Uma Super Quarta diferente. Hoje (10) foram divulgados os dados de inflação aqui no Brasil (IPCA) e nos EUA (CPI), um dia aguardado pelo mercado. No Brasil, a inflação desacelerou, ficando em 0,16%, após subir 0,83% em fevereiro e nos Estados Unidos, a taxa foi de 0,4 %, mesmo número registrado em fevereiro, segundo dados com ajuste sazonal pelo Departamento do Trabalho americano.
Brasil
De acordo com Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos, foi constatada uma surpresa baixista significativa, uma vez que o mercado aguardava 0,24%, no entanto, o IPCA geral encerrou em 0,16%.
“Ao examinar os dados de maneira mais detalhada, é possível notar aspectos favoráveis, uma vez que o Banco Central demonstrou certa preocupação com a possível aceleração dos núcleos, mas em março o IPCA apresentou uma média de 0,18%, uma queda em relação ao mês anterior. Essa redução nos núcleos foi principalmente influenciada pela diminuição nos preços dos bens industriais, com uma deflação de 0,10% nos bens subjacentes”, comenta Lohmann.
No entanto, por outros lado, destaca o economista, os serviços subjacentes ainda apresentam certa pressão, com alta de 0,45%. No IPCA 15 de março, registrou-se 0,44%. Portanto, esses dados são bastante positivos e podem trazer certo conforto.
“Acredita-se que essa situação possa levar a uma redução de 0,50% na taxa de juros tanto nesta reunião quanto na próxima. Além disso, é possível observar no levantamento da pesquisa Focus um início de movimento de reancoragem, com o IPCA para 2028 caindo de 3,50 para 3,41. É importante ressaltar que a reancoragem das expectativas é crucial para as taxas futuras; caso não ocorra essa reancoragem adicional, a taxa final terá que ser revisada.”
Para analista do Inter, os dados da inflação são positivos
De modo geral, o resultado foi bastante positivo do ponto qualitativo, e reforça que a piora da inflação nos meses recentes foi amplamente devido a fatores sazonais, segundo André Valério, analista do Inter.
No acumulado em 12 meses a inflação manteve sua tendência de desaceleração, agora de maneira mais intensa. De janeiro para fevereiro a inflação nessa métrica variou apenas marginalmente, de 4,51% para 4,50%. Em março, o IPCA alcança alta acumulada de 3,93%, enquanto a média dos núcleos alcança 3,79%.
“De modo geral, o resultado de março foi bastante positivo. O único porém foi a não desaceleração da inflação de serviços subjacentes, ainda assim, as outras medidas de inflação de serviços sugerem um alívio inflacionário vindo do setor. A desaceleração da média dos núcleos é uma excelente notícia e sugere que a dinâmica inflacionária se mantém saudável. Com isso, não enxergamos uma modificação da atual dinâmica desinflacionária, não afetando a condução da política monetária, que ainda mantém um patamar contracionista e consistente com a atual dinâmica da inflação”, diz Valério.
Mercado – Após a última reunião do Copom e os resultados menos positivos de dezembro a fevereiro, o mercado passou a ficar mais cauteloso, projetando inclusive uma Selic terminal maior que o esperado anteriormente. “Por outro lado, mantemos nossa expectativa de Selic a 8,50% ao fim de 2024, que, a nosso ver, é consistente com a atual dinâmica inflacionária”, afirma o analista.
EUA
Já nos Estados Unidos, a taxa foi de 0,4 %, o mesmo registrado em fevereiro, segundo o Departamento do Trabalho americano. O indicador fornece mais informações sobre como a política monetária do Federal Reserve (Fed) e como ela tem afetado a inflação americana, além de trazer novas perspectivas quanto ao ciclo de juros nos EUA.
Segundo a analista chefe da Money Wise Research, Cleide Rodrigues, a expectativa era um CPI de 0,3%, sendo acima do esperado. Já o avanço anual nessa leitura foi de 3,5%, a expectativa era de 3,4%. “Pode ser que o mercado reaja negativamente, pois na última sexta-feira (05/04), tivemos um Payroll muito forte, que é a criação de novas vagas de trabalho nos Estados Unidos. E hoje o CPI foi levemente acima do esperado, mostrando que a economia americana realmente continua forte, o que pode não dar espaço para o banco central americano cortar os juros no dia 12 de junho, que era o que o mercado esperava. Portanto, podemos ver a bolsa reagindo negativamente no dia de hoje”, comenta.
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