A Economatica analisou as performances financeiras de mais de 312 empresas, baseando-se nas demonstrações financeiras submetidas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e relativas aos resultados do primeiro trimestre de 2023. Esta análise contemplou apenas empresas cujos dados estavam disponíveis para os primeiros trimestres de 2022 e 2023. Os valores foram examinados de acordo com o padrão contábil estipulado pela CVM, sem a aplicação de quaisquer ajustes extraordinários ou de inflação.

Ao examinar e consolidar o histórico das principais contas de resultado dessas empresas entre o último trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2023, nota-se um crescimento das receitas, do lucro líquido e do EBIT até o 3T22. No entanto, nos dois trimestres subsequentes, houve uma queda considerável na receita e no lucro bruto. Mais evidente ainda foi a retração na última linha de resultados, o lucro líquido, que sofreu uma compressão significativamente maior.

Ao analisar a primeira linha de resultados, a receita operacional liquida consolidada, nota-se um aumento de 4,51% no comparativo do 1T22 x 1T23 em relação à receita trimestral. Considerando-se a receita acumulada nos últimos 12 meses, a variação é ainda maior, alcançando 12,45% no consolidado. Entretanto, embora a receita trimestral consolidada tenha exibido um aumento em ambos os períodos analisados, o EBITDA consolidado mostrou uma tendência inversa, com uma redução de -8,52% no comparativo trimestral e de -4,19% no acumulado dos 12 meses entre o 1T22 x 1T23.

O impacto na última linha de resultados, referente ao lucro líquido, foi ainda mais evidente, com uma redução de -37% no agregado do primeiro trimestre de 2023 em comparação ao mesmo período do ano anterior. O acumulado em doze meses, comparando as mesmas datas, teve uma queda na ordem de -22,85%.

receita - ebitda 1t23

A análise da mediana das margens aponta que a margem bruta das empresas permaneceu constante no comparativo entre o resultado mais recente e o mesmo período do ano passado, mantendo a margem bruta próxima de 32%, tanto no resultado trimestral quanto no acumulado em 12 meses.

No entanto, na margem EBITDA já se pode perceber uma compressão mais expressiva no resultado acumulado em 12 meses, com uma queda aproximada de 1,9 pontos percentuais. Já a margem líquida foi a que mais sofreu compressão. No primeiro trimestre, a mediana das 312 empresas passou de 6,4% para 5,4% no mesmo período de 2023, e no acumulado de 12 meses, a redução foi ainda maior, da ordem de -3,4 pontos percentuais.

mediana margens 1t23 bovespa

É fundamental não apenas avaliar os dados consolidados em grande escala, mas também analisar as métricas setoriais. A Economatica facilita a criação de medidas estatísticas, como média, mediana e desvios padrões dos dados selecionados, possibilitando a comparação entre diferentes setores.

Quando se considera a mediana da margem bruta, o setor de mídia se destaca. Apesar de ter um número reduzido de empresas, o setor apresentou um aumento da margem de 18 pontos percentuais entre os períodos comparados. Em contraste, os setores de mineração e petróleo e gás, que são centrais na bolsa brasileira e detêm grande concentração no Ibovespa, tiveram as piores variações no período, com -16,1 e -14,5 pontos percentuais, respectivamente. Apesar disso, esses setores ainda exibem margens brutas consideráveis em comparação com os demais setores.

Embora a margem bruta do setor de petróleo e gás tenha sofrido compressão, a margem EBITDA aumentou marginalmente na mediana, passando de 24,1% em 2022 para 30,1% em 2023, um ganho de 6,1 pontos percentuais. O cenário foi diferente para o setor de mineração, que se destacou com a maior compressão na margem EBITDA, com uma queda de 28,3 pontos percentuais.

Ao considerar a margem líquida, o setor de viagens e lazer, embora com menos empresas na amostra, apresentou a melhor variação, de 12,3 pontos percentuais. Já a pior performance ocorreu no setor de gás, com uma queda de -29,5 pontos percentuais.

mediana setorial 1t23 bovespa

Na análise individual do lucro líquido das empresas destaca a Petrobras (PETR4), que superou todas as demais empresas da amostra com um lucro líquido de 38 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2023. Embora expressivo, este valor é 14% menor que o observado no mesmo período de 2022, quando a empresa obteve um lucro líquido de 44,5 bilhões. Em segundo lugar, está outra gigante brasileira, a Vale (VALE3), com um lucro de 9,5 bilhões, uma redução de -59% em relação ao mesmo período de 2022. A Suzano AS (SUZB3) segue com um lucro de 5,2 bilhões, representando uma queda de 49% comparada ao primeiro trimestre do ano anterior.

Dentre as empresas consideradas no estudo, a ALSO3 foi a que teve a maior variação relativa em seu lucro líquido trimestral, comparado ao mesmo período do ano anterior. A empresa registrou um aumento de 5200% em seu lucro líquido, alcançando 2,9 bilhões, comparado aos 55,9 milhões registrados no 1T22.

É claro, nem todas as empresas vivem somente de lucro. Os resultados do primeiro trimestre de 2023 também apresentaram números desfavoráveis para algumas companhias. Das 312 empresas abordadas neste estudo, 97 delas, representando cerca de 31%, reportaram prejuízos no período. O setor de frigoríficos foi o mais impactado, JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3) tiveram os maiores prejuízos da amostra com mais de um bilhão de prejuízo para cada empresa.

Na janela de doze meses, o maior prejuízo reportado foi da Light S/A (LIGT3), que amargou 5,4 bilhões de prejuízo, o pior resultado da história da empresa. As companhias aéreas Azul (AZUL4) e GOL (GOLL4) seguiram com prejuízos superiores a 4 bilhões de reais no acumulado de 12 meses.

A informação é um recurso crucial na gestão de riscos e na identificação de oportunidades. É imprescindível ter à disposição ferramentas que auxiliem na compreensão do cenário econômico, permitindo traçar estratégias eficientes. A Economatica fornece uma visão consolidada, setorial e individual dos dados, baseada nas informações publicadas por todas as empresas nas fontes primárias e oficiais. Isso permite aos analistas uma consolidação de dados eficaz para aprofundar as análises dos setores e empresas, possibilitando tomadas de decisão mais rápidas, precisas e fundamentadas.

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