Caro Investidor!

Não tem nada neste país que performe melhor no que diz respeito a investimentos do que a rainha Renda Fixa. Se antes da volta do aumento da Selic e da inflação ela ocupava o primeiro lugar na preferência, imaginemos agora. A taxa de juros a 13,25% ao ano dá margem para a empolgação nesta modalidade. Agora que Donald Trump voltou à Casa Branca, pode-se fazer uma comparação entre os Treasuries e o Tesouro Direto.

E pobre da Renda Variável, que viveu 2024 na “secura” de IPOs e nove operações de follow-ons (oferta subsequente de ações, depois de a empresa já ter aberto o capital na bolsa), segundo a Anbima. A ausência de IPOs na bolsa é atribuída ao cenário macroeconômico hostil, com juros mais altos, na visão do presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, Guilherme Maranhão. Ele vislumbra uma dinâmica parecida para 2025. “O macro ainda não tem colaborado para esse tipo de emissão”, justifica.  Quanto aos follow-ons de 2024, as emissões totalizaram R$ 25 bilhões, uma queda de 20% em relação a 2023. 

Nova Era Trump

Para Raul Sena, educador financeiro e CEO da AUVP Capital Consultoria de Investimentos, com  a volta de Donald Trump à presidência, é preciso olhar além do barulho. Políticas como cortes de impostos e estímulos econômicos podem até gerar inflação no curto prazo, mas o mercado já precificou boa parte desse cenário. “É possível que vejamos taxas mais altas no início do mandato, mas o efeito de longo prazo pode ser um ajuste para baixo, já que o impacto inflacionário dessas medidas costuma ser menor do que o alarde. O típico “sobe no boato, cai no fato” é bem provável que aconteça de novo.”

Sena considera a Renda Fixa pública americana um bom investimento atualmente, pois os Treasuries são sempre uma boa opção, especialmente como proteção cambial. Com o yield do título de 10 anos em patamares pré-crise de 2007 e a possibilidade de valorização do dólar, eles se tornam ainda mais atrativos. “Mas é importante contextualizar: no Brasil, temos um juro real muito mais alto. Para quem busca diversificação e segurança, os Treasuries são uma peça importante, mas não a única. Além disso, bonds corporativos americanos podem ser uma alternativa interessante, com prêmios que compensam o risco adicional”, explica o especialista.

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Ele alerta que para investir a regra é simples: “nunca coloque tudo em um único vencimento. Para prazos curtos, títulos de vencimento menor são mais previsíveis e seguros. Já os prazos longos podem ser interessantes se a estratégia for carregar até o vencimento e aproveitar possíveis quedas futuras nas taxas. É questão de equilibrar os objetivos com o nível de risco que você está disposto a correr.”

Treasuries x Tesouro prefixado

De acordo com Sena, os Treasuries oferecem segurança quase absoluta e podem ser beneficiados pela valorização do dólar, como em 2024, quando o real perdeu 27% frente à moeda americana. Já o Tesouro Prefixado paga 15%, mas carrega riscos maiores, como volatilidade fiscal e econômica no Brasil. Comparar as taxas sem olhar o risco e a moeda é como escolher um carro só pela velocidade máxima, sem pensar em segurança ou consumo de combustível.

“Diversificação é a palavra-chave. Treasuries oferecem proteção cambial e segurança, enquanto a renda fixa brasileira traz um juro real muito alto, difícil de ignorar. Não é questão de escolher entre um ou outro, mas de entender como cada um complementa sua carteira. Alocar nos dois mercados é uma estratégia inteligente para reduzir riscos específicos e maximizar o retorno real”, esclarece  Sena.

2024: o ano das debêntures e dos FIDCs

Segundo a Anbima, a captação total no mercado de capitais em 2024 foi de R$ 783,4 bilhões, um número 66% maior do que em 2023, quando as turbulências no crédito privado (notadamente, os casos Americanas e Light) repeliram um pouco os investidores.  A Renda Fixa concentrou a maior parte dessa grana, com captação de R$ 709 bilhões. De modo geral, essa bonança atingiu a maior parte dos ativos dentro da classe. Com exceção do CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e do Fiagro, todos tiveram aumento da captação em 2024.

Dois investimentos despontaram em relação aos pares: as debêntures, que receberam o dobro de aportes em comparação com o ano anterior, e o FIDCs, que cresceram 86,1%. 

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“Enquanto as debêntures são o instrumento mais conhecido e mais usado pelas companhias maiores, os FIDCs funcionam como uma porta de entrada, para as pequenas empresas debutarem no mercado de capitais, explica Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima.