Para a tristeza geral da Nação, tanto para população quanto para o mercado e empresários, a elevação da taxa de juros na noite desta quarta-feira (11) de 1 ponto percentual, ficando 12,25% a.a. foi um ‘baque’. Isso porque a expectativa da maioria era uma alta de 0,75%. O que resta é aceitar que dói menos. E mais: o Copom informou que elevará a taxa Selic em 1 ponto percentual nas próximas duas reuniões, em janeiro e março, caso os cenários se confirmem. Os próximos encontros serão comandados pelo futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo.

Segundo o comunicado do Banco Central, a alta recente do dólar e as incertezas em torno da inflação e da economia global fizeram o Copom aumentar o ritmo de alta dos juros. O Comitê atribuiu a elevação acima do previsto às incertezas externas e aos ruídos provocados pelo pacote fiscal do governo.

Momento hawkish, dizem especialistas

Para Marcelo Bolzan, CGA, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, foi uma decisão unânime, e é importante frisar algumas mudanças importantes em relação aos últimos comunicados. “Eles comentam que a inflação projetada aqui para o horizonte relevante, que é o segundo trimestre de 2026, situa-se em 4%, então houve uma subida forte aí dessas expectativas. O comunicado deixa bem claro que a dinâmica inflacionária está mais adversa. E esse cenário atual é marcado por uma desancoragem adicional das expectativas de inflação, então veio com um tom mais pesado aqui.”

De acordo com Bolzan, diferente das últimas reuniões, o Copom já deixou um “forward guidance, já deram uma sinalização de que os próximos dois movimentos devem ser de 1% também, o que é bem hawkish.”

Em relação a expectativa de mercado para esta quinta (12), Bolzan acredita que como “a política monetária vai precisar ancorar essas expectativas que o fiscal está sendo bem ruim, bem frouxo, então vai ter que ter essa política monetária mais pesada, então eu acho que o mercado vai receber de forma positiva”.

O estrategista comenta que mesmo que juros elevados sejam ruins para a bolsa, o comunicado vai passar um recado importante de que o Banco Central vai buscar convergir a inflação para o centro da meta, e vo mercado vai ver isso com bons olhos.

“Então a tendência é que a bolsa abra esta quinta de forma positiva, pode ser que o dólar recue um pouco mais, hoje o dólar caiu um pouco. Então penso que o mercado, apesar de ser uma decisão dura, hawkish, vai ver isso com bons olhos”, afirma Bolzan.

Na visão de Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, o tom do comunicado do Comitê veio mais hawkish que o esperado, “com o objetivo de ancorar as expectativas de inflação que saíram dos trilhos nos últimos meses, e que só deve ficar dentro do esperado no médio prazo”.

Segundo ele, com esse alinhamento de expectativas mais longo, além de outros fatores, o Copom preferiu dar um “choque” de alta de juros, para evitar que esse cenário tenha que se perpetuar por mais tempo lá na frente. “Destaque para a mesma justificativa de reuniões anteriores de que o cenário continua desafiador, em especial pelo receio com a inflação e desaceleração da economia dos EUA, em especial com a entrada do presidente Trump em 2025”, comenta Alves.

Sobre Gabriel Galípolo, o especialista diz que há uma grande interrogação se o novo presidente do BC vai manter o pulso firme assim como Campos Neto. “Mas a história recente da década passada, e do pós-pandemia mostra que a inflação é o inimigo global do século até aqui, e que se não for combatida com o remédio amargo da alta de juros, haverá nos próximos anos mais renda circulando, porém com menos poder de compra, o famoso “ganha mais não leva”, o qual terá um impacto grande sobre a classe baixa e a classe média no geral, comenta Alves.

Para ele, a Bolsa deve abrir em baixa nesta quinta (12), por conta da pressão dos juros locais, assim como os juros futuros precificando um cenário de mais altas. “Acredito que o real deve se valorizar perante o dólar pela atração de fluxo com juros mais altos, que remunera melhor o capital estrangeiro.”

Dólar e Bolsa

O dólar comercial caiu abaixo de R$ 6 pela primeira vez no mês de dezembro nesta quarta-feira (11). A moeda recuou 1,30% contra o real e fechou a sessão cotada a R$ R$ 5,968 – menor patamar desde o dia 29 de novembro.

Já o Ibovespa encerrou o dia no seu terceiro pregão consecutivo no azul. Após passar o dia no negativo, o principal índice da B3 virou para alta no final do pregão e subiu 1,06%, aos 129.593 pontos. Este foi o maior nível de fechamento desde o dia 26 de novembro.

Fatos – A quarta-feira foi marcada pela atenção à última decisão de política monetária do ano e às informações sobre a saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente passou por outro procedimento médico nesta quinta-feira, por volta da 7h25, após ter realizado uma cirurgia na terça.

Após o fechamento do mercado, o Copom decidiu acelerar o ritmo de alta e elevou a Selic em 1 ponto percentual (p.p.), para 12,25% ao ano. No exterior, dados de inflação trouxeram alívio para as bolsas com a expectativa de que o FED vai continuar reduzindo as taxas de juros nos Estados Unidos

(Fonte: Agência Brasil; Bloomberg)

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