“Se não cortar hoje 100 pontos, deixará a porta aberta, e o ciclo de queda não será encerrado”, afirma Guilherme Abbud, sócio-fundador e diretor de investimentos da gestora, que estima Selic em zero no fim de 2020. Este nível, segundo ele, poderá permanecer por um bom tempo. “É uma questão de necessidade cortar mais para sair da depressão”, acrescenta. “Isso não é uma questão só de países ricos, mas também de emergentes. É como se o Brasil tivesse chegado atrasado.”
Conforme cita Abbud, antes mesmo da pandemia de coronavírus, a gestora já tinha um cenário mais agressivo para a taxa Selic. No início do ano, conta, estimava o juro em 3,00% no fim de 2020. “Naquela ocasião, o País ainda estava tentando se recuperar da crise de 2015, quando vinha empurrando os problemas com a barriga”, recorda. Depois, com o surgimento da pandemia, o quadro ficou anda mais complicado, o que reforça a projeção de Selic menor. “Há algum tempo temos insistido de que o BC e o mercado têm sido surpreendido nos últimos anos com o desempenho do PIB e da inflação. Todo ano acredita que a inflação vai atingir a meta, e não vai. Neste sentido, acreditam que acabou corte da Selic, mas não. É vencido pelos dados. Acreditamos que mais uma vez o BC será vencido pelos dados de atividade e de inflação”, estima.