Os resultados da empresa, divulgados nesta manhã, foram muito bons, beneficiados por saltos nas vendas e na receita. Porém, maiores custos e despesas reduziram os números operacionais, o que foi mais que compensado por um elevado ganho com o reconhecimento de créditos fiscais.
A Ambev obteve um lucro líquido ajustado atribuído aos acionistas no 4T20 de R$ 6,8 bilhões (R$ 0,26 por ação), 181,7% acima do trimestre anterior e 65,5% maior que no mesmo trimestre de 2019.
O volume consolidado vendido pela Ambev no 4T20 teve um expressivo incremento (7,7% – número reportado) sempre comparando ao 4T19; impulsionado pelo bom desempenho do Brasil (+10,6%) e na América Latina (LAS) de 6,2%. Porém, as vendas caíram na América Central e Caribe (CAC) em 7,4% e no Canadá (1,9%).
O crescimento da receita (19,9%) bem acima do aumento do volume foi motivado pelas elevações de preços de 7,6%) no Brasil, 8,3% no CAC e na LAS (8,5%). Boa parte disso, fora o Brasil, foi dada pela desvalorização do real.
Os custos no 4T20 subiram muito (+22,5% excluindo depreciação e amortização), levando a uma queda de 3 pontos percentuais na margem bruta. Isso ocorreu devido à inflação na Argentina, queda nas taxas de câmbio e aos impactos do mix de embalagens.
Apesar do aumento dos custos de produção das despesas com vendas, gerais e administrativas (+17,6% excluindo depreciação e amortização); o EBITDA aumentou 29,1%, com ganho de 3,4 pp nesta margem. Isto foi consequência da contabilização de créditos tributários no valor de R$ 4,3 bilhões, referentes à inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins.
Os aumentos de custos e despesas levaram a uma redução de 12,9% no fluxo de caixa das atividades operacionais; que ficou em R$ 8,4 bilhões no 4T20.
Ganhos de R$ 1,7 bilhão também relacionados à exclusão do ICMS no cálculo PIS/Confins permitiram que a Ambev apresentasse um resultado financeiro positivo (R$ 1,0 bilhão) no 4T20, versus o número negativo de R$ 1,6 bilhão no 4T19.
A situação financeira da Ambev é excelente e melhorando. Ao final do 4T20, a empresa tinha dívidas totais de R$ 4,8 bilhões, mas um valor de caixa + aplicações financeiras que somava R$ 22,4 bilhões. Com isso, a posição líquida de caixa no 4T20 ficou em R$ 17,1 bilhões. Isso leva a um caixa líquido de R$ 14,0 bilhões, 58,1% acima do mesmo período de 2019.
Em 2021, as ações da Ambev caíram 21,8% e o Ibovespa teve uma desvalorização de 2,8%. A cotação de ABEV3 no pregão de ontem (R$ 14,68) estava 12,8% abaixo da máxima alcançada em doze meses e 46,1% acima da mínima do período.