Por cinco votos a quatro, o Comitê de Política Monetária (COPOM) reduziu a taxa básica de juros Selic em 0,25 p.p., a 10,50% ao ano (a.a.).

Os membros vencidos queriam um sétimo corte de 0,50 p.p., dentre eles, Gabriel Galípolo, apontado como o favorito para ser o próximo presidente da autoridade monetária. Do lado vencedor, Roberto Campos Neto (RCN), atual presidente, votou pelo desempate. 

“Isso talvez sinalize um pouco como será a política monetária do próximo mandato”, avalia José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos. 

No comunicado, o colegiado destaca que o ambiente externo continua bastante adverso devido às incertezas de quando vai começar a queda de juros nos EUA e as pressões do mercado de trabalho tanto lá quanto em outros países.

No mercado interno, segundo o comitê, a atividade econômica e o mercado de trabalho têm surpreendido positivamente, ou seja, crescem mais do que o esperado, e a inflação subjacente continua acima da trajetória de metas.

Camargo pontua ainda ser necessário destacar que o comitê “acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas da inflação, reduz os prêmios de risco e impacta a política monetária”.

“O Copom não comentou o fato das metas terem sido afrouxadas entre as reuniões, mas repetiu claramente que a manutenção de uma política fiscal crível era fundamental na trajetória da política monetária. Nesta frase, o mais importante foi o que ele não falou”, complementou.

Outro detalhe destacado pelo economista foi que, na descrição da ancoragem das expectativas, no comunicado passado, o comitê falava em “reancoragem parcial das expectativas”. Nesse comunicado, ele fala explicitamente em “expectativas desancoradas”. “Tem uma mudança muito importante entre os comunicados”, diz.

Por fim, o Copom disse que as decisões futuras serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação para a meta, sem nenhuma menção sobre qual vai ser a decisão do futuro.

Assim, as próximas decisões dependerão fundamentalmente da trajetória da inflação em direção a meta, comenta Camargo.

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