Os resultados do 2T20 da empresa, divulgados nesta manhã, mostraram quedas no volume de vendas, na receita e nas margens operacionais na comparação com o 2T20. Este resultado mais fraco foi reflexo das medidas de combate à pandemia e da alta de custos. Vale citar que o lucro do trimestre foi muito beneficiado pelo valor positivo na provisão do Imposto de Renda, derivado da concessão de juros sobre o capital próprio.

Este resultado ficou em linha com as projeções médias do mercado compiladas pela Bloomberg.

O lucro líquido ajustado da Ambev no 2T20 foi de R$ 1,4 bilhão (R$ 0,08 por ação), 49,4% menor que no 2T19, mas 25,7% acima do trimestre anterior.

No 2T20, o volume total vendido pela Ambev caiu 9,2%, sempre comparando ao 2T19, com redução de 1,0% no preço médio dos produtos vendidos. No Brasil, houve uma contração no volume de 4,4% com a diminuição de preços em 2,5%, que determinou uma queda de 6,7% na receita. Em outras regiões também houve redução de receitas, como na América Central e Caribe de 33,9%, na América Latina Sul de 8,7% e no Canadá (3,9%).

Outra notícia ruim no trimestre foi a elevação dos custos. O Custo do Produto Vendido (excluindo depreciação) aumentou 9,9% e o CPV por hectolitro teve alta de 21,9%. Isto foi reflexo das pressões inflacionárias na Argentina, taxas de câmbio desfavoráveis e o impacto do mix de embalagens mais caras.

Contribuiu para minimizar a redução de margens no trimestre, a redução das despesas operacionais. O volume de despesas gerais, com vendas e administrativas caiu 7,5%. A redução foi consequência das ações para corte destas despesas nas operações.

A diminuição da receita e o aumento dos custos, mesmo com despesas operacionais menores, levaram a uma queda de 28,6% no EBITDA ajustado, que ficou em R$ 3,3 bilhões no trimestre. Houve uma perda de 9,8 pontos percentuais nesta margem em relação ao 2T19. Com isso, o fluxo de caixa operacional teve uma redução de 41,0%, atingindo R$ 1,8 bilhão.

O aumento do resultado financeiro negativo também prejudicou o lucro do 2T20. As despesas financeiras líquidas foram de R$ 793,7 milhões, valor 39,9% maior que no 2T19. Isso ocorreu devido, principalmente, à elevação das despesas com juros e as perdas com instrumentos nãoderivativos.

A Ambev continua a manter sua excelente situação financeira. Ao final do 2T20, o caixa líquido era de R$ 10,0 bilhões, valor 13,1% maior que em dezembro/2019.

Ajudou muito ao resultado final da Ambev no 2T20, a provisão do Imposto de Renda com valores positivos (R$ 163 milhões), contra um número negativo de R$ 364 milhões no 2T19. Isso foi consequência, principalmente, dos benefícios tributários derivados da concessão de juros sobre o capital próprio (R$ 534 milhões).

As ações da Ambev caíram 24,2% nos últimos doze meses, mas o Ibovespa teve uma valorização de 2,1% no período. A cotação de ABEV3 no pregão de ontem (R$ 15,15) estava 22,6% abaixo da máxima alcançada em 2020 e 46,2% acima da mínima.

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