🌎 MERCADOS GLOBAIS

Mercados globais estão amanhecendo em tom de risk-off, com queda dos índices acionários e commodities, além de uma forte alta do dólar.

O sentimento de maior aversão ao risco toma conta do mercado na medida em que passamos a acompanhar um novo movimento de forte abertura das taxas de juros nos EUA, com investidores na expectativa pelo início da retirada dos estímulos monetários no mundo desenvolvido em meio aos sinais de que a pressão sobre a inflação deve persistir por um período mais longo. Adicionalmente, os diversos riscos para o crescimento econômico global no cenário atual (vide MH de ontem) olhando estão se mostrando cada vez menos “triviais” na medida em que ainda não temos um desfecho claro para a situação da Evergrande e as crises energéticas na China e na zona do euro passaram a se deteriorar de forma rápida, intensificando as pressões de custo derivadas de gargalos de oferta. Este cenário, junto do nível de preços elevado que o mercado vinha praticando nas bolsas de economias desenvolvidas, derrubam as bolsas por promover uma perspectiva menos favorável no curto-prazo.

📰 HEADLINES

VALOR

Congresso permite que reforma não aprovada compense auxílio. O Congresso Nacional aprovou ontem projeto de lei que permite ao governo federal utilizar a reforma do Imposto de Renda, mesmo sem ter sido ainda aprovada, como fonte contábil para a criação do programa proposto para substituir o Bolsa Família, que passará a ser chamado de Auxílio Brasil. A intenção do Executivo é começar a pagar o benefício em novembro. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) determina que o governo precisa apresentar uma fonte de custeio ao criar um programa permanente de gastos. Essa fonte será a taxação de 15% sobre os lucros e dividendos distribuídos pelas empresas aos seu acionistas prevista na reforma do Imposto de Renda; aprovada pela Câmara, mas ainda não pelo Senado.

VALOR

Petrobras diz que não vai mudar política de preços. O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, afirmou ontem que não há nenhuma mudança na política de preços da estatal. O executivo fez a declaração horas depois de o presidente Jair Bolsonaro ter reclamado publicamente do preço dos combustíveis. Em cerimônia dos mil dias do governo, Bolsonaro disse que ontem pela manhã teve conversa com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para discutir o que poderia ser feito para diminuir o preço dos combustíveis na ponta. O presidente afirmou que gostaria que o litro da gasolina estivesse a R$ 4.

ESTADÃO

Estudos descartam risco de apagão, mas não dá para garantir, diz Bolsonaro. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (27) que não pode descartar as chances de apagão; mas que os estudos do governo apontam que o fornecimento de energia será mantido. “Não posso garantir isso para você (que não haverá apagão). Estudos que nós temos é de que não vai faltar (energia)”, disse o presidente à Jovem Pan. Na mesma entrevista, Bolsonaro voltou a pedir para a população economizar energia. “Estou pedindo para o pessoal apagar um ponto de luz em casa, que seja. Ajuda. Eu apago tudo, tomo banho frio há muito tempo”, afirmou o presidente, que repetiu que desligou o aquecimento da piscina do Palácio da Alvorada para economizar a energia.

FOLHA

Plano para dez anos inclui privatizar Petrobras e Banco do Brasil, diz Guedes. O ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou nesta segunda-feira (27) que o plano do governo para um horizonte de dez anos contempla privatizar as estatais de maneira irrestrita, incluindo a Petrobras e o Banco do Brasil. Ao participar de evento promovido pela International Chamber of Commerce (ICC Brasil), ele afirmou que esse é um dos vetores “muito claros” para o futuro, assim como alterações no regime de Previdência. “Se você pergunta: o que você gostaria de fazer nos próximos dez anos? Mudar o regime previdenciário para capitalização. O Brasil vai crescer 5% ao ano, em vez de crescer 2%, 3%”, disse ele; pontuando que a reforma já feita pelo governo Jair Bolsonaro foi razoável, mas não transformadora.

ESTADÃO

Ministro da Cidadania afirma que prorrogação do auxílio emergencial ‘está na mesa’. A um mês do fim do auxílio emergencial, o governo Jair Bolsonaro passou a discutir a possibilidade de prorrogar o benefício, pago a vulneráveis devido à pandemia de covid-19. Ao Estadão, o ministro da Cidadania, João Roma, afirma que o tema “está na mesa”, embora nenhuma decisão tenha sido tomada. “É preciso que haja um esforço do Estado brasileiro para proteger 25 milhões de cidadãos”, diz, em referência ao público que hoje recebe o auxílio emergencial, mas ficaria fora da nova política sucessora do Bolsa Família.

ESTADÃO

Com cenário conturbado no Brasil, exportadores deixam US$ 46 bilhões no exterior. Beneficiadas por alguns efeitos da covid-19 sobre a economia, as exportações brasileiras, com destaque para as vendas de soja e minério de ferro para a China, estão batendo recorde em 2021, mas uma parte dos bilhões de dólares levantados pelos exportadores está ficando no exterior, indicam os dados de fluxo cambial e da balança comercial. As exportações somam US$ 260,6 bilhões no acumulado em 12 meses até agosto na balança comercial, maior valor na série histórica iniciada em 1995. O fluxo cambial em operações de exportação soma US$ 214,4 bilhões, no mesmo período. Essa diferença, de US$ 46,2 bilhões a mais para o valor registrado na balança, está no maior nível desde 1995.

GLOBO

Bolsonaro diz que é um ‘zero à esquerda’ para debelar a inflação. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a principal mudança pela qual passou nesses mil dias de governo foi alterar sua postura estatizante, que o acompanha há décadas, desde que chegou ao Congresso Nacional, quando foi eleito na década de 1990. Ele defendeu as privatizações. O presidente também falou da fome e da inflação que assola o país. Para debelar a inflação, ele afirmou ser um “zero à esquerda” em economia, mas que deposita sua confiança no presidente do Banco Central, Roberto Campos.

GLOBO

Congresso aprova projeto que permite abertura de espaço fiscal para o Auxílio Brasil. O Congresso Nacional aprovou, nesta segunda-feira; projeto que permite a abertura de espaço fiscal para a criação do Auxílio Brasil, programa elaborado pelo governo para reformular o Bolsa Família. A matéria vai à sanção presidencial. Enviado pelo governo, o texto aprovado pelos deputados altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que traz os parâmetros para a alocação de recursos do Orçamento. O projeto aprovado pelos parlamentares diz que “proposições legislativas em tramitação” poderão orientar as “despesas relativas aos programas de transferência de renda para o enfrentamento da extrema pobreza e da pobreza”.

📊 E OS MERCADOS HOJE?

Bolsas internacionais estão amanhecendo em forte queda, com alta do dólar e abertura dos juros nos países desenvolvidos ilustrando a manutenção de diversos riscos de cenário para o crescimento (com a piora da crise energética em foco) na medida em que investidores passam a ver como muito próximo o início do movimento de retirada de estímulos monetários. No Brasil, o mercado recebeu a ata do Copom pela manhã, onde o BCB defendeu sua decisão de manter o ritmo de alta da Selic em 100 bps na medida em que a alta incerteza com relação ao cenário pede que o comitê tenha mais tempo para avaliar “o estado da economia e a persistência dos choques [sobre os preços] em vigor”. Não obstante, esperamos uma abertura de viés negativo para a bolsa local; que não deve conseguir se descolar da forte aversão ao risco com que as negociações abriram no exterior.

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