Nos últimos 30 dias, e provavelmente nos próximos 11 dias, o foco do investidor local tem sido completamente dominado por apostas com relação ao resultado do segundo turno da eleição presidencial. 

É evidente como certos ativos que são considerados beneficiados por um candidato ou outro, descolam de seus pares nacionais e internacionais, mostrando a quantidade de capital sendo alocado e o prêmio de risco sendo pago para que tais investimentos possam ser feitos. Um exemplo: três dias depois do primeiro turno, compramos para uma das carteiras recomendadas da Inv, uma opção de venda de índice bem abaixo do preço, o famoso seguro barato, pagando 28% de prêmio de volatilidade, de risco. No mesmo dia, vimos opções de Petrobras com o preço em 42 reais (cotação atual é 34) saindo com prêmios de 60% de volatilidade implícita.

Podemos dar mais exemplos, porém, acho que todos aqui sabem que isso está ocorrendo. Existem grandes apostas sendo feitas olhando apenas o desfecho digital do pleito, e no meio do caminho, dados macroeconômicos, declarações políticas, problemas geopolíticos globais têm feito pouco preço, ficando como pano de fundo. Se não tivéssemos eleição, com certeza, isso teria efeito. E não vamos ter eleição daqui a pouco.

Daqui a 12 dias, a eleição vai ter ficado para trás e as pessoas vão deixar de olhar para frente com a simplicidade de um cenário perdedor ou ganhador com data para ocorrer. Voltaremos a ter que considerar todas as variáveis que têm tido comportamentos não vistos em décadas. Teremos que voltar a entender o impacto de tudo que tem sido dito com relação ao nosso fiscal, que se deteriorou substancialmente nos últimos 30 dias. Não existirá mais uma âncora que segura e tolera tudo, uma vez que o dia 31, o primeiro pregão com o resultado definido, deveria subir ou cair de acordo com o resultado. Isso não é verdade, dependendo do mercado externo e ele tem se deteriorado e complicado de forma aguda.

Apenas hoje: as treasuries fazendo máximas recentes, iene nas máximas de 40 anos e inflação inglesa na máxima desde 1982. Se estivéssemos num mês normal, com o presidente atual, tenho a impressão de que o mercado e os ativos de risco estariam bem mais desvalorizados. Obviamente, não tenho como provar isso, contudo, não vou me furtar de ser claro no que isso significa. 

Dado que voltaremos a não ter eleição logo, e acho que estaríamos piores sem esse evento, estou dizendo que independentemente do candidato, o mercado aqui deveria piorar passado o segundo turno. Para quem tem apetite a risco, talvez valha a pena uma posição pessimista. Mas para as pessoas em geral, o conselho é: saia dos ativos de risco, reduza bolsa, reduza a venda de dólar, o dado no pré. Nesses preços não vale a pena, seja quem ganhar. E a parte boa é que esse movimento recente está dando a oportunidade de se fazer isso em excelentes preços, te tirando do risco. 

Existirão inúmeras oportunidades em um futuro próximo, mas para poder se beneficiar, você precisará ter caixa e, principalmente, cabeça fria e tranquilidade para tomar decisões. Quem for para o game, pode amanhecer contrariado pelo resultado e com um enorme buraco no bolso, a receita para se tomar más decisões. 

Não é todo dia que o mercado paga para você sair de um evento de risco, normalmente, ele cobra. Vale aproveitar.

Rodrigo Natali, estrategista-chefe na Inv Publicações.

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Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte