer o furo do orçamento, ou seja, o déficit de 2023”, afirma.

“O governo pretende arrecadar R$ 20 bilhões e o déficit é de R$ 200 bilhões. Eu não vejo como isso possa ajudar o país, pelo contrário, muitos fundos exclusivos devem deixar o Brasil”, destaca, acrescentando que a iniciativa foi ventilada na Europa, mas os agentes políticos voltaram atrás porque a ideia provocou a fuga de investidores.

“Isso deve se repetir no Brasil, com fundos deixando o país e investidores procurando economias cuja tributação seja menor. Haverá uma diluição dos aportes, com poucas pessoas permanecendo na modalidade, e os paraísos fiscais vão voltar para o radar do investidor, como forma de salvaguardar patrimônios”, frisa. Sem falar no movimento de corrida para o dólar. Esse movimento tende a alavancar o ativo e a corrida por si só pode servir de empecilho na taxa de câmbio. “Não houve estudo da Curva de Laffer [que é uma representação teórica da relação entre o valor arrecadado com um imposto a diferentes alíquotas] para ver o que de fato ajudaria o desenvolvimento do Brasil ao longo dos anos”, conclui o especialista.

Taxação de fundos 

O referido projeto tramita na Câmara dos Deputados e prevê a taxação das offshores e dos fundos exclusivos. Dois pontos sensíveis estão travando o avanço da proposta em Brasília, sendo a possibilidade de reduzir a taxação dos fundos offshores para 15% – frente o relatório inicial, que previa algo entre 15% e 22,5% – bem como a mudança nos requisitos para a isenção de Imposto de Renda para pessoa física nos rendimentos dos Fundos de Investimento em cadeias Agroindustriais (Fiagros) e dos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs).

A proposta tramita em regime urgência constitucional do governo e, com isso, nenhum outro projeto de lei pode ser votado até que o texto em urgência seja analisado pelo plenário. A iniciativa é considerada essencial pela equipe econômica do governo para aumentar a arrecadação federal em 2024 e zerar o déficit nas contas públicas.

O governo também queria uma nova proposta para os Juros Sobre Capital Próprio (JCP), mas estas ficaram de fora por falta de acordo.

Publicidade

Onde investir neste fim de ano?

Veja as recomendações de diversos analistas em um só lugar.