O número de registros de inadimplentes subiu 5,1% entre os meses de fevereiro e março na análise dos dados dessazonalizados, de acordo com dados da Boa Vista, que abrangem todo território nacional. Novamente, a ideia de que a queda observada no primeiro mês do ano, de 0,7%, fora pontual, ganha ainda mais corpo. Lembrando que o indicador já vinha de alta de 1,4% em fevereiro na mesma base de comparação. No 1º trimestre de 2022 foi verificado um aumento no número de registros de 9,2% em comparação ao mesmo período do ano passado e de 6,7% em comparação ao 4º trimestre de 2021.
Por outro lado, o indicador recuou 4,5% na comparação interanual e a alta no resultado acumulado em 12 meses desacelerou; levemente, de 4,7% para 4,6% entre os meses de fevereiro e março. Essa desaceleração, contudo, tende a ser pontual, como fora a queda mensal em janeiro citada anteriormente; e a curva de longo prazo deve retomar o ritmo de aceleração nos próximos meses como sugerem os resultados mensais e trimestrais.
A avaliação, até aqui, continua sendo a mesma de antes, de aceleração mais nítida na curva ao longo do primeiro semestre e um pouco mais tímida a partir do segundo. Pesa sobre a capacidade dos consumidores de manter as contas em dia a combinação de inflação e juros elevados; a expectativa de que este quadro pode perdurar por mais tempo e as baixas projeções de crescimento que podem inibir a contínua recuperação do mercado de trabalho.
Já o Indicador de Recuperação de Crédito avançou 6,4% na comparação mensal e 13,6% na comparação entre os primeiros trimestres de 2022 e 2021. Em relação ao mês de março do ano passado o indicador avançou de forma expressiva, com alta de 11,3%; mas isso não retardou a desaceleração na curva de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses; que passou de 5,1% em fevereiro para 4,3% na leitura de março.
Vale ressaltar que, assim como fora observado nos dois primeiros meses do ano; parte dessa recuperação também se deve ao aumento no fluxo de inadimplentes, que tem sido forte. No entanto, livrar-se das restrições de crédito não elimina o risco de crédito; tanto que a projeção é de elevação na taxa de inadimplência ao longo deste ano.