Os resultados reportados pela Marcopolo ainda retratam um cenário de quase normalidade da demanda e incremento da produção brasileira de ônibus; sustentados a partir de perspectivas positivas para economia
doméstica que perduravam até início de março de 2020.

Nesse primeiro trimestre, os principais impactos provocados pela pandemia se referem à interrupção das atividades na controlada Marcopolo China; variação cambial causada pela desvalorização de moedas locais frente ao Dólar e à queda de produção e entregas no Brasil a partir do início de férias coletivas, em 23 de março de 2020.

Entre os principais destaques do resultado, estão:

• A produção brasileira de ônibus atingiu 4.549 unidades, queda de 13,7% em relação ao 1T19, sendo 3.680 unidades produzidas destinadas ao mercado inteiro (+0,4%vs. 1T19) e 869 unidades à exportação (-45,9% vs. 1T19);

• Foram registradas na receita líquida 3.077 unidades, das quais 2.212 foram faturadas no Brasil (71,9% do total), 381 exportadas a partir do Brasil (12,4%) e 484 no exterior (14,8%);

• A participação de mercado da Marcopolo na produção brasileira de carrocerias foi de 57,0% no 1T20 contra 46,3% no 1T19;

• A receita líquida consolidada alcançou R$ 919,4 milhões no 1T20, sendo R$ 469,6 milhões, ou 51,1% do total, proveniente do mercado interno; e R$ 449,8 milhões, representando os demais 48,9%, do mercado externo;

• O destaque do 1T20 foi o maior faturamento de rodoviários, recuperação frente ao 1T19; afetado negativamente pela entrada em vigor de regra que obrigou a instalação de elevadores em todos os modelos desse segmento comercializados no Brasil;

• As despesas com vendas totalizaram R$ 52,9 milhões no 1T20, ou 5,8% da receita líquida, contra R$ 47,6 milhões no 1T19, 5,3% sobre a receita líquida. A diferença a maior é explicada pelo aumento de comissões relativas a vendas para o mercado externo e a variação cambial das empresas controladas no exterior;

• As despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 47,7 milhões no 1T20, ou 5,2% da receita líquida; enquanto que no 1T19 essas despesas somaram R$ 42,0 milhões, ou 4,7% da receita líquida;

• O EBITDA foi de R$ 101,9 milhões no 1T20, com margem de 11,1%, versus um EBITDA de 60,6 milhões e margem de 6,7% no 1T19;

• O lucro líquido consolidado do 1T20 atingiu R$ 10,7 milhões, com margem de 1,2%, contra um lucro de R$ 27,0 milhões e margem de 3,0% no 1T19. O resultado foi beneficiado pela recuperação de créditos de impostos que haviam sido pagos no Canadá pela NFI Group Inc. de 2016 a 2018, com impacto positivo no IR/CS de R$ 26,7 milhões no trimestre;

• Em 31 de março, o endividamento financeiro líquido do segmento industrial representava 1,3x o EBITDA dos últimos 12 meses;

• O saldo inicial de caixa de R$ 1.226,4 milhões ao final de dezembro de 2019, considerando as aplicações financeiras não disponíveis e diminuindo-se R$ 44,9 milhões da diferença entre a variação cambial e a variação das contas relativas às aplicações financeiras não disponíveis, reduziu-se para R$ 980,5 milhões ao final de março de 2020.

Impacto: Positivo. A companhia ainda não havia tido tanto impacto em sua operação durante o primeiro trimestre, tendo sido afetada neste principalmente pela interrupção das atividades na controlada Marcopolo China, variação cambial causada pela desvalorização de moedas locais frente ao Dólar à queda de produção e entregas no Brasil a partir do início de férias coletivas, em 23 de março de 2020. Ela trouxe bons números que mostraram avanço vs. os trimestres anteriores e foram acima das expectativas.O cenário para o 2T e o 3T ainda são incertos.

PLANNER: MARCOPOLO (POMO4) – Queda de 60,3% no lucro líquido do 1T20

Os resultados da empresa no trimestre passado, divulgado ontem após o pregão, mostraram redução do número de unidades vendidas; mas aumento da receita e elevação das margens operacionais, na comparação com o 1T19. No entanto, o aumento dos custos financeiros com a desvalorização do real, levou à forte redução do lucro.

No 1T20, o lucro líquido da Marcopolo foi de R$ 10,6 milhões (R$ 0,01 por ação), 85,0% menor que no trimestre anterior e 60,3% abaixo daquele verificado no 1T19.

No 1T20, sempre comparando ao mesmo trimestre de 2019, as vendas totais da Marcopolo (Unidades Registradas na Receita) somaram 3.077 unidades, com queda de 10,4%. As vendas a partir do Brasil caíram 11,3%, com crescimento de 3,8% nas unidades entregues para o mercado interno, mas redução de 27,7% nas exportadas. No exterior, houve redução de 5,1% no total (484 unidades), com destaque para as reduções de 46,7% na China e 22,4% na Austrália.

A participação da Marcopolo na produção brasileira de ônibus no 1T20 deu um salto para 57,0%; com aumento de 10,7 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Por tipo de veículo, ocorreram aumentos de 1,7 pp em Rodoviários, 16,7 pp nos Urbanos, mas redução de 2,5 pp nos Micros.

A margem bruta no 1T20 ficou 1,0 pp acima do 1T19, em consequência dos maiores preços e melhor mix de venda no mercado interno; vendas mais elevadas do segmento de ônibus Rodoviários, que tem melhores margens. Além disso, a desvalorização do real permitiu uma maior rentabilidade nas exportações.

No 1T20, o EBITDA atingiu R$ 102 milhões, valor 68,2% acima do 1T19, com ganho de 4,3 pp nesta margem.

Os números do 1T20 foram em grande parte definidos pelo resultado financeiro. No trimestre, o resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 103,6 milhões, contra um valor positivo de R$ 1,7 milhão no 1T19. Isto ocorreu devido aos impactos da desvalorização do real na carteira de pedidos em dólares. A Marcopolo realiza o hedge da taxa de câmbio quando ocorre a venda, para “travar” a margem e quanto os produtos são entregues ocorre a compensação dos valores.

A dívida líquida da Marcopolo no segmento industrial, ao final do 1T20, era de R$ 533 milhões, valor 391,0% maior que no 1T19. A relação Dívida Líquida/EBITDA do segmento industrial no 1T20 era de 1,3x, vindo de 0,3x no trimestre anterior e 1,5x no 1T19.

Em 2020, POMO4 caiu 38,3% e o Ibovespa teve uma desvalorização no período de 25,9%. A cotação desta ação no último pregão (R$ 2,72) estava 51,2% abaixo da máxima alcançada neste ano e 43,3% acima da mínima.

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