A safra 2023/2024 de trigo do Brasil deverá ser iniciada nos próximos meses com menos otimismo entre os produtores do que as duas últimas temporadas. O ciclo 2023 se iniciou com perspectivas de quebra de recordes e bom posicionamento do cereal brasileiro na vitrine do mercado global. No entanto, as expectativas foram se frustrando e a temporada terminou com perdas graves de produtividade, de qualidade dos grãos. O triticultor fechou o ciclo com problemas de capitalização, com menos produto de qualidade.No Rio Grande do Sul, a estimativa inicial era de colher 5,4 milhões de toneladas, pouco abaixo das mais de 6 milhões de toneladas produzidas na safra anterior. As previsões foram frustradas pelos efeitos do El Niño, com chuvas e umidade excessiva, reduzindo a colheita a 3,2 milhões de toneladas, com 70% do volume considerado de baixa qualidade e não utilizável para moagem.Levantamento da Emater-RS/Ascar apontou ainda que a área plantada também teve uma diminuição de 1,5%, totalizando 1,516 milhão de hectares. Além disso, a produtividade ficou em 2.164 quilos por hectare, redução de 28,38% em relação à projeção inicial.O coordenador da Comissão de Trigo e Cereais de Inverno da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, salienta que o Estado deve registrar uma redução considerável de área dedicada ao trigo nesta próxima safra, já que a ainda repercute entre os produtores a frustração por conta do excesso de chuvas, dos preços afetados pelo mercado mundial e dos custos altos do ano passado.“Sempre que há uma safra não favorável, o produtor fica receoso de fazer grandes investimentos nas culturas de inverno, que tem o trigo como principal produto. Há um desestímulo muito grande para a próxima safra em função da dificuldade de o produtor conseguir sementes, em função da quebra de 15%”, diz Jardim.O dirigente diz que ainda é cedo para cravar números, mas estima que a área cultivada com o cereal tenha uma redução de 15% em relação à safra anterior. Mas há um aspecto positivo. “É preciso lembrar também que estamos entrando em um ano com La Niña que, na Região Sul, é marcado pelo clima mais seco e frio, o que favorece as culturas de inverno”, destaca. O presidente do Sinditrigo-RS, Gerson Pretto, avalia que haver uma redução da área cultivada com o cereal no Rio Grande do Sul, estimada em 6% pela Conab. Mas lembra que a Farsul aposta entre 15% e 20%. “Nós, da indústria, esperamos uma grande safra, mas os produtores estão tendo dificuldades em função de uma quebra na produção de sementes causada pelo fenômeno El Niño no Rio Grande do Sul e no Paraná, que concentram a maior produção de trigo no País”, afirma.

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