Se tem uma coisa que me deixa arrasado é perceber que uma pessoa vai desistir de alcançar seus objetivos quando está perto da linha de chegada. O indivíduo que está lutando sua própria batalha pessoal pensa que ainda falta muito, que vai demorar uma eternidade, que jamais conseguirá e, simplesmente, não enxerga que está quase com as mãos no prêmio. Falta aquele 1%.
Em situações bem definidas, em geral, nós seguimos em frente, apesar do cansaço, quando percebemos que alcançamos cerca de 70% a 80% de uma meta. Isso acontece, pois já é possível enxergar o fim. No entanto, na vida, muitas coisas não possuem parâmetros tão claros como uma corrida de moto com 20 voltas ou uma corrida de rua de 10 quilômetros.
Vamos ser honestos? Para desistir não vão faltar motivos e alguns muito bons. Quando você já percorreu boa parte do percurso é inevitável sentir fadiga – emocional e mental. Lutar por um objetivo é desgastante demais, leva à exaustão, causa sobrecarga e gera perda de motivação. Em algum momento você pode pensar que a quantidade de esforço aplicada não vai gerar resultados satisfatórios.
O cansaço diante da incerteza é seu pior inimigo. Todo mundo sabe que o percurso para atingir um objetivo é repleto de obstáculos e inseguranças. Durante a jornada, cada pessoa lida com a pressão para ter êxito e o medo de falhar por meio da automotivação. Acontece que bem no finzinho, no sprint final, a fadiga é capaz de turvar a visão e desencorajar a seguir em frente. Falta muito pouco, mas a vontade de abandonar tudo é implacável.
Falei acima sobre o medo do fracasso (ou do sucesso) e esse também é um adversário perigoso e silencioso. Na reta final, não são poucos os que começam a temer os desafios que as novas responsabilidades tendem a impor. A consequência disso é um bloqueio psicológico que sabota e impede de continuar. A pessoa paralisada pelo medo nunca esteve tão perto, mas sente como se estivesse a milhas de distância.
Neste momento, a confiança começa a falhar. Eu já vi pessoas 99% prontas para assumirem um novo desafio questionarem a própria capacidade de realização. Elas começam a duvidar de si mesmas e desistem mesmo quando já provaram suas habilidades e talentos para o time, para seus chefes, para seus professores. Os únicos indivíduos que não estavam convencidos eram eles próprios.
Nem todo fator que leva à desistência é interno. Em alguns casos, por exemplo, o que motiva à desistência é a falta de apoio ou reconhecimento. Não é fácil seguir lutando por um objetivo sem o suporte da família e dos amigos. Não receber o devido reconhecimento pelo esforço também causa perda de entusiasmo.
Em algumas situações específicas um indivíduo também pode enfrentar uma mudança de prioridades. Um objetivo difícil de ser conquistado leva bastante tempo para ser concretizado. Neste intervalo, não é incomum ver pessoas que, muito perto da realização do sonho, não veem mais sentido naquele propósito.
Quer ver um exemplo bobo? Pense naquele adolescente que está há três anos no curso preparatório para o vestibular de medicina. Ele entrou com 17 anos e agora com 20 anos tem muita chance de entrar na universidade pública. Só que alguma coisa aconteceu nesse período e ele percebeu que gosta mesmo é de veterinária. Pode acontecer.
Desistir perto do fim, afinal, é uma realidade que temos que encarar e, como eu disse, com muitas razões possíveis. Algumas mais nobres do que outras. Entregar os pontos por uma expectativa de gratificação imediata não é aceitável. A maioria dos objetivos significativos na vida da gente exige tempo e esforço constantes. Também não é admissível jogar a toalha por um anseio de perfeição. A empresa não estreou no mercado do jeito que você idealizava? O casamento não será realizado com a pompa imaginada? O diploma não virá com louvor? Esse excesso de autocrítica é uma das faces perversas do medo.
Para finalizar, acho que a grande mensagem que eu quero passar aqui é sobre resiliência. Um ser humano resiliente é aquele que supera seus problemas, que a cada limite ultrapassado consegue aumentar sua capacidade de resistência e equilíbrio perante às adversidades da vida. Tem hora que é preciso muita fibra, mas têm momentos que exigem apenas 1%. Persista.