Contexto: Banco tradicional, resiliente e estável no segmento Corporate, mas que, desde 2019, iniciou um processo de transformação tecnológica e de modelo de negócios mais intenso, recriando o segmento de atuação do Middle, contratando pessoas e automatizando e adaptando a esteira de crédito. Em um primeiro momento, foi natural ver um aumento consecutivo das despesas antes de maiores entregas de bottom-line. Contudo, 2024 e os anos seguintes deveriam ser períodos em que colhemos os frutos dos investimentos e despesas realizadas até então.
Até o momento, ainda não foi possível observar o novo patamar de resultados do ABC na linha de lucro líquido, embora seja possível notar evoluções na linha de serviços e um crescimento oscilante no Middle. Esses resultados devem ser capturados à medida que o banco se sinta confortável para continuar a expansão da carteira Middle e, dessa forma, alcance melhores spreads e maiores níveis de eficiência em relação aos atuais.

ROE e Lucro Líquido:
O Banco ABC Brasil reportou um lucro líquido de R$ 243,1 milhões no trimestre, o que representa uma queda de 4,7% em relação ao 3T24 e um crescimento modesto de 5,0% na comparação anual. O ROE do trimestre ficou em 15,2%, abaixo dos 16,2% do 3T24 e dos 16,0% registrados no 4T23, encerrando o ano com um ROE consolidado de 15,7%. O resultado foi pressionado principalmente por uma menor margem financeira com clientes e por um pequeno acréscimo nas provisões. Por outro lado, houve um bom desempenho das linhas de serviços, que ajudaram a mitigar esses vetores.

CRÉDITO:
Carteira: Sob a ótica da Carteira “Caixa”, que soma empréstimos e títulos privados, o total foi de R$ 39,7 bilhões (+5,6% QoQ, +13,1% YoY). Dentro desse total, o segmento C&IB representa R$ 8,6 bilhões, com o maior crescimento (+4,9% QoQ, +27,4% YoY), seguido por Middle, que representa R$ 4,7 bilhões (+3,6% QoQ, +11,5% YoY). Por fim, a carteira Corporate, de R$ 26,3 bilhões, cresceu abaixo de 10% na ótica anual (+6,2% QoQ, +9,4% YoY).
A carteira de garantias, após um longo período, voltou a crescer de forma relevante. O volume totalizou R$ 13,5 bilhões (+8,4% QoQ, +19,3% YoY), sendo C&IB responsável por R$ 7,8 bilhões (+1,7% QoQ, -1,7% YoY) e Corporate por R$ 5,7 bilhões (+19,1% QoQ, +68,0% YoY).
A carteira expandida, que é a soma da carteira caixa + garantias teve crescimento de 6,3% vs. 3T24 e 14,6% vs. 4T23. Aparentemente, esse crescimento foi influenciado pela alta do câmbio no final do ano, podemos observar também esse fator para os demais peers.
O crescimento da carteira expandida ficou próximo do topo do guidance de 2024 (15%).

Margem com Clientes: A margem financeira com clientes caiu 2% no trimestre e avançou apenas 4,8% no ano, refletindo um menor spread em grandes empresas. O business do ABC é majoritariamente voltado para crédito no ambiente de grandes empresas, tornando as oscilações nesse mercado mais evidentes em comparação com outros bancos incumbentes (mais diversificados). Assim, a dinâmica de spreads mais apertados em grandes empresas no mercado de capitais, amplamente notíciada, foi traduzida diretamente no desempenho do ABC.
O banco aposta no crescimento do segmento Middle para amenizar esse cenário, mas essa carteira ainda representa apenas 12% da carteira caixa. Como reflexo, a NIM sofreu uma contração de 17 bps no trimestre e de 27 bps na comparação anual​ (4,2% no 4T24).

Inadimplência: Após um caso específico que resultou em uma limpeza de base relevante no 3T24, a inadimplência voltou a níveis mais controlados, registrando 1,1% no 4T24 (90d+), contra 1,2% no 3T24 e 2,6% no 4T23.
No 4T24, houve outra limpeza de base, desta vez no segmento Middle (baixa de 1,2% da carteira), impactando menos a carteira total.
Essa ação levou a inadimplência ao patamar considerado normalizado de ~3%, contra 4~5% que rodava há alguns trimestres.

PDD: O nível de PDD teve um leve aumento, alcançando 0,7% da carteira expandida contra 0,6% no 3T24 e 0,5% no 4T23.
A expectativa da companhia é que esse nível permaneça próximo ao longo de 2025.

Serviços: As receitas de serviços cresceram +13,0% no trimestre e +22,7% YoY, impulsionadas pelo Investment Banking, que apresentou um forte desempenho de +29,5% no trimestre e +71% YoY. Esse crescimento reflete o mercado aquecido de DCM, compensando spreads menores de crédito com mais receitas de fees.
A segunda linha que mais cresceu foi receita com garantias, com +10,5% no trimestre e +12,3% YoY, ligeiramente abaixo do crescimento da carteira de garantias.
Já a linha de corretagens e tarifas, após vários trimestres de bom desempenho, apresentou retração de -11,5% no trimestre e -20,5% YoY. Apesar desse número mais fraco, ainda há um crescimento acumulado de +16,2% em 12 meses.

Despesas (Pessoal, Adm e PLR): R$ 277mm no 4T24 (+ 2,2% vs 3T24 e +11,8% vs 4T23). Na comparação anual, observamos um crescimento de 7,8%, o que ficou mais próximo da banda inferior do guidance ( 7~12% para 2024).  Para 2025 é esperado um crescimento marginalmente menor, entre 6~11%.

Índice de Eficiência: 37,7% no tri e 37,9% no ano, o que corresponde ao topo do guidance de 38%. Tanto na comparação trimestral quanto anual notamos um nível de eficiência sem grandes evoluções. O ABC fez diversos investimentos ao longo dos últimos anos em tecnologia e no desenvolvimento do segmento Middle e estruturas relacionadas, o que pressionou as despesas e o índice de eficiência. Era esperado para 2024 uma evolução maior deste indicador. Em 2025 a companhia repetiu o guidance de 2024, com um intervalo entre 36% a 38%, ou seja, sem grandes evoluções previstas.

Basiléia: O banco encerrou o período com um índice de capital principal de 11,3%, uma redução de 30 bps em relação ao 3T24​. O índice de Basileia foi reforçado pelo capital complementar e atingiu 16,5%, mantendo-se sólido​. A implementação da Resolução 4.966 não trouxe impactos materiais para o banco, com um efeito estimado de apenas 0,1% na redução do patrimônio líquido​. Aparentemente o banco já tinha práticas similares a que a resolução impõe.

Dividendos & Preço: O yield declarado anualizado do trimestre foi de 9,2%​. No consolidado de 2024, o dividend yield declarado ficou em 7,7%, um pequeno recuo ante os 8,1% registrados em 2023. Dada a projeção de um ROE estabilizado na faixa de 15% a 16% e um crescimento moderado das despesas, o ABC Brasil deve seguir remunerando bem seus acionistas.
A continuidade de um dividend yield superior a 7% evidencia o banco como uma opção interessante para investidores que buscam retorno via dividendos, especialmente considerando sua atual precificação de 0,77x P/BV, um patamar atrativo frente ao histórico​ recente.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal SmallCaps

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