Antes de mais nada, suponho que o caro amigo assinante leitor possa estar perguntando:

Para que tanto ‘super’ no título, Ivan? Um ou dois não bastavam?

Me apresso em explicar:

Super número 1: eleições para a presidência do Senado Federal.

Super número 2: eleições para a presidência da Câmara dos Deputados.

Super número 3: Reunião do FOMC (Federal Open Market Committee –  Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve Bank dos Estados Unidos).

Super número 4: Reunião do COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil).

Obs.: os dois últimos “super” definem as taxas de juros dos dois países.

O termo “super” é muito usado na política e em outros assuntos nos Estados Unidos. Se refere, por exemplo, a “Super Tuesday – Super terça-feira”, dia em que se realizam diversas primárias nos anos de eleição presidencial.

A decisão do campeonato de futebol americano é chamada de Super Bowl. A deste ano, por exemplo, ocorrerá no domingo dia 12 de fevereiro, portanto daqui a oito dias.

Aqui no Brasil, no auge da temporada de futebol (praticado com os pés, obviamente), existem as chamadas “super quartas-feiras, quando há jogos simultâneos pela Copa do Brasil, pela Libertadores das Américas e pela Copa Sul-americana. Pelo menos é assim que as emissoras que transmitem os jogos os classificam. Super!

Voltando ao assunto que mais interessa a esta coluna, e ao mercado financeiro, na quarta, dia 1º de fevereiro tivemos as escolhas dos presidentes das Casas do Congresso.

No Senado, houve uma espécie de terceiro turno das eleições presidenciais. E Lula venceu pela terceira vez, desta vez com Rodrigo Pacheco, senador por Minas Gerais, que se reelegeu no cargo, obtendo 49 votos contra 32 de seu adversário, Rogério Marinho, representante do Rio Grande do Norte e candidato dos bolsonaristas.

Já na Câmara dos Deputados ocorreu um fato insólito. Apoiado por petistas, bolsonaristas (isso mesmo, petistas e bolsonaristas, vá-se entender o Brasil), baixo clero, alto clero (se é que existe) e quase todas as correntes políticas da Casa, Arthur Lira se reelegeu com a maior votação de todos os tempos: 464. Isso num plenário de 513 assentos.

Se Lula esteve num dia de glória ao subir a rampa do Planalto em 1º de janeiro, e foi beneficiado pelos ataques estúpidos do dia 8 contra as sedes dos três poderes, agora irá literalmente sentar no colo de Lira, repetindo o que fez o tempestuoso Jair Bolsonaro.

Como os presidentes anteriores tiveram de atender aos anseios de Eduardo Cunha e Rodrigo Maia, imagino o que Lula não terá de fazer, principalmente na distribuição de cargos e aceitação de emendas.

Pouco antes das eleições de Pacheco e Lira acontecerem, nos Estados Unidos o FOMC elevou a taxa básica de juros em 0,25% ao ano, passando a banda de 4,25%/4,50% para 4,50%/4,75%, um movimento que era esperado por praticamente todos os agentes econômicos.

Ao contrário de Paul Volcker (chairman do FED entre 1979 e 1987), que tinha sangue de gavião (hawk, em inglês, nome que se dá às pessoas e às políticas contracionistas), Jerome Powell, atual titular da cadeira, tende a ser pombo (dovish), expansionista.

Mesmo quando diz que a Reserva Federal continuará a elevar as taxas de juros, o chairman Jerome atenua a fala, informando que já vê sinais de alívio na inflação.

Tanto é assim que o índice industrial Dow Jones subiu quase um por cento após a entrevista, o S&P 500, 1,2%, e o Nasdaq, 2%.

Completando o quadro da super, super, super, super quarta-feira, após o fechamento dos mercados o COPOM manteve a taxa inalterada em 13,75%, mas Roberto Campos Neto, presidente do BC, fez questão de enfatizar que fatores de risco continuam pressionando os preços e que há incertezas sobre o futuro do marco fiscal do país.

Resumo da ópera: o aumento dos juros nos Estados Unidos elevou ligeiramente os mercados americanos de renda variável e a manutenção da taxa Selic no Brasil (que ocorreu após o fechamento do pregão da B3) derrubou o Ibovespa no dia seguinte.

No momento em que encerro este texto, 15 horas de quinta-feira, 2 de fevereiro, a Bolsa de São Paulo está caindo 0,70%, com o índice sendo negociado a 111.353.

Já o mercado de câmbio está se comportando com lógica cristalina.

Com o Brasil pagando a maior taxa de juros reais de todo o planeta, o dólar está testando o suporte psicológico de R$ 5,00.

Um forte abraço e um ótimo fim de semana para todos.


Ivan Sant’Anna

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