Pela primeira vez o Conselho de Administração (CA) do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI) é presidido por uma mulher. Renata Oliva Battiferro começa o seu segundo ano de mandato na entidade e concedeu entrevista ao Acionista destacando os principais objetivos do Instituto.
De acordo com Renata, o profissional de Relações com Investidores desempenha um papel estratégico como elo entre a empresa e seus stakeholders, promovendo a transparência em relação aos resultados financeiros, práticas ESG e iniciativas que impactam o mercado e a sociedade.
Neste cenário, o setor de RI é responsável por elaborar relatórios claros, que traduzam as ações da companhia de forma acessível para os diferentes públicos. “Além disso, o profissional de RI facilita o diálogo entre os líderes da empresa e os stakeholders, garantindo que as iniciativas internas estejam alinhadas às expectativas do mercado, dos investidores e das comunidades impactadas. Ele monitora as ações da companhia e trabalha junto às lideranças para adotar práticas consistentes, assegurando que os avanços e compromissos sejam comunicados de forma clara, direta e proativa.”
1. Qual o foco de sua gestão?
É consolidar o papel do IBRI como referência para os profissionais de Relações com Investidores, de forma a capacitar, inovar e ampliar o alcance das práticas de RI no mercado brasileiro. Trabalhamos para fortalecer parcerias estratégicas, incentivar a educação e desenvolvimento dos profissionais da área e valorizar as boas práticas de transparência e Governança Corporativa que os profissionais irão exercer no seu dia a dia.
2. Quais os principais objetivos para 2025?
Em 2025 vamos fortalecer o papel do IBRI como referência no desenvolvimento e apoio aos profissionais de RI. Um dos principais objetivos é preparar os associados para enfrentarem um cenário de constantes mudanças regulatórias e atender às crescentes demandas de relatórios financeiros e não financeiros, especialmente os relacionados a temas ESG.
3. Como será esse trabalho?
Continuaremos promovendo iniciativas robustas de educação, com treinamentos, workshops e cursos, em parceria com entidades como CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). Vamos reforçar o nosso trabalho conjunto com outras instituições renomadas, como APIMEC Brasil (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil), IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), IBEF (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais) e Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), ampliando o acesso ao conhecimento e às melhores práticas de mercado. O networking entre profissionais de RI seguirá criando mais oportunidades para troca de experiências e fortalecimento das relações no setor. Também daremos continuidade ao programa de mentoring, que tem se mostrado um pilar importante no desenvolvimento dos nossos associados. Gratuito para os associados do IBRI, o Programa de Mentoring permite que profissionais experientes compartilhem suas vivências com novos talentos, promovendo um crescimento colaborativo.
4. Sobre o Encontro Internacional deste ano?
Será um marco importante. O Encontro Internacional de RI e Mercado de Capitais ocorre nos dias 23 e 24 de junho de 2025. O evento reunirá profissionais, empresas e fornecedores, oferecendo um ambiente ideal para debates, atualização sobre tendências e oportunidades.
5. Qual o caminho para a formação do profissional de Relações com Investidores atualmente?
O ingresso na área de Relações com Investidores geralmente se dá por uma trajetória que combina formação acadêmica sólida com o desenvolvimento de habilidades técnicas e interpessoais. Profissionais formados em Administração, Economia, Contabilidade ou áreas correlatas possuem uma base consistente para iniciar na profissão. Além disso, experiências prévias em finanças corporativas, mercado de capitais ou auditoria são diferenciais importantes, pois oferecem o conhecimento técnico necessário para a atuação na área. Também, o profissional de RI deve estar atento às questões jurídicas, compreendendo temas relacionados a regulamentações da CVM, Governança Corporativa e aspectos societários, que são fundamentais para sua atuação.
6. O que mais é importante para se tornar um RI?
A formação do profissional de RI vai além do conhecimento técnico. É indispensável o desenvolvimento de competências interpessoais (soft skills), que são essenciais para o sucesso na área. A comunicação assertiva é uma dessas habilidades, pois possibilita a transmissão de informações complexas de maneira clara e eficaz, atendendo às expectativas de investidores e analistas. Outra competência crucial é a capacidade de construir e manter relacionamentos sólidos, já que o profissional de RI desempenha o papel de ponte entre a empresa e seus diversos públicos. Essa habilidade também se reflete internamente, na construção de alianças estratégicas com áreas como finanças, jurídico, sustentabilidade e comunicação, garantindo que as informações divulgadas sejam consistentes e integradas.
7. Como o IBRI participa dessa formação?
Para complementar essa formação, cursos especializados, certificações e iniciativas educacionais são fundamentais, capacitando o profissional para atuar de forma estratégica em um mercado cada vez mais dinâmico e desafiador. Nesse contexto, o IBRI desempenha um papel essencial, promovendo programas de educação continuada e eventos que conectam os profissionais às tendências, inovações e boas práticas do setor, fortalecendo sua atuação no mercado de capitais.
7. E o relacionamento com investidores?
Compreender as expectativas e preocupações de investidores e do mercado acaba sendo fundamental. Isso permite que o profissional de RI forneça insights valiosos aos executivos da empresa, ajudando a priorizar e desenvolver temas estratégicos que poderão reforçar a confiança e a credibilidade junto aos seus stakeholders.
8. Há um crescimento da área de RI nas gestoras. Como o IBRI vê este mercado para seus profissionais?
Este é um movimento muito positivo, pois amplia as oportunidades para os profissionais de RI e reforça a importância estratégica da área. O IBRI enxerga esse crescimento como uma oportunidade de diversificar o mercado, promovendo a atuação em novos segmentos e fortalecendo iniciativas relacionadas a temas ESG, transparência e engajamento com stakeholders. Além disso, reconhecemos a relevância dos profissionais de RI que atuam em gestoras e fundos de investimento e estamos de portas abertas para apoiá-los. Essa integração não só beneficia os profissionais, mas também contribui para o fortalecimento do mercado como um todo, promovendo ainda mais colaboração e inovação na área de RI.
9. O mercado acionário ainda é pequeno no Brasil e a educação financeira ainda é deficiente. Em que o profissional de RI pode avançar no estímulo ao interesse pelo mercado acionário do investidor em geral e dos acionistas sobre as empresas que são sócios?
O profissional de RI pode ser um catalisador de mudança ao investir em uma comunicação clara e acessível, com uma narrativa adequada para os investidores. A transparência nas informações e demonstrações financeiras e o diálogo aberto com investidores são essenciais para fomentar a confiança no mercado e atrair novos stakeholders. Além disso, o profissional de RI deve adotar uma abordagem educativa, ajustando sua comunicação para atender às necessidades de diferentes perfis de investidores, desde aqueles que estão iniciando no mercado até acionistas mais experientes. Essa troca de conhecimento não apenas educa os investidores, mas também fortalece o aprendizado contínuo do próprio RI, que se beneficia da interação com diferentes perspectivas e demandas.
10. Como está a participação de mulheres hoje no exercício da profissão?
A participação de mulheres vem crescendo gradativamente na área de Relações com Investidores, impulsionada por iniciativas de inclusão e equidade de gênero. Nesse contexto, o IBRI tem reforçado seu compromisso com a diversidade, incluindo a reformulação do seu programa IBRI Mulheres, que passará a ter maior atuação e promoção de ações nesse âmbito. O objetivo é fomentar a representatividade feminina por meio de eventos, debates e programas educativos que criem um ambiente mais alinhado às melhores práticas do mercado global.