Os resultados da Suzano são bastante sensíveis ao comportamento do dólar com impacto no seu faturamento e sobre a dívida. No 4T20 o efeito cambial foi altamente positivo para a empresa.
No 4T20, a Companhia registrou lucro de R$ 5,9 bilhões, contra lucro de R$ 1,2 bilhão no 4T19 e prejuízo de R$ 1,6 bilhão no 3T20. A variação em relação ao 4T19 é explicada pelo melhor resultado financeiro, por sua vez decorrente da variação cambial sobre a dívida e pelo resultado de operações com derivativos; bem como pelo aumento no resultado operacional.
A receita líquida da Suzano no 4T20 foi de R$ 8,0 bilhões, 81% gerada no mercado externo Em relação ao 4T19, o aumento de 14% da receita líquida ocorreu em função principalmente da valorização de 31% do USD médio vs. o BRL, parcialmente compensados pela queda de 8% no volume vendido de celulose e papel e do preço médio líquido da celulose em USD.
As variações cambiais e monetárias impactaram positivamente o resultado financeiro da Companhia em R$ 4,6 bilhões no trimestre em função da apreciação do BRL de fechamento em relação ao USD de 8% sobre a parcela da dívida em moeda estrangeira (80% da dívida total). Importante ressaltar que o impacto contábil da variação cambial na dívida em moeda estrangeira, tem efeito caixa somente nos respectivos vencimentos.
O resultado de operações com derivativos foi positivo em R$ 2,7 bilhões no 4T20; em função da valorização cambial e da volatilidade das curvas de mercado sobre as operações de hedge de dívida e de fluxo de caixa.
Endividamento – No final de 2020, a dívida líquida era de R$ 63,7 bilhões (US$ 12,3 bilhões) vs. R$ 68,7 bilhões (US$ 12,2 bilhões) em setembro. O maior impacto da movimentação da dívida líquida em moeda nacional é explicado pela variação cambial do período.
Desempenho operacional – O último trimestre de 2020 foi positivo para a indústria global de celulose e papel de forma geral; apesar das incertezas decorrentes do impacto da pandemia na economia. Nos últimos 3 meses do ano de 2020, as vendas de celulose da Suzano somaram 2.663 mil toneladas; um crescimento de 5% com relação ao 3T20 e uma queda de 9% versus o 4T19. No ano, a companhia vendeu 10.823 mil toneladas, ficando 15% acima do volume realizado em 2019.
Preço da celulose – No trimestre, a celulose foi comercializada pela Suzano a um preço líquido médio de US$ 456/ton; estável em relação ao 3T20 e US$ 13/ton (-3%) inferior em relação ao 4T19 resultante da correção do preço da celulose no mercado global. O preço médio líquido no mercado externo ficou em US$ 459/ton (frente a US$ 458/ton no 3T20 e US$ 471/ton no 4T19).O preço líquido médio em Reais foi de R$ 2.459/ton no 4T20, um aumento de 1% e 27% em relação ao preço no 3T20 e 4T19, respectivamente, devido à depreciação da moeda brasileira com relação ao dólar no período e variação do preço no mercado internacional desde o fim de 2019.
A elevação do EBITDA Ajustado da celulose no 4T20 vs. o 4T19 de 73% foi decorrente; principalmente da valorização do USD médio frente ao BRL de 31% e menor CPV base caixa.
A geração de caixa operacional de celulose por tonelada do segmento de celulose foi 127% superior ao 4T19, impactada pelo aumento do EBITDA ajustado por tonelada.
Segmento de papéis – As vendas totais de papel da Suzano no Brasil acumularam uma queda de 6% em 2020 frente ao ano de 2019, dado principalmente a retração do mercado no 2T20, durante o período de maior queda da demanda nacional, consequência do isolamento para contenção da pandemia do COVID-19.
Já as vendas de papel nos mercados internacionais apresentaram uma redução de 3% em relação ao 3T20; e de 14% frente ao 4T19, e representaram 27% do volume vendido no último trimestre de 2020.
O preço líquido médio foi de R$ 4.136/ton no 4T20, apresentando um aumento de R$ 292/ton (+8%) em relação ao 4T19; em função de ganhos de preço no mercado doméstico (+4%), e em função do efeito cambial sobre os preços das exportações.
Ontem a ação SUZB3 encerrou cotada a R$ 68,20 com alta de 16,5% no ano.