Cenário Externo
Mais do mesmo
Mercados:
Bolsas asiáticas encerraram a sessão mistas, sem grandes destaques. Na zona do euro, os principais índices de mercado amanheceram em alta: o Stoxx 600, índice que abrange uma gama de ativos ao redor do continente europeu, avança 0,7% até o momento. Em NY, índices futuros seguem na mesma tendência verificada nos pregões europeus, com variações positivas da ordem de 0,5%, enquanto o dólar (DXY) segue em trajetória de desvalorização contra seus principais pares. Na fronte das commodities, ativos acompanham o sentimento mais positivo dos mercados. Como destaque, o preço do petróleo (Brent Crude) avança 2,5%, voltando a ser negociado em torno dos US$ 45,50/barril.
Mais do mesmo:
Em manhã de poucas novidades, ativos de risco iniciam o dia em tom ligeiramente positivo. O foco dos investidores continua voltado para as negociações em torno de um novo pacote de estímulo econômico no Congresso americano, prometido para antes do início do recesso prolongado dos Senadores do país, nesta 6ªfeira. No pano de fundo, o mais novo desentendimento entre China e Estados Unidos, que cerca a venda forçada das operações do TikTok, aplicativo da ByteDance (empresa de software chinesa), se mantém no radar de investidores. Na fronte dos indicadores, dados na China e na zona do euro continuaram apontando para a recuperação da atividade em julho.
Economia europeia:
Acompanhado de um avanço das vendas no varejo de 5,7% em junho, o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) Composto do Instituto Markit, que abrange tanto a indústria quanto o setor de serviços, continuou apontando para a retomada econômica do bloco em julho. O indicador registrou um alta para 54,9 pontos frente ao resultado de 48,5 pontos em junho; voltando a apontar para a expansão da atividade no bloco (leitura acima de 50,0 pontos).
Mercado de trabalho ainda preocupa:
Assim como foi ilustrado pelo dado referente à indústria na 2ªfeira, os níveis de produção e novos pedidos lideraram a retomada, repercutindo a alta da demanda derivada da contenção do vírus e do relaxamento das medidas de isolamento social. Apesar desta melhora, o nível de emprego voltou a chamar a atenção na ponta negativa, com firmas voltando a reduzir seu quadro de funcionários pelo 5º mês consecutivo. Assim, o dado indica que o nível de recuperação continuou robusto em julho, mas o atraso de uma recuperação do mercado de trabalho continua como principal risco para a manutenção de um ritmo de recuperação acelerado.
Economia chinesa:
O mesmo dado (PMI Composto) comentado acima para a Europa saiu ontem à noite para a economia chinesa, elaborado por uma parceria entre o Instituo Markit e a Caixin. Ao todo, o índice mostrou que o ritmo de recuperação geral da economia desacelerou, com uma redução do resultado do indicador para 54,5 pontos dos 55,7 pontos catalogados em junho, resultado que derivou principalmente de um avanço mais lento do setor de serviços.
Avanço contínuo, com ressalvas:
De qualquer maneira, a leitura segue confortavelmente em terreno expansivo (acima dos 50 pontos), refletindo a contínua recuperação dos níveis de demanda e de produção. A única ressalva para o dado é a mesma que foi verificada no dado europeu: o emprego. Tempos de crise tendem a levar empresas a cortarem custos, o que muitas vezes é feito através da redução do quadro de funcionários. Assim, uma recuperação do mercado de trabalho deve levar mais tempo e uma maior indicação de que a pandemia chegou ao seu fim. Portanto, mesmo que em menor escala, este fator também deverá servir para prolongar a trajetória de retomada econômica na 2ª maior economia do mundo.
Na agenda:
Após a avaliação dos PMIs na China e na zona do euro, a atenção dos investidores se voltará aos Estados Unidos. Por lá, o Instituto Markit (10h45) e o ISM (11h) divulgam os seus PMIs de serviços para o mês de julho; seguindo os dados de emprego no setor privado do ADP (9h15), que servirá como uma prévia para o Relatório de emprego de julho (6ªfeira).
Cenário Brasil
Guedes participa da primeira audiência pública da reforma tributária
Senado deve votar limite para juros de cheque especial e cartão de crédito:
Amanhã, o Senado pretende votar um projeto, de autoria do senador Alvaro Dias (Podemos-RS), que visa estabelecer um teto de 30% para os juros do cartão crédito e cheque especial até agosto de 2021. A iniciativa pretende amenizar o impacto financeiro do endividamento acumulado pelos brasileiros durante a pandemia do coronavírus. A proposta também inclui um dispositivo que impede os bancos de reduzirem o volume de crédito disponível aos clientes.
Perspectiva de aprovação:
Boa parte dos parlamentares do Legislativo Federal entendem que os lucros do setor financeiro são altos porque o custo do crédito oferecido aos brasileiros excede padrões internacionais. A probabilidade de que o projeto seja aprovado no plenário do Senado é alta, mas o projeto ainda requer o aval da Câmara dos Deputados.
Governo necessitaria de R$ 70 bilhões para desonerar folha:
Segundo cálculos do Ministério da Economia, seriam necessários R$ 40 bi para zerar os encargos trabalhista dos trabalhadores que recebem um salário mínimo e mais R$ 30 bi para reduzir os encargos trabalhistas das demais carteiras assinadas de 20% para 15%. O governo defende um novo tributo sobre transações, que tem potencial de arrecadar até R$120 bi, para custear a desoneração. Os R$ 50 bi que restariam poderiam ser usados, por exemplo, para expansão panejada do Bolsa Família.
Primeira audiência da tributária:
Hoje, o ministro Paulo Guedes (Economia) deve defender a criação do novo imposto, entre vários outros assuntos relacionados a reforma tributária, durante a sua participação na primeira audiência pública da comissão mista da reforma tributária.
Parlamentastes já cogitam estender estado de calamidade pública:
Alguns parlamentastes já discutem a necessidade de adiar o fim do estado de calamidade pública que deveria expirar no último dia de 2020. O estado de calamidade permite que o governo desconsidere ferramentas de contenção de gatos, como a meta de déficit fiscal e a lei de responsabilidade fiscal, para gastos associados ao combate do coronavírus e as consequências econômicas do isolamento social.
Crise sanitária sem fim:
A ideia ganha força à medida que o fim do ano se aproxima sem um abrandamento da crise sanitária. Mesmo que uma vacina começa a ser distribuída no final deste ano, cenário que representaria o mais otimista dos desfechos para 2020, a longevidade dos impactos econômicos causados pela quarentena pode justificar a necessidade da continuidade da expansão fiscal do governo. O provável resultado seria mais um ano onde as contas públicas registram um déficit primário extremamente elevado.
Na agenda:
Após as divulgações do PMI composto de julho (HSBC/Markit), às 10h, e do Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br), às 14h30, a atenção de investidores se voltará ao Copom, que divulga a sua decisão e política monetária após o fechamento do pregão desta 4ªfeira. Assim como temos defendido nos últimos Mercados Hoje, estamos alinhados com as apostas do mercado em direção a um ajuste residual da Selic, da ordem de 0,25 pontos percentuais. Apesar disso, tendo em vista a aceleração do ritmo de retomada econômica em junho e da piora simultânea das contas públicas; acreditamos que o Comitê irá sinalizar pelo fim do ciclo de cortes no seu comunicado pós-decisão.
E os mercados hoje?
Em manhã de poucas novidades, mercados globais amanheceram em tom ligeiramente positivo. As atenções dos investidores seguem voltadas às negociações em torno do novo pacote de estímulo econômico no Congresso americano. No pano de fundo, o mais novo embate entre China e EUA continua no radar. Enquanto isso, dados de atividade na China e na zona do euro continuam apontando para um ritmo acelerado de retomada nas principais economias do mundo. No Brasil, o Copom protagoniza a 4ªfeira com mais uma decisão de política monetária; evento que provavelmente levará a Selic para uma nova mínima histórica de 2,0% a.a. Em Brasília, o destaque fica com a participação de Paulo Guedes na comissão mista da reforma tributária, às 10h. A assembleia virtual deve trazer pistas sobre a aceitação da pauta e a probabilidade de vermos avanços concretos ainda em 2020. Assim, esperamos um dia de viés neutro/positivo para ativos de risco brasileiros, que poderão se beneficiar de uma dinâmica externa mais favorável e iniciar trajetória de recuperação após o desempenho predominantemente negativo registrado nas últimas sessões.