Como ocorreu no mandato anterior, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segue com sua política comercial de aumentar tarifa de produtos importados. Seu último anúncio foi que, a partir desta segunda (10), aumenta em 25% as importações de aço e alumínio. A medida será aplicada a todos os países, sem exceções, e visa fortalecer a indústria siderúrgica americana. E a reação  foi imediata. Logo o dólar se valorizou e junto vieram as incertezas sobre que vem por aí das relações comerciais dos EUA com seus principais parceiros.

Guerra comercial – Não está longe uma guerra comercial dos EUA e principalmente Canadá, Brasil e México, que estão entre os maiores exportadores de aço para o mercado americano. Além disso, essa nova  taxação também  pode pressionar os preços dos produtos manufaturados nos EUA, elevando a inflação e dificultando a esperada flexibilização da política monetária pelo Federal Reserve.

Brasil

De acordo com Rodolpho Damasco, sócio e head do Private Offshore da Nomos Investimento, a decisão de Trump de reintroduzir tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importados pelos EUA reacende um problema que o Brasil já enfrentou em seu primeiro governo. “Em 2018, essas mesmas tarifas foram aplicadas sob a justificativa de segurança nacional, e o Brasil conseguiu negociar um sistema de cotas que permitiu continuar exportando sem a aplicação das taxas, mas com restrições de volume. Agora, o desafio se repete, e o impacto sobre a economia brasileira pode ser significativo”, comenta.

O Brasil é um dos principais fornecedores de aço para os Estados Unidos, e essa barreira comercial pode prejudicar diretamente empresas como CSN, Usiminas e Vale, que dependem do mercado americano para escoar parte de sua produção. “A Gerdau, por ter operações nos EUA, pode sofrer menos, já que pode atender à demanda local sem depender das exportações. No entanto, para as empresas que não possuem essa estrutura, a necessidade de buscar novos mercados e lidar com um possível excesso de oferta interna pode pressionar margens e impactar a geração de empregos no setor.”

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Impactos – Conforme Damasco, além disso, há um efeito em cadeia na economia. Ele explica que se as exportações caírem, a produção pode desacelerar, afetando fornecedores, transportadoras e outros segmentos ligados à siderurgia e à mineração. “Também há o risco de que essa medida gere tensões comerciais globais e represálias de outros países, dificultando ainda mais o cenário para o Brasil”.

Se o Trump confirma que o Brasil está nesse bolo, o governo brasileiro precisa agir rapidamente, como fez no passado, buscando um novo acordo que minimize os impactos dessas tarifas. “A experiência de 2018 mostrou que negociações podem resultar em condições menos desfavoráveis. Além disso, é essencial que a indústria nacional continue investindo em competitividade e diversificação de mercados para reduzir sua dependência dos Estados Unidos e evitar ser refém de medidas protecionistas que podem mudar a qualquer momento”, disse Damasco.

Álvaro Bandeira, coordenador da comissão de Economia da Apimec Brasil, comenta que “ainda não temos detalhes sobre se serão impostas de forma global, nem se serão sobre todos os produtos de aço (sem especificação), ou ainda se por prazo determinado. 

Sabemos que o segmento nos EUA não é tão eficiente quanto em outros países como China e Brasil, pois a indústria de lá trabalha com capacidade ocupada de somente 73%, enquanto outros países têm cargas até superiores a 90%.”

Além disso, Bandeira comenta que também sabe-se que existem empresas brasileiras com produção de aço nos EUA que não devem ser atingidas pela medida caso seja implantada e de forma abrangente. “Bom lembrar que até aqui o governo brasileiro ainda não se posicionou sobre isso, aguardando o comunicado oficialmente. Portanto, também não temos a reação brasileira que pode criar barreiras para importações iniciadas nos EUA, abrangentes, eventualmente a outros setores como tecnologia, por exemplo.”

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Para o especialista, ainda é cedo para se ter uma visão mais clara dos efeitos sobre as exportações brasileiras, já que o Brasil é o segundo maior exportador para lá, “mas certamente essa guerra comercial que se avizinha não é boa para o Brasil e para o mundo. Também temos que aguardar como Japão e União Europeia irão se posicionar.”

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