O saldo total da carteira de crédito deve apresentar expansão anual de 15,8% em janeiro, acelerando pelo oitavo mês consecutivo, revela a Pesquisa Especial de Crédito da FEBRABAN, divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central. Caso a estimativa se confirme no próximo dia 25, quando o BC fará a divulgação dos dados oficiais, o saldo total da carteira deverá registrar o maior ritmo de crescimento anual desde agosto de 2013, quando registrou expansão de 16,1%.
As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam, dependendo da linha; de 39% a 90% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional, além de outras variáveis macroeconômicas que impactam o mercado de crédito.
“Os dados de janeiro e o ritmo anual de crescimento do crédito, tanto para empresas quanto para as pessoas físicas, são indicadores de que os bancos continuarão a ser uma ponte para a retomada e que a oferta segue em ritmo importante neste início do ano, mesmo num contexto de novo recuo da atividade econômica, mas, sem acelerarmos o ritmo da vacinação, o crescimento continuará deprimido”, avalia o presidente da FEBRABAN, Isaac Sidney.
Na variação mensal, o saldo total de crédito deve ficar estável (0,0%) em janeiro, melhor desempenho para o mês desde 2015 (+0,1%). O dado de janeiro possui forte componente sazonal, tipicamente com retração das operações para as empresas, especialmente com recursos livres; em função da elevada base de comparação do mês de dezembro, quando o crédito é impulsionado pelas compras de fim de ano.
A carteira de crédito destinada às pessoas jurídicas deve seguir acelerando em seu ritmo de expansão anual, para 23,1%; o maior desde abril de 2009 (+16,1%). A carteira pessoa física, por sua vez, deve apresentar crescimento de 0,6% em janeiro, mantendo o ritmo de expansão anual acima de dois dígitos (+10,7%).
Se as estimativas da Pesquisa Especial de Crédito forem confirmadas, a carteira pessoa jurídica deve apresentar retração de 0,8% no mês, que é um número positivo se comparado ao desempenho de janeiro dos anos anteriores, quando a queda superou os 2,0%. A retração de janeiro é decorrente de fatores sazonais, que afetam principalmente as linhas de desconto; bastante utilizadas em dezembro, e não significa uma menor disposição dos bancos em irrigar a economia.
A pesquisa mostra que a carteira pessoa jurídica com recursos livres deve apresentar retração de 0,8% no mês, impactada pela redução das operações de crédito das modalidades ligadas ao controle de fluxo de caixa, como desconto de duplicatas e recebíveis e antecipação de faturas, devido a elevada base de comparação de dezembro, estimulada pelas compras de fim de ano. Já a carteira com recursos direcionados deve recuar 0,7% no mês, impactada pelo término de programas públicos de crédito ligados à pandemia e também por questões sazonais, como, por exemplo, a menor demanda por crédito no início do ano.
Na carteira destinada às famílias (+0,6%), o melhor desempenho deve vir do segmento de recursos direcionados (+0,8%); liderado pelo crédito imobiliário, que deve seguir favorecido pelas baixas taxas de juros. A carteira livre pessoa física, por sua vez, deve mostrar um crescimento mensal de 0,4%, número relativamente fraco quando comparado a janeiro dos anos anteriores. Neste caso, o desempenho deve ser prejudicado pelo menor consumo entre o final de 2020 e início de 2021; com o fim dos auxílios governamentais, e às novas de medidas restritivas ao comércio em algumas localidades do país, devido ao avanço da Covid-19.
Concessões de crédito
De acordo com o levantamento da FEBRABAN, as concessões de crédito devem apresentar retração mensal de 21,9% em janeiro. O resultado também ocorre devido a questões sazonais, como o elevado volume de concessões no mês anterior, em função; dentre outros fatores, das compras de Natal e eventos de fim de ano, o que afeta a comparação entre os meses. Na visão acumulada em 12 meses, no entanto, o volume de crédito concedido deve seguir em terreno positivo, com expansão de 3,9%.
Em janeiro, as concessões com recursos livres devem cair 18,2% na comparação com o mês de dezembro, devido ao menor volume de concessões de linhas ligadas ao comércio, como descontos de duplicatas e recebíveis e antecipações (no caso de pessoa jurídica), e das concessões no cartão de crédito para as famílias. Além disso, o resultado também deve ser impactado negativamente pelas novas restrições de funcionamento impostas a alguns estabelecimentos comerciais no início do ano.
Já as concessões com recursos direcionados devem apresentar queda mais expressiva, de 49,1% no mês. O resultado deve refletir o término de diversos programas públicos de crédito, encerrados em dezembro de 2020, além da questão sazonal, como o menor volume de concessões do crédito rural e do BNDES. Na visão acumulada em 12 meses, no entanto; o volume de crédito direcionado deve expandir 21,9% no segmento pessoa física e de 109,6% no segmento de pessoa jurídica.