As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o último sábado já provocaram a morte de 32 pessoas. O número inclui os 31 óbitos que estão no mais recente balanço da Defesa Civil estadual (9h de hoje) e outro confirmado por autoridades locais, como prefeituras, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros. Há ao menos 74 desaparecidos.O último balanço da Defesa Civil mostra que os temporais afetaram 235 municípios e 351.639 pessoas. O número de desalojados está em 17.087 e há 7.165 em abrigos. As autoridades confirmam 56 feridos. Os temporais atingiram principalmente a Região Metropolitana, Central, Vale do Rio Pardo, Vale do Taquari e Serra Gaúcha.O coordenador da Defesa Civil do Estado, coronel Luciano Boeira, disse que até o momento, foram resgatadas mais de 4,6 mil pessoas. As operações de salvamento são feitas com o uso de helicópteros da Força Aérea Brasileira, do Corpo de Bombeiros e Polícia Civil gaúcha. As vítimas foram acolhidas pelas equipes de segurança e encaminhadas para atendimento médico ou direcionadas para abrigos públicos.O nível do Rio Guaíba chegou às 5h15min de hoje a 4m31cm no Cais Mauá, no Centro Histórico, superando a cheia de novembro de 2023, quando chegou a 3m46cm. Trata-se, agora da segunda maior marca, ficando atrás apenas dos 4m76cm na enchente de 1941. Algumas ruas do Centro da capital gaúcha foram tomadas pelas águas barrentas do Guaíba, obrigando a evacuação do local.O Mercado Público foi fechado para garantir a segurança dos clientes, permissionários e funcionários. A prefeitura, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Smdet), recomenda o fechamento do comércio nesta sexta-feira, sábado e domingo. O pedido do Executivo se dá em razão do iminente alagamento do Centro Histórico e 4° Distrito de Porto Alegre.A água, no entanto, pode chegar a 5 metros ainda hoje, conforme projeção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O governador Eduardo Leite alertou para a rápida elevação do Guaíba, que pode chegar a 5 metros até este sábado. “Quero pedir mais uma vez que as pessoas tenham a percepção de urgência em relação ao que está ocorrendo no Estado. É muito importante que a população leve a sério as recomendações e busque se proteger, que atenda a esse chamado da emergência sem precedentes que estamos vivendo e deixe as zonas de risco”, enfatizou Leite.A Estação Rodoviária de Porto Alegre foi completamente alagada no começo da manhã, obrigando os comerciantes e fecharem as lojas. A venda de bilhetes também foi afetada, com somente 5% dos destinos. A ponte do vão móvel e a nova ponte do Guaíba estão interditadas.A Polícia Rodoviária Federal e o DNIT interditaram a ponte da BR-116, sobre o Rio dos Sinos, em São Leopoldo, na Região Metropolitana. Na zona norte da Capital, o acesso para Cachoeirinha pela Avenida Assis Brasil também está fechado em razão de água na pista.A prefeitura decretou estado de calamidade pública. E o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) suspendeu a operação do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) Moinhos de Vento na madrugada desta sexta-feira. “Com o nível do Guaíba subindo rapidamente, será necessário parar com a captação e bombeamento da água bruta para evitar de colapsar as bombas”, explicou o diretor-geral Maurício Loss.Após a parada da Estação de Bombeamento de Água Bruta (Ebab), automaticamente a Estação de Tratamento de Água (ETA) Moinhos de Vento para de produzir água tratada. A estimativa é de que os reservatórios tenham uma margem de até 24 horas antes de iniciar o desabastecimento.O SAA Moinhos de Vento abastece os bairros Auxiliadora, Azenha, Bela Vista, Bom Fim, Centro Histórico, Cidade Baixa, Farroupilha, Floresta, Independência, Jardim Botânico, Menino Deus, Moinhos de Vento, Mont Serrat, Partenon, Petrópolis, Praia de Belas, Rio Branco, Santa Cecília, Santana, São João e Três Figueiras.