Com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2024 uma nova era de sanções contra o Irã pode acontecer, especialmente no setor petrolífero.
Segundo analistas a Reuters, ama política mais agressiva contra o membro da Opep pode diminuir a oferta global de petróleo, ao mesmo tempo em que impõe desafios geopolíticos, como um potencial atrito com a China, principal compradora do petróleo iraniano.
Efeitos sobre o mercado global de petróleo
De acordo com os especialistas, um endurecimento nas sanções contra o Irã fortaleceria os preços internacionais do petróleo.
Porém, essa alta poderia ser amenizada por outras políticas esperadas de Trump, como incentivo à perfuração doméstica nos EUA e a implementação de tarifas que poderiam reduzir a atividade econômica chinesa.
“Trump é uma faca de dois gumes em relação aos preços do petróleo”, afirma Clay Seigle, do Comitê de Relações Exteriores de Houston e presidente de seu Comitê de Finanças.
As exportações iranianas, que atingiram patamares elevados em 2024, poderiam ser novamente restringidas com o retorno das sanções, interrompendo uma receita para Teerã e impactando a oferta global de petróleo.
Trump e sanções sobre a China
Especialistas do setor acreditam que Trump seguiria com uma campanha de pressão máxima contra o Irã, reimpondo sanções que já foram aplicadas durante seu primeiro mandato, após a saída dos EUA do acordo nuclear em 2018.
O republicano já criticou a política do atual presidente Joe Biden, alegando que uma aplicação frouxa das sanções tem permitido ao Irã acumular recursos e expandir suas influências na região.
Para a ClearView Energy Partners, entre 500 mil e 900 mil bpd poderiam ser cortados do mercado com essa política mais rígida.
No entanto, um confronto com a China surge como um possível efeito colateral, já que o país asiático é o maior importador de petróleo do Irã e não reconhece as sanções americanas.
Questão de alto risco geopolítico
A viabilidade de um aumento nas sanções está ligada à disposição dos EUA em pressionar financeiramente a China, conforme explica Richard Nephew, professor da Universidade de Columbia e ex-enviado especial dos EUA para o Irã.
“A pergunta de US$ 1 milhão é quanta pressão financeira significativa você está disposto a exercer sobre as instituições financeiras chinesas “, questiona Nephew.
Em resposta, a China poderia intensificar suas atividades no grupo BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, promovendo a independência do dólar em transações de petróleo e outras commodities.
Trump já expressou preocupação sobre o uso das sanções como ferramenta política e o impacto disso no domínio do dólar.
“Eu usava sanções, mas eu as aplicava e as retirava o mais rápido possível, porque, em última análise, elas acabam com o dólar e com tudo o que o dólar representa”, destacou o presidente eleito.