Conforme nos aproximamos do final de 2023, observamos um cenário animador no mercado financeiro brasileiro. Em novembro, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, apresentou um desempenho notável, superando os principais índices globais. O índice registrou um crescimento de 12,5% no mês e acumula, no ano, uma alta de 16%. Em termos de dólar, os números são ainda mais expressivos, com um aumento de 16% no mês e de 23% no ano.

Além do desempenho do Ibovespa, que é o principal índice da bolsa brasileira, 2023 também foi um ano de destaque para os índices setoriais. O setor imobiliário, que engloba companhias de construção, incorporação e exploração de imóveis, acumula no ano uma valorização de 42,67%. Em segundo lugar está o índice financeiro, que inclui bancos e instituições financeiras, com um ganho de 25,76% no ano.

O setor de consumo, majoritariamente composto por empresas varejistas, apresentou movimentos distintos, sofrendo nos meses anteriores, mas recuperando-se em novembro, alcançando um crescimento de 2,83% no ano. Este resultado fica atrás apenas do setor de materiais básicos, dominado por empresas de commodities, que está em 0,41% de performance em 2023.

Muito além dos índices em si esse estudo tem como objetivo mergulhar na análise dos papéis que mais se destacaram ao longo de 2023 até agora. Ao determinarmos uma amostra de ativos que possuem um Volume Médio Diário de Negociação (ADTV) nos últimos três meses superiores a R$ 500.000,00, garantindo a análise de papéis com liquidez considerável. Isso evita distorções na performance causadas por um volume muito baixo de negociações.

Analisando a métrica de retorno total, a C&A (CEAB3) se destaca com um impressionante ganho de +276% só em 2023. As construtoras Tenda (TEND3) e Plano & Plano (PLPL3) também mostram forte desempenho, com ganhos de +214%, contribuindo para a performance do índice imobiliário (IMOB) citado anteriormente.

Por outro lado, a Americanas enfrenta uma queda de mais de 90% em seu valor, um reflexo direto das fraudes contábeis ocorridas no início do ano. A Casas Bahia, anteriormente conhecida como Via Varejo e agora listada como BHIA3, registrou uma queda de 77%, e a PDG, apesar de atuar no setor de construção em alta, sofreu uma queda de mais de 84% no mesmo período.

Para uma compreensão mais profunda da performance das 249 empresas da nossa amostra, utilizamos um box plot. Esta ferramenta estatística visual é útil para apresentar a distribuição dos retornos de forma clara e concisa. Algumas métricas:

A média de retorno destas empresas é de aproximadamente 21.83%, ou seja, no ano o desempenho geral segue positivo e apresentam um desvio padrão dos retornos de 48.31%, apresenta uma variação considerável nos retornos, o que é normal considerando os diferentes perfis de atuação e performance das cias da amostra.

Os dividendos e demais proventos são essenciais nesta análise, uma vez que o retorno total, que inclui tais rendimentos, serve como nossa métrica chave. Esta abordagem pode modificar drasticamente a classificação de desempenho das empresas. Em particular, é relevante destacar as empresas cujos proventos significativos compensaram a falta de ganhos de capital, evidenciando um contraste entre o retorno proveniente dos proventos e a valorização das ações.

Tomemos, por exemplo, a Gerdau (GOAU4), que teve um declínio de 20% em valor de mercado, mas viu seus prejuízos reduzidos para -8% devido aos dividendos pagos. A Metal Leve (LEVE3) e da Siderurgica Nacional (CSNA3) também mostram que os dividendos podem ser uma fonte robusta de retorno, contribuindo com 40% e 24%, respectivamente, para um retorno total de 42%. Em situações em que o crescimento do capital pode ser limitado, os dividendos podem ser o diferencial no retorno do investimento.

No alto do ranking estão a Eucatex (EUCA4), com uma performance de +90%, sendo 20% de retorno via proventos, resultando em um retorno total de 110%, e o Banco Pine (PINE4) e a Valid (VLID3), que além de valorizações de 129%, também pagaram proventos aos seus acionistas e elevaram seus retornos totais para 143% e 146%, respectivamente.

Utilizando as ferramentas analíticas da Economatica, estabelecemos uma base sólida e confiável para nossas avaliações. Essa combinação de metodologia sofisticada e tecnologia avançada enriquece significativamente as análises, permitindo uma visão tanto detalhada quanto agregada das tendências do mercado. Conseguimos, assim, não só entender as dinâmicas atuais, mas também oferecer insights valiosos para investidores e profissionais do setor.

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